sábado, setembro 30, 2006

O meu hotel favorito...

... Não está situado no centro comercial ou histórico de nenhuma grande cidade, é certo. Mas não trocava estas fachadas nem pelas do Museu do Louvre!

Talvez sim, talvez não (2)

Em Julho, publiquei aqui um artigo com este mesmo título. Transcrevo-o agora:

Talvez sim, talvez não...

No Público de quinta-feira 20 de Julho, aparece, no suplemento Local—Centro uma notícia (mais uma) a anunciar a abertura do bikepark. A parte que me interessa aqui é a última frase:
Ainda este Verão, a Turistrela disponibilizará outras atracções, como passeios pedestres, canoas e gaivotas nas lagoas, papagaios de manobras e geocaching.
Repito, para dar realce: este anúncio foi feito no dia vinte de Julho.
Bem, o título deste novo artigo é o mesmo mas o seu significado, agora que já chegámos ao Outono, tem uma nuance. Em Julho, eu queria dizer "talvez a Turistrela disponibilize, talvez não"; agora, quero dizer "talvez a Turistrela tenha disponibilizado, talvez não".
Face a este dilema, em Julho diríamos "a ver vamos"; agora dizemos, exagerando o tom irónico, "viste-os a disponibilizar, não viste?"

sexta-feira, setembro 29, 2006

Requalificação está a nascer aqui (?)

Como referi no artigo "Ai ele é ambientalista?!", a Câmara Municipal da Covilhã preparou, há perto de cinco anos, um plano de requalificação urbanística das Penhas da Saúde. Pode ler sobre isto, por exemplo, em dois artigos (este e este) do jornal on-line da UBI, o Urbi@Orbi. Para permitir a análise e discussão públicas do referido programa, que fez a Câmara? Montou nas Penhas da Saúde um mono verde de lata e vidro (o que se mostra na figura), onde ele estaria disponível para consulta pelos interessados.
Por duas vezes tentei consultar o programa, durante a fase de discussão pública. Das duas vezes dei com o mono verde fechado. (Já não me lembro, mas admito que posso ter tentado sempre fora das horas de expediente.)
Mas o ponto deste artigo nem é esse. É que a fase de consulta pública do programa decorreu há mais de quatro (4) anos! E o mono verde de lata e vidro ali ficou, fechado, agora com mais lata ainda a proteger os vidros.
Eu diria que um projecto de melhoramentos que nasce com este incaracterístico e foleiro casinhoto, tarde ou nunca se endireita. É uma forma muito eloquente de explicar os conceitos de requalificação e ordenamento que se irão aplicar nas Penhas. Cá para mim, este mono verde de lata e vidro é, gritantemente, RASCA! A serra e os que a visitam mereciam melhor.
Andem, requalifiquem um bocadinho as Penhas da Saúde: tirem este lixo daqui! (Ou será que a Turistrela/Região de Turismo também o quer transformar num restaurante de luxo, num "observatório panorâmico" ou numa piscina/SPA tipo Caldeia?)

"Pacto con lobos"

No Montanha, o João colocou on-line um programa da TVE2 sobre lobos!
Obrigado, João, por este magnífico documento ;).

quarta-feira, setembro 27, 2006

O Mundo ACP e PCP

Não, não me vou pôr aqui a falar de carros nem de política! Para isso já há entendidos que chegue, a ganharem a vida à custa do que dizem que se deve fazer em vez de fazerem o que deve ser feito. De facto o que me trás aqui é a comparação ACP vs PCP. Antes mesmo de clarificar o que significam estas siglas, posso confirmar que uma nada tem a ver com a outra, como imagino que deveria estar a pensar! Então eu clarifico:

ACP- anterior a Costa Pais

PCP- posterior a Costa Pais

A verdade é que por uma simples expressão matemática se vê que Carlos Pinto = Costa Pais por isso podemos usar ambos indiscriminadamente. Inicialmente estive para utilizar as siglas A.C. e D.C. mas achei que era blasfémia a mais associar o nome de Cristo com qualquer um dos outros dois. Portanto, as siglas ACP e PCP vão ser a base de um pequeno exercício de extrapolação gráfico baseado na estratégia adoptada nos últimos anos para a Serra da Estrela por parte da tríade Região de TurismoSE–Turistrela-CMCovilhã (RTC). Após algoritmos bastante simples acessíveis a todos menos aos participantes da RTC cheguei aos seguintes resultados para a comparação do Mundo anterior com o posterior a CP:

O Mundo ACP I

O Mundo PCP I

O Mundo ACP II

O Mundo PCP II

com base nestes resultados,

ACP + RTC = PCP

O que vos parece? Acham difícil chegar a este resultado? Experimentei diversos algoritmos e programas preditivos mas cheguei sempre ao mesmo resultado!

Manual de reflorestação galego

Produzido pela Oficina de Meio Ambiente da Universidade de Vigo. Disponível aqui.
(Vi no Ondas.)

A propósito, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), de Seia, oferece um Curso de Maneio de Sementes, a 25 e 26 de Novembro.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Já nas bancas!...

... Ou quase. O distinto Prof. Pereira, um estimado leitor d'O Cântaro Zangado, acaba de anunciar a publicação de uma sua obra em que passa em revista a evolução histórica da actividade turística na Serra da Estrela. É uma contribuição notável para o conhecimento das opções que se têm tomado para o desenvolvimento desta região, para melhor ler e interpretar a sua realidade, a fim de melhor continuar a planear o seu futuro. O título diz tudo:
A Bronca da Neve e os Setecentos Estradões
;)

sábado, setembro 23, 2006

Enquadramentos

O 12º Festival internacional CineEco realiza-se de 20-29 de Outubro em Seia e com um prémio global a atribuir de 16 mil Euros!! Não me vou alongar sobre o assunto em particular pois não é essa a minha intenção até porque já foi devidamente anunciado aqui e aqui. Queria antes referir que é um evento com sucesso (realiza-se há mais de 10 anos) e qualidade garantida mas, infelizmente, é raro em Portugal. O municipio de Seia faz um excelente trabalho neste evento estando, neste ponto, a "anos luz" de por exemplo a autarquia da Covilhã. De facto, que melhor sitio para realizar este tipo de projectos que não a Serra da Estrela ou outras serras por esse Portugal. Este conceito, ou esta ideia, como lhe queiram chamar, é o que se considera um projecto devidamente enquadrado na realidade desta região e deveria servir para mostrar como os projectos enquadrados tem futuro e beneficiam a economia local. Este tipo de projectos são por isso sustentáveis (como mostra o numero de festivais já realizados), são transversais na sua profusão social, são pedagógicos e contribuem activamente para a divulgação nacional e internacional (estes sim, têm impacto internacional) da verdadeira essencia da região.

A realização de outros projectos como Casinos, grandes Hoteis, bairros de chalés, centros de recreio, parques de estacionamento, novas estradas em locais de elevada beleza natural não são exemplos de desenvolvimento devidamente enquadrado. Ainda por cima são projectos sem sustentabilidade financeira que em nada contribuem para a melhoria de qualidade de vida das populações locais e acabarão por se tornar nos já conhecidos "mamarrachos" abandonados.

Vamos então convencer-nos, e convence-los, que existem alternativas de desenvolvimento da economia local que se propagam no futuro e que além de tudo não estão dependentes dos turistas das "modas" que apenas aparecem quando há "nevões".

Inspirador!

Uma página na internet que me dá mesmo, mesmo muitas ganas de largar o computador, mandar às urtigas o trabalho e pirar-me para a Serra é o Rocha Podre e Pedra Dura. Claro que, para aproveitar a sério, tenho que arranjar unhas para conseguir arrastar-me penosamente pelas pedras que eles sobem, airosos...
Verdadeiramente inspirador!

sexta-feira, setembro 22, 2006

E o que é que tu e eu podemos fazer?

Um caro amigo enviou-me a foto ao lado e o texto que se segue, sobre o Euromontana, a Quinta Convenção Europeia de Montanha, que teve lugar 14 e 15 de Setembro, em Chaves. É uma resposta eloquente à pergunta que intitula este artigo.

Eles andem aí...!

Bem gostaria de ter participado, noutros moldes, na 5ª Convenção Europeia de Montanha. Assim o tive a oportunidade de o transmitir pessoalmente a Frank Gaskell presidente da EUROMONTANA e ao secretário geral da ADRAT (Associação para o Desenvolvimento Rural do Alto Tâmega). Este último, que obviamente muito incomodado com a minha presença, simpaticamente, fez por várias vezes questão que eu participasse na convenção a custo “0”. Era uma pessoa muito prestável, demasiado prestável, por que seria?! Contudo, conforme lhe transmiti, a minha presença era mais importante fora da convenção do que lá dentro dela onde passaria desapercebido. Esta inusitada presença para a organização serviu para demonstrar o meu/nosso descontentamento pelos atentados ambientais que a SE está a sofrer, e sabia que a minha posição representava a opinião de muitos defensores/as da natureza, e em especial, do ainda pequeno movimento cívico que se está a criar em defesa da SE. Expus um cartaz de fotos e distribui folhetos bilingue em papel reciclado sobre o paradoxo entre o que actualmente se promove nas cidades para melhorar o ambiente e qualidade de vida e os atentados ambientais que se desenrolam na SE (obrigado ao ZAm e TP pela sua colaboração, na revisão e tradução dos folhetos). Tive a oportunidade de falar com alguns representantes de outros países que acharam inconcebível o que se fazia nesta suposta área natural, ao abrigo de quatro estatutos de protecção. Bem gostaria de ter-me manifestado nos dois dias dos trabalhos da convenção, mas por questões de tempo e €, apenas pude estar no dia 14 de manhã (momento de reunião apenas destinados aos representantes dos países integrantes da associação) das 8.30 até às 13.30. Apesar de tudo, tenho a profunda convicção, que incomodei e que despertei, em muitos representantes de outros países e representantes nacionais, que nem tudo são rosas em Portugal, bem antes pelo contrário, é enorme o abismo que existe entre o que se diz e o que se faz na prática. Nem todos andam a dormir. Foi um bom puxão de orelhas que a organização não estava à espera. Para próxima seremos mais… E quero acreditar que os representantes nacionais na convenção, tenham aprendido algo do que deve ser um desenvolvimento sustentável para as regiões de montanha, mas principalmente, saber o que não é Desenvolvimento Sustentável.
Luis Avelar - LA
Cá por mim, como dizia a Mafalda do Quino, uma formiga pode não conseguir parar um combóio, mas pode encher o maquinista de comichão. E acrescento: se em vez de apenas uma, forem muitas....

Será isto o ovo de Colombo?

Vejam o que nos conta o Refúgio da Montanha. Parece que no Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido (Pirinéus, Espanha) tinham, em certas alturas do ano, numa certa estrada, um problema de congestionamentos rodoviários, devidos ao grande número de visitantes. Trata-se de um problema aborrecido, com o qual estamos bem familiarizados, cá na nossa Serra. Os espanhóis, não sei porquê, em vez de passarem anos a falar do assunto, mais anos a exigir fundos para desenvolver não sei o quê, em vez de gastarem milhões de euros a abrir novas estradas para "ordenar o tráfego" automóvel ou a construirem telecabines "com pouco impacto ambiental", "como as do Parque das Nações", o que é que fizeram?
Fecharam a estrada ao trânsito particular nas alturas problemáticas, e substituiram-no por transportes colectivos rodoviários. Autocarros, entenda-se.
Simples, eficaz, barato, e resolve o problema.

Parque de bungalows...

... De quinta categoria, apertado, com índices de ocupação do solo aberrantemente exagerados? Naaa... Moderna e atraente urbanização de montanha cumprindo rigorosos critérios arquitectónicos e ambientais, promovida pela Turistrela e aprovada pela Câmara da Covilhã, parte do esforço de ordenação urbanística com que se está a proceder à requalificação das Penhas da Saúde.

Favela boliviana?

Naaa... Trata-se de um típico bairro das Penhas da Saúde, cujas casas foram construídas (nos anos setenta) sem as necessárias autorizações (talvez entretanto a Câmara da Covilhã tenha regularizado a sua situação legal). Há outros bairros como este nas Penhas. Há perto de cinco anos, algumas destas construções estiveram na iminência de serem demolidas, mas o presidente da Câmara da Covilhã opôs-se, com o sagaz argumento "antes das florinhas estão as pessoas." É, inegavelmente, uma mais-valia, que irá contribuir para fazer das Penhas da saúde uma "área de projecção nacional e internacional, com que Portugal possa concorrer em termos de turismo de montanha com outras da Europa, nas cidades dos maciços mais conhecidos, como os Alpes ou os Pirinéus".
Referi-me a este assunto aqui e aqui.

Poluição visual?

Naaa... Informação turística veículada de forma discreta em suportes apelativos, modernos, sofistificados e de alta qualidade. Só faltam aqueles outdoors a que me referi aqui e aqui.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Jasper National Park

Referi-me ao National Jasper Park no post anterior. Devo dizer que após fazer uma rápida pesquisa na Internet, fiquei a saber mais coisas sobre o parque. Tem uma área 10 vezes maior que a do Parque Natral da Serra da Estrela (PNSE). É um Sítio Herança Mundial da UNESCO (UNESCO World Heritage Site). Há uma estância de esqui no parque. Dê-se uma vista de olhos às actividades oferecidas pelo Parque e às que são oferecidas por empresas comerciais. Veja-se o número e variedade de empresas que actuam no território do Parque. Veja-se o nível de protecção da vida selvagem, e veja-se como a vida selvagem é aproveitada como cartaz turístico.
Enfim, no Canadá (como em tantos, tantos sítios, no estrangeiro mas também já no nosso país) há muitas maneiras de desenvolver o território aproveitando um ambiente natural bem preservado. Por cá temos os projectos visionários da Região de Turismo/Turistrela (casino, urbanizações na montanha, telecabines colocadas em sítios lindíssimos e ainda relativamente intocados, hotéis na Torre) e da Câmara da Covilhã (fazer das Penhas da Saúde um aldeamento de montanha capaz de concorrer com os mais importantes aldeamentos turísticos de montanha da Europa, deixem-me rir!), e temos todas (ou quase todas) as juntas de freguesia a pedir, a reclamar, a exigir uma estrada alcatroada para o maciço central...
Assim vamos lá, vamos...

Pobres canadianos

Acabo de receber o postal que mostro na fotografia, enviado por um amigo que passou uma temporada no Canadá. O postal mostra o Lago Maligne, no Jasper National Park, Alberta.
É estranho (ou talvez não), não se vislumbram estradas, teleféricos, hotéis, bikeparks, bares, discotecas, urbanizações, estâncias de esqui, casinos, "aldeias de montanha", parques de estacionamento, centros comerciais, antenas retransmissoras... Que território tão desordenado e abandonado, à luz dos "princípios" que vigoram cá pela Serra da Estrela...

Irrelevância ou talvez não

Há tempos, falei aqui na irrelevância dos requerimentos que os deputados regionais do PS apresentaram ao governo sobre a Serra da Estrela, um pedindo cobertura total de rede de telemóveis, o outro pedindo melhores condições de segurança. Esta semana, o jornal "Notícias da Covilhã" (o url é http://www.noticiasdacovilha.pt, mas parece-me que não têm actualizado a versão on-line... Desde 10 de Maio!) informa-nos que o segundo destes requerimentos teve resposta! De acordo com palavras de Telma Madaleno (que integrava o grupo dos requerentes), o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações comunicou aos senhores deputados de que "está em curso a instalação de novos `rails´ de protecção nas bermas ao longo de 23 quilómetros de estradas da Serra".
Dois comentários:
  1. um requerimento apresentado em Junho ou Julho tem efeitos no terreno em Setembro?! Ou seja, nestes três meses (um dos quais é o que se sabe...), decidiu-se a intervenção, obtiveram-se todas as autorizações dos serviços do ministério, eventualmente também do Tribunal de Contas, cabimentou-se a verba, fizeram-se as aquisições necessárias e iniciou-se a obra?! Caramba! Ou será que a obra já estava decidida (e iniciada), muito antes de os senhores deputados terem apresentado o seu relevantíssimo requerimento?
  2. queria dar a esta questão do aumento da segurança pela colocação dos rails uma outra perspectiva. Não duvido que esta intervenção aumente a segurança para a circulação de automóveis. Agora, imagine-se a caminhar pela berma que ilustro na fotografia... Acredite, é assustador, é objectivamente perigoso.
Já sabemos que, nas cidades, os automóveis têm especiais direitos de cidadania. Nenhum órgão autárquico ou governamental deliberou oficialmente nesse sentido, mas é um facto inegável, que se verifica no modo como as cidades se organizam e em como se "planeia" o seu crescimento. Em parte, a Serra agrada-me porque nela ainda tenho, como pessoa, alguns previlégios face aos automóveis. Imagino que argumentos como este estejam por trás das motivações que levam as pessoas à Serra (fuga ao stress, busca de sossego, etc.). Com a instalação de rails metálicos, com a abertura de novas estradas, melhoram-se as condições da circulação rodoviária na Serra da Estrela. Deste modo, encoraja-se a circulação rodoviária na Serra da Estrela. Ao mesmo tempo, pioram-se as condições de segurança para os peões. São opções. Mas não nos queiram convencer de que são as únicas opções possíveis.

terça-feira, setembro 19, 2006

Uma notícia muito triste...

... E, ao mesmo tempo, muito esquisita. É esta, pescada na Máfia da Cova, que cita o Jornal Porta da Estrela:
Estrada de São Bento abre novo acesso à Serra
Está praticamente concluída a requalificação da Estrada Nacional (EN) 338, que liga a Portela do Aarão, na zona de Loriga, à Lagoa Comprida, no Maciço Central da Serra da Estrela. Da responsabilidade das Estradas de Portugal (EP), a via deverá estar pronta no final deste mês, estando a colocação do pavimento na fase final. A obra, que teve início no Verão do ano passado, estende-se por cerca de 10 quilómetros, uma inclinação média que ronda os sete por cento e custará 4.512.257 euros. A nova via, também conhecida por “Estrada de São Bento”, permite melhores acessos ao Maciço Central da Serra da Estrela e também uma melhor e mais rápida evacuação em altura de fortes quedas de neve.
É triste porque é mais uma vertente da Serra que fica aberta para o lixo dos piqueniqueiros, para o entulho dos construtores civis, para os electrodomésticos velhos dos bons cidadãos da nossa região. É triste porque é mais uma a apoiar o turismo das voltinhas de automóvel. É triste porque os habitantes de Loriga acham que com esta estrada se vão desenvolver, quando o desenvolvimento que a estrada traz é, quando muito, aquele que se pode apreciar no Sabugueiro. É triste porque já estou a ver o presidente da Câmara da Covilhã a dizer que se Seia tem três estradas (esta, a do Sabugueiro e a de São Romão) para o maciço central, a Covilhã não pode ficar para trás... O mesmo haveremos de ouvir ao presidente da junta de freguesia de Alvoco da Serra (freguesia mais a sul): as freguesias mais próximas de Seia foram favorecidas, não pode ser, também queremos a nossa estrada para a Serra, também queremos o nosso desenvolvimento!
Ao mesmo tempo, esta notícia é esquisita porque refere a "requalificação da estrada nacional (EN) 338, que liga a Portela do Arão à Lagoa Comprida", o que parece indicar que essa estrada nacional já existia, naquele troço. Mas era uma estrada de terra (e foi feita há não mais que quinze anos, que antes disso não passava de um trilho de pé posto)! É esquisita porque a notícia diz que ela vai descongestionar o trânsito, mas toda a gente sabe (como se vê em Lisboa, no Algarve, em Chamonix, em Andorra) que quanto mais estradas há a "facilitar" o trânsito automóvel, mais automóveis há a percorrê-las, maior é a dispersão dos limitados meios das forças da ordem, logo, maiores são os engarrafamentos. E depois, veja bem, caro leitor de Coimbra, do Porto, de Aveiro, de Lisboa, de Viseu: faz alguma ideia de onde fica a Portela do Arão? Eu ajudo: fica entre Loriga e Valezim. Está mais esclarecido? Faz alguma ideia das voltinhas que há-de dar para lá chegar, vindo de Seia? Ou pior ainda, pegando numa possibilidade referida pela notícia, vindo da Covilhã?
Gentes de Loriga, gentes de Valezim, gentes das outras "freguesias do alto do concelho": com esta estrada, ofereceram-vos a possibilidade de transformar as vossas belas terras em local de passagem de turistas rodoviários! Se ela chegar a ser significativamente utilizada, a curto prazo veremos as bordas da estrada começarem a encher-se de lixo e de animais mortos; a médio prazo, aparecerão os montes de entulho dos construtores civis; a longo prazo, veremos as vossas aldeias expandir-se serra acima. A beleza (assombrosa!) da vossa encosta começa agora a morrer. Esta estrada grita, de forma bem audível e entendível: "Turismo nestas aldeias, não! Passagem de turistas por estas aldeias a caminho da neve, sim!"
E viva o progresso! Gaita para isto, que vontade de desistir!

Nota posterior: Um leitor que me parece estar melhor informado do que eu corrigiu-me quando disse que a estrada de terra que agora foi asfaltada só existia há quinze anos. Parece que existia há mais tempo (se bem que não fosse imediatamente perceptível na vizinhança). Parece que, mesmo sendo uma estrada de terra, já era estrada nacional. Agradeço a correcção e peço perdão pelo meu erro. Mais de resto, mantenho tudo o que afirmei.

sexta-feira, setembro 15, 2006

O meu hotel favorito...

... Não tem room-service, é certo. Mas não trocava este tecto nem pelo da Capela Sistina!

Por estas e outras...

...España me mata!

(Vi no Estrago da Nação)

5ª Convenção Europeia de Montanha

Retirado da página da ADRAT: "A Convenção Europeia de Montanha é uma iniciativa da Euromontana, mas ela implica toda a comunidade europeia de montanha e os parceiros envolvidos, incluindo os responsáveis de tomar decisões e autoridades a nível local, regional e nacional, agências de desenvolvimento, organizações agrícolas e meio ambientais, institutos de investigação e associações de montanha, assim como as organizações internacionais e as instituições europeias envolvidas com a montanha."
A Euromontana é uma associação Europeia que pretende representar as áreas de montanha de toda a Europa. O seu objectivo é promover o desenvolvimento sustentável das áreas de montanha através da realização de projectos, conferências e seminários que estimulem a troca de informação e experiências entre os intervenientes das diversas áreas de montanha.

Em colaboração com a ADRAT, a Euromontana promoveu em Chaves a 5ª Convenção Europeia de Montanha.

O edil Carlos Pinto participa hoje nesta conferência, aparentemente em representação da AEM (Associação Europeia dos eleitos de montanha) - esta é gira, gostava de ver qual era a montanha que o elegiria!!Só se fosse a montanha dos "mamarrachos". Esperemos que aprenda alguma coisa de útil do que lá se discutir! Esperemos também que não transmita os seus conceitos de desenvolvimento sustentável ao resto dos participantes!

De qualquer forma esta iniciativa da ADRAT parece-me de realçar, desejando que as entidades locais entendam de uma vez por todas a necessidade de preservar as zonas de Montanha como forma de destacar e valorizar as suas regiões.

quinta-feira, setembro 14, 2006

O "monopólio"

Disse há dias que ia explicar melhor o que acho sobre a concessão exclusiva do turismo e do desporto na Serra da Estrela, atribuída ad eternum (ou quase) à Turistrela. Cá vai.
Eu não gosto do que a Turistrela anda a fazer e a planear para a Serra, com o alto patrocínio da Região de Turismo. Acho que é uma perspectiva foleira, parola, ultrapassada, insustentável, terrível para o ambiente e a paisagem, do que deve ser o turismo numa região natural de montanha.
No entanto, essa perspectiva só se impôs como doutrina dominante aqui na região porque diversos organismos que deviam pugnar pela defesa do valor paisagístico e ambiental da Serra da Estrela o permitem. Que organismos são esses e porque razão deviam ter outra atitude? A Região de Turismo, porque a serra urbanizada, asfaltada, ajardinada, degradada, não atrai ninguém; o Parque Natural da Serra da Estrela, nem vou explicar porquê; as autarquias, pelas mesmas razões que a Região de Turismo e porque os seus gabinetes de arquitectura têm a obrigação de impedir certos atropelos urbanísticos como o que se está a verificar nas Penhas da Saúde; os meios de comunicação social, porque têm a obrigação de informar do "lado obscuro" de cada milhão de euros de investimento que anunciam em parangona. Deixo para o fim a entidade que mais responsabilidades tem no meio disto tudo, que somos nós, a população, como colectivo. Porque, lembremo-nos, vivemos num estado de direito democrático. A qualidade deste sistema depende principalmente da qualidade da participação cívica dos seus cidadãos. Em democracia, o povo é a fonte do poder. Só não é se disso abdicar. A democracia começa a morrer aí.
Voltemos ao assunto. Porque é que não sou entusiasticamente a favor da interrupção da concessão da Turistrela? Porque, não se mudando mais nada, as entidades que acabei de enumerar poderão ser tão complacentes com os atropelos ambientais quando houver muitas empresas a actuar como são agora que só há uma. Se isso acontecer, será pior a emenda que o soneto.
Em resumo, acho que o pior na serra não é que uma empresa detenha o monopólio do turismo, o pior é que as autoridades dão a essa empresa carta branca para fazer o que entende, e ainda ajudam quando são precisos uns apoios públicos. Enquanto for esta a realidade, acho que a questão do monopólio é uma questão menor.

Do que eu gostava, mesmo, era de ver isto a mudar de rumo, com monopólio ou sem monopólio. Ah, que bom que havia de ser aplaudir a Turistrela por patrocionar esforços de florestação, por dispôr de guias (incluindo biólogos conhecedores dos valores naturais da Serra) para passeios de interpretação, por oferecer actividades de escalada, montanhismo, BTT, canoagem, esqui de randonée, por organizar roteiros para passeios a pé de longa duração, etc, etc, etc... Vocês sabem, como se faz nas outras montanhas da Europa... Que bom que seria poder felicitar a Região de Turismo por apoiar o turismo ambiental e desportivo ou, por exemplo, por se esforçar para fazer reviver a rota das Aldeias Históricas... Ou ver as câmaras a fazer o que lhes compete em termos da autorização de certos projectos de obras... Ou notar o PNSE tão vivinho da silva, tão activo como quando foi criado!
Bastava uma migalha do que acabei de referir para calar o Cântaro Zangado... Bastava um vestígio de uma sombra de um indício, subtil e fugaz que fosse, de que alguém se rala com o ambiente e a paisagem da Serra, de que alguém faz alguma coisa para os ver protegidos...

quarta-feira, setembro 13, 2006

Poluição ambientalista

Recebi uma mensagem do autor do Por baixo dos bigodes do vaz preto denunciando uma iniciativa curiosa da associação Outrem de Castelo Branco. Ao que parece (veja aqui), conseguiram apoios europeus para um projecto que inclui (entre outras acções mais razoáveis) o lançamento de centenas de garrafas contendo mensagens ambientalistas aos rios mais importantes da região, a saber, o Tejo, o Zêzere, o Ocreza e o Ponsul.
É claro que já lhes enviei um email (o endereço é outrem@rvj.pt) a pedir-lhes que tenham juízo.
Isto faz-me lembrar os que se afirmam contra a abertura, "em geral" de mais estradas na Serra, mas que apoiam todos os projectos concretos de asfaltação; os que se dizem amigos do ambiente mas que nos querem convencer que os projectos em curso não o prejudicam; os que dizem amar as sublimes paisagens de montanha mas defendem os projectos construção de grandes urbanizações, hotéis ou mais estradas nessas mesmas paisagens... Entre o que se defende "em geral" e o que se faz em concreto, vai sempre uma graaande diferença, não é? E ainda bem, senão era uma maçada, ter que se agir de acordo com aquilo em que se acredita, ou melhor, com aquilo em que se diz que se acredita...

PS: Quero dar o benefício da dúvida aos elementos da associação Outrem. Imagino que sejam bem intencionados, mas que não tenham pensado bem nas consequências da acção que planearam. Apesar de me ter lembrado, a propósito desta acção, de outros discursos e de outros planos, não quero equiparar os elementos da Outrem e os representantes das forças vivaças que mandam na Serra da Estrela.

terça-feira, setembro 12, 2006

Hoje é um dia dos meus!

Acabo de ler no Um par de botas que hoje, terça feira dia 12 de Setembro, é o dia europeu do pedestrianismo!
Não sei porquê, suspeito que não é o dia de Jorge Patrão (presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela), nem o de Artur Costa Pais (administrador e proprietário da Turistrela, concessionária exclusiva do turismo e do desporto na Sera da Estrela), nem o de nenhum dos autarcas da nossa região... Não é, posso garantir, um dia especialmente relacionado com o turismo na Serra da Estrela, pelo menos nos termos em que ele se está a "desenvolver".

Façamos um exame intercalar

Recentemente, algumas vozes se levantaram para pedir o fim da concessão exclusiva do turismo e do desporto na Serra da Estrela, atribuído à Turistrela. Devo dizer que não sei se foram muitas, essas vozes. Pode ler sobre este assunto, por exemplo aqui. Eu não sei ao certo que posição tomar nesta questão do monopólio, por razões que já expliquei antes (veja aqui) mas que ainda hei-de explicar melhor. Acho interessante é a posição de Jorge Patrão, o presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE). Sobre a possibilidade de se terminar a concessão exclusiva da Turistrela, diz este responsável
"Quando tudo esteve gangrenado, podre, fechado, abandonado não me lembro dessa matéria ser discutida. E agora que já se deram provas de alguns vultuosos investimentos não é altura para discutirmos essa matéria da concessão porque ela ainda vai durar 20 ou 30 anos.”
Deixe-me comentar.
  • Jorge Patrão acha que houve uma altura em que "tudo esteve gangrenado, podre, fechado, abandonado". Penso que ele se está a referir à estalagem da Varanda dos Carqueijais, que, de facto, esteve fechada (talvez também o hotel das Penhas, não me lembro). Mais de resto, a Serra nunca esteve podre (se bem que há quem esteja a trabalhar para isso), nem fechada (mas começa a estar, veja-se a cerca de arame que colocaram à volta da estância de esqui). Abandonada, talvez, num certo sentido, como tudo o resto a mais de 100km do mar, neste nosso estranho país.
  • Depois, afirma que não se deve agora interromper a concessão exclusiva porque "se deram provas de alguns vultuosos investimentos". Esses investimentos produziram (entre outras maravilhas) o que se mostra nas fotografias que ilustram este artigo. Quanto a mim, não são investimentos, são autênticos atentados à atractividade da Serra da Estrela, pelo que fazem à paisagem, pelo que representam em termos de oferta turística num espaço vocacionado para o turismo de natureza e ainda pelos danos ambientais que causam (vamos ver os esgotos de algumas destas construções?). O que se anuncia para o futuro é ainda mais do mesmo.
  • Por fim: Jorge Patrão acha que não se pode agora discutir este assunto porque a concessão "ainda vai durar 20 ou 30 anos". Percebeu? Eu não. Ainda se esta maldição estivesse para durar apenas um ou dois anos... Aí sim, poderíamos dar-nos ao luxo de esperar.

Um novo amigo!

Que aparece em duas fases, dois registos: Estrela no seu melhor e Maravilhas da Estrela.
Todos não seremos demais. Venham mais cinco!

Irra! Mais outro!!!

A Serra da Estrela está cada vez mais "requalificada" e "desenvolvida", não haja dúvidas. Deve ser o "Turismo em Movimento"! Um novo estradão foi aberto, a buldozer, desde o "bairrinho" que está ilustrado no artigo anterior até aos Poios Brancos e daí para baixo, em direcção à Vila do Carvalho. Não garanto que atinja esta povoação, porque não tive tempo para o percorrer até ao fim. Não sei ao certo quando é que isto foi feito, mas garanto que em Setembro de 2004 ainda não se via este estradão.
Ao certo, ao certo, para que servem estes caminhos, abertos a buldozer? Quem é que os autoriza? Quem é que os paga? Quem é que os usa?
Quem é que, daqui a alguns anos, defenderá a sua asfaltação?

"Mais Outdoors" - parte II

Não resisti em pegar no post do meu anfitrião "Antes das florinhas estava o quê" e aproveitei para fazer a exposição desta imagem nas Penhas da Saúde!

Pois caro leitor, se não sabe deixe-me dizer-lhe que isto são as tais casas ilegais a que se refere o cartaz informativo da Camara da Covilhã exposto nas Penhas da Saúde. E como facilmente se observa estão instalados ao longo do caminho diversos postes de iluminação pública assim como ligações electricas a estas construções ilegais!! Está-se mesmo a ver que foram os donos, aliás, os responsáveis (pois eles de facto não são donos de nada) por estas casas ilegais a carregar os postes às costas até aqui, não está!!?

Caro presidente da Câmara da Covilhã, e que tal aplicar a coima mínima de 500.000Escudos (e não Euros), ou que o valha, ao Municipio por cada poste de iluminação "ilegal" que ali foi plantado!!?

segunda-feira, setembro 11, 2006

E se...?

Este Verão estive quatro dias na Ilha de S. Miguel, nos Açores. Nota-se em Ponta Delgada o que se nota em qualquer sítio onde a paisagem e o ambiente são o principal cartaz turístico: propaganda a empresas (a muitas empresas) que organizam actividades de ar livre, informação (e sinalização no terreno) de trilhos pedestres, limitações reais e respeitadas a empreendimentos que possam ferir a paisagem.
A páginas tantas, inscrevi-me (com a minha mulher e os dois filhos pequenos) num passeio de barco para observação de golfinhos e baleias. Não vi baleias, mas golfinhos sim, como atesta a fotografia (de facto, não sei se é um golfinho ou um roaz). Na altura, pareceu-me que estaríamos a incomodar estes simpáticos mamíferos, mas um biólogo marinho da empresa organizadora, investigador da Universidade dos Açores, que acompanhava o passeio, assegurou-me que não. Aliás, este biólogo aproveitou a ocasião para zurzir os países que ainda praticam a caça de baleias, coisa que muito desagradou aos fregueses oriundos da Noruega (e eram a maioria).
Não consigo deixar de me colocar esta questão: e se o turismo em S. Miguel estivesse organizado como na Serra da Estrela, com protagonistas do mesmo calibre?
Aqui vão algumas hipóteses:
  • Seria atribuída a uma empresa (chamemos-lhe Turisçores) a concessão exclusiva do turismo e dos desportos. O presidente da região de turismo local actuaria como porta-voz e defensor público dessa empresa.
  • As margens da Lagoa das Sete Cidades estariam cheias de outdoors rascas a anunciar descontos nos hotéis da Turisçores. E de lixo, claro. Os caminhos nas margens da lagoa há muito teriam sido transformados em estradas de asfalto por tal medida ser considerada, pelos responsáveis, absolutamente indispensável para "ordenar os acessos à lagoa".
  • A Câmara Municipal de Lagoa ameaçaria com coimas quem clandestinamente construisse barracas para férias nas margens da Lagoa do Fogo mas bloquearia decisões de demolição dos muitos barracos ilegais pré-existentes. O argumento (?) invocado seria "antes das florinhas vêm as pessoas".
  • Por toda a ilha estariam disponíveis estradas de asfalto, autorizariam-se novos traçados e, quando tal não ocorresse, Juntas de Freguesia ou Concelhos de Administração de Baldios avançariam por sua conta, sem as necessárias autorizações. Ninguém seria chamado às suas responsabilidades.
  • Os retransmissores de telecomunicações do Pico da Barrosa, uma vez terminada a sua vida útil, passariam para a administração da Região de Turismo, que os colocaria nas mãos da Turisçores, para a sua "requalificação" e transformação em "observatórios panorâmicos", hotéis e restaurantes. Especialistas de turismo, autarcas e presidente da Região de Turismo estariam de acordo.
  • A oferta de barcos para observação de cetáceos, de guias para trilhos pedestres ou para escalada seria nula. Aliás, os trilhos não estariam sinalizados, nem seria possível adquirir mapas onde estivessem indicados, por se terem esgotado e ninguém tomar a iniciativa de fazer novas edições. Nenhum responsável se manifestaria incomodado com este assunto.
  • Seria possível (mas caro, muito caro) dar voltinhas de ski aquático na redondeza do porto de Ponta Delgada, sempre com o cheiro dos diesel dos motores dos cargueiros de longo curso no nariz, em águas enegrecidas, poluídas com óleo. Tal tristeza seria sempre apresentada como a coisa mais moderna e espectacular do mundo, a âncora do desenvolvimento do turismo em S. Miguel, fundamental para a região autónoma e até para o país, principalmente pelos responsáveis autárquicos e do turismo.
  • Nem uma ruína seria demolida, por mais horrorosa que fosse. Os responsáveis nunca o permitiriam.
  • A principal aposta para o desenvolvimento do turismo seria no produto praia-sol-mar. Como os Açores não estão, claramente, bem apetrechados para o desenvolvimento desse produto, autarcas e região de turismo defenderiam com unhas e dentes a necessidade de apoios para a importação de areia fina da praia da Figueira da Foz ou para a aquisição de maquinaria para a moagem e descoloração do basalto (necessários para manter as praias de areia branca e fina indispensáveis a este produto turístico), para a instalação de lâmpadas de ultra-violeta gigantes que aumentassem a intensidade deste tipo de radiação nos dias encobertos e, ainda, para a construção de maravilhosos e enormes hotéis em estilo mediterrânico, sempre cuidadosamente integrados na paisagem natural típica dos Açores, obviamente.
  • Afastando-nos agora um pouco para ocidente, na Ilha do Pico estariam-se a ultimar os projectos (já com financiamento público garantido) para a instalação de uma estância de esqui no topo, incluindo hotéis, canhões de neve, estradas, parques de estacionamento e telecabines (com reduzido impacto ambiental, como as do Parque das Nações). Uma conhecida multinacional de telecomunicações patrocionaria este arrojado empreendimento.
Acho que já dei uma panorâmica geral. O que é verdadeiramente incrível é que cá pela Serra da Estrela, coisas semelhantes às que aqui imaginei são apresentadas por pessoas consideradas de bem, com elevados cargos públicos (nas autarquias e no governo, nestes e nos anteriores), em discursos oficiais, como as medidas indispensáveis para o desenvolvimento do turismo na Serra da Estrela! É incrível ou não?

Antes das florinhas estava o quê?

Depois de o presidente da Câmara da Covilhã ter afirmado que "antes das florinhas estão as pessoas", decidiu enfeitar as Penhas da Saúde com cartazes (venham mais outdoors!) como o que mostra a fotografia acima. Bons cidadãos como os que desrespeitaram tudo e todos construindo ilegalmente nas Penhas da Saúde apesar de se arriscarem a ver as suas casinhas demolidas (como aconteceu na Nave de Santo António, e bem!), vão concerteza passar a cumprir a lei, agora que sabem que se arriscam a pagar uma coima.
Enfim, o texto do anúncio parece sugerir essa possibilidade; ao contrário, o historial de quem o redigiu sugere que não, que não há problema... Quer arriscar, amigo?

PS: devo dizer que compreendo que os "proprietários" das casinhas não queiram vê-las demolidas. Admito que talvez não seja essa a melhor solução (mas é a que me parece mais justa e racional, digo-o desde já). Gostava era de ver isto discutido seriamente. É que a "imagem chocante de degradação" do zinco continua. Não só não se resolveu esse problema, como se autorizou e se construiu o incrível bairro dos chalés da Turistrela (cerca de setenta casinhotos de madeira, encalavitados uns em cima dos outros, como num sobrelotado parque de campismo de quarta categoria). E constrói-se agora nas Penhas da Saúde como nas cidades: empresas de construção civil desenham, fazem autorizar e constroem condomínios com vários apartamentos, "bem integrados no tecido urbano e na paisagem". Depois há-de aparecer quem os compre. Materiais, cores, volumetrias, nada têm que ver com a arquitectura típica da Beira Baixa, da Beira Alta ou de lado algum, mas que é lá isso, comparado com a "boa integração no tecido urbano e na paisagem"?
Face a tudo isto, confesso que prefiro, de longe, as barracas de zinco. Mas não é, nem pouco mais ou menos, por achar que "antes das florinhas estão as pessoas"!

domingo, setembro 10, 2006

"Antes das florinhas estão as pessoas"

Já tive ocasião, neste artigo e mais neste, de explicar o que se segue, mas vou voltar à carga. Quanto a mim, a protecção do ambiente não se destina apenas a satisfazer o interesse ou as necessidades da Lagartixa de Montanha, do Lobo ou das "florinhas". A protecção do ambiente é para nós, pessoas. Eu e tantos queremos uma serra onde não estejamos constantemente a chocar com construções, a tropeçar em lixo, a ver a paisagem estragada por postes de teleférico, por parques de estacionamento, por edifícios horríveis.

É por isso muito irritante ouvir argumentos como o que dá o título a este artigo, que foi apresentado por Carlos Pinto, o presidente da Câmara da Covilhã, há cinco ou seis anos (descobri-o só na quinta feira, quando escrevia o artigo "Ai ele é ambientalista?"), para "justificar" a sua oposição à demolição das casas ilegais das Penhas da Saúde.
É que, quando li a frase "antes das florinhas estão as pessoas", entendi outra coisa:

Antes da generalidade das pessoas, da região e de fora, que respeitam a lei e apreciam uma paisagem protegida e um ambiente limpo, estão as pessoas que querem a todo o custo a sua casinha de férias nas Penhas da Saúde, não se importando com a lei, nem com os estatutos de protecção do Parque Natural da Serra da Estrela, nem com os regulamentos camarários para a construção do Concelho da Covilhã.
Interpretei correctamente a frase, ou não?

sexta-feira, setembro 08, 2006

Afinal qual é o 1º?

No passado dia 28 de Agosto encontrei uma noticia sobre o “1º Encontro FreeRide Covilhã” organizado pela Estrela Radical com data marcada para sábado dia 9 de Setembro. Hoje entrei no renovado site da empresa concessionária do turismo na Serra da Estrela e qual não é o meu espanto quando vejo que anunciam o “1º FreeRide Camp by Vodafone BikePark” a realizar nos dias 9/10 de Setembro!!

Afinal qual é o primeiro??

Eu sei que isto dos anglicanismos deu polémica num post anterior a propósito da construção do bike park mas será que num “FreeRide Camp” os biciclistas não se “encontram”? Então um “FreeRide Camp” não é um encontro de “FreeRiders”? Primazias à parte posso informar-vos que o “Encontro” vai ter descidas que se iniciam na Varanda dos Carcajais e Sanatório e terminam perto da Covilhã e as inscrições são grátis, mesmo grátis. O “Camp” vai ter descidas que se iniciam no topo das pistas de ski e terminam 100 metros mais abaixo e as inscrições são grátis, mas não gratuitas. Ou seja, os participantes tem apenas de pagar 20€/dia pelo passe que permite a utilização da telecadeira que os transporta de novo para o inicio da descida. Posto isto, chego à conclusão que num “Encontro FreeRide” as coisas grátis são mesmo grátis, as descidas são maiores e o evento decorre num parque natural enquanto que num “FreeRide Camp” o grátis não é de borla, o ambiente é descontraído e o evento decorre num parque artificial. Mas volto a dizer, o que eu gostava mesmo de saber é qual é o 1º?

Piu, piu, piu? Piu! (*)

(*)Tradução:

Um pequeno desvio

É verdade que este blog é só sobre a Serra da Estrela. E é verdade que me estou nas tintas para o desporto de alta competição. Acho que futebol a sério, a sério, é o que os miúdos jogam no intervalo da escola ou o daqueles grupos de amigos dos sábados de manhã no pavilhão desportivo do bairro. O resto é negócio e, pelo que leio na caixa alta dos jornais, é um negócio muito sujo. Não tenho pachorra para assistir a competições de modalidade nenhuma. Para mim, desporto é para fazer, não para ficar a ver. Como me custa imenso (vá-se lá saber porquê) vestir sempre a mesma camisola, não consegui nunca sentir-me realmente de um dado clube (nem de um dado partido, de uma dada região, nem sequer, a bem dizer, de um país). As modalidades que pratico envolvem apenas competição comigo mesmo, não com outros.
Mesmo assim, quero aqui deixar este comentário ao resultado da North Face Ultra-Trail 2006, uma ultra-maratona em redor do Monte Branco. São 160 km de corrida, com mais de 8000 m de desnível acumulado, na qual participaram 3500 atletas. O vencedor foi o italiano Marco Olmo, que completou a corrida em 21 horas. Tem 58 anos de idade!
Sobre os resultados da corrida, ver aqui.
Moral da história: com a minha idade (41), ainda posso esperar uns anos valentes antes de começar a pensar em considerar a possibilidade de talvez um dia, eventualmente, quem sabe?, arrumar as sapatilhas...

PS: esta história também se podia prestar a outras morais, sobre como se pode aproveitar uma zona de montanha, como se constrói a imagem dos Alpes e o contraste com o que se faz por cá com os SnowFashion e os episódios dos Morangos com Açúcar, sobre a "necessidade" de asfaltar estradas na serra para permitir o "usufruto" dela aos mais idosos (como o sr. Marco Olmo?), etc, etc, etc...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Talvez seja então o Cântaro Raso

Ora vivas, evitando desde já mais especulações digo-vos que é mais provável que me identifiquem como Cântaro Raso dado que, por mais que deixe crescer o “mato” na minha cabeça a minha “altitude” não ultrapassa os 170 cm!!eheh! Mas a verdade é que isso nunca me impediu de chegar a parte nenhuma e de conhecer a nossa bonita Serra da Estrela desde muito miúdo. Calcorreei-a vezes sem conta mas não a conheço de facto. Talvez poucos a conheçam excepto um ou outro pastor. Mas esse é o seu encanto e é por isso que regresso sempre e me espanto sempre! E é por isso que os Cântaros se zangam; por ser alguma gente da própria Serra a não compreender isto e a hipotecar as hipóteses das futuras (e actuais) gerações de desfrutarem com eu desfrutei, ou como tantas gerações antes de nós desfrutaram a Serra na sua essência. É então isto que nos move, preservar a nossa Serra que afinal é de todos.

Eu sou então o autor convidado e passarei a “postar” uns quantos “bitaites” de quando em vez, quando puder ou quando se justificar.

Ai ele é ambientalista?!

Em Agosto, publiquei aqui um artigo, chamado Silly Season, onde mostrava o ridículo das acusações de Jorge Patrão (presidente da Região de Turismo) aos ambientalistas que criticaram a decisão da diminuição da área do Parque Natural da Serra da Estrela. Citei um excerto das suas declarações onde, juntamente com outro disparate, acusava os ambientalistas de não se ralarem com a construção clandestina nas Penhas da Saúde.

Recentemente, foi-me apontada uma notícia interessante sobre este assunto, publicada pelo jornal online da UBI, o Urbi@Orbi. E o que diz a notícia, datada de 2001? (Segue-se uma série de copy&paste; sei que contêm gralhas, mas preferi não as corrigir.)

  1. Requalifação das Penhas da Saúde—Plano vai evitar demolições
  2. Quando, em 1981, Caldeira Cabral começou a trabalhar naquela área o seu parecer tendia para a demolição de várias construções, muitas delas clandestinas.
  3. Um dos factores de maior polémica é a utilização do zinco naquelas construções que segundo Caldeira Cabral constitui uma "imagem chocante de degradação"
  4. Em Outubro do ano passado tinham sido dadas quase como certas as demolições de grande número de habitações clandestinas ali localizadas [ver edição 36].
  5. O cenário actual é outro com Carlos Pinto a afirmar que "antes das florinhas estão as pessoas".
  6. Para permitir uma exploração do potencial turístico da encosta, mas salvaguardando as questões ambientais, a zona residencial vai ser ampliada.

O artigo da edição 36 que é citado acima começa assim:
Algumas construções clandestinas das Penhas da Saúde correm sério risco de demolição. Quem o assegura é Carlos Guerra, presidente do Instituto de Conservação da Natureza (ICN).
Aparentemente, então, há cinco anos esteve iminente a demolição das casas clandestinas. O Instituto da Conservação da Natureza defendia-o e tudo estava encaminhado nesse sentido. O que aconteceu? De acordo com estas notícias, se as construções clandestinas, perdão, podem ter sido entretanto legalizadas, corrijo-me: se as construções que antes eram clandestinas ainda existem nas Penhas da Saúde, se continua a "imagem chocante de degradação" do zinco, isso parece dever-se, em grande medida, à acção de Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã. Porque não se fez o que critérios ambientais (já para não falar dos de respeito pela lei) claramente ditavam, temos agora Jorge Patrão a dizer que a culpa é dos ambientalistas! Mas quais ambientalistas? Carlos Pinto?!

Os Cântaros Zangados

Convidei o meu amigo TPais para co-autor do Cântaro Zangado. Porquê? Bah, no fundo, no fundo, foi porque sim. O caro leitor verá que foi uma decisão acertada e muito bem justificada.
Mais a sério, o TPais tem participado muito activamente no Cântaro, comentando e dando-me dicas. Apesar de morar um pouco mais longe da Serra, passa grandes temporadas por aí a perder-se pelas pedras e está, em parte por isso, muito bem informado.
Bem vindo a bordo, TPais!
PS: Não se aceitam piadinhas sobre qual de nós é o Cântaro Gordo e qual o Cântaro Magro.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Lixo, lixo e mais lixo (II)

A propósito de todas estas iniciativas de recolha de lixo na Serra da Estrela, que comentei há dias, tenho lido os protestos do costume: que alguns turistas sujam tudo, que os portugueses não têm civismo, que é preciso colocar mais caixotes do lixo na Serra. Estou de acordo com todas estas opiniões, até com aquela que mais me entristece, a de que o civismo não é uma característica notável dos portugueses.
Exactamente por isso, acho que não é suficiente, para resolver o problema do lixo na Serra da Estrela, a colocação de mais caixotes do lixo. Com a quantidade (e qualidade) de turistas que temos pela serra *naqueles* fins de semana de neve, é inevitável que teremos sacos de plástico, bocados de trenós, latas de cerveja e tudo o mais espalhado pela Serra, com ou sem caixotes do lixo.
Logo, das três, uma: ou se organiza um serviço de recolha do lixo disperso (e acho que devia ser uma coisa mais organizada, mais frequente, mais sistemática e mais efectiva do que estas iniciativas de trabalho voluntário), ou se proíbe a entrada dos turistas, ou nada, considera-se que o problema não existe e fazem-se planos (pior, concretizam-se) para a construção de hotéis, urbanizações e estradas (que encorajam a vinda de mais turistas, logo, mais lixo), afirmando-se que assim se transforma (por magia?) esta lixeira num destino turístico de "qualidade".
Adivinhe lá agora o leitor: qual das opções está a ser seguida?

Serra do quê?

Serra do Fogo (esta é do Pedro Almeida Vieira, do Estrago da Nação)
Serra do Lixo
Serra do Plástico no Rabo
Serra dos Mil e Um Outdoors Publicitários
Serra Turistrela/Vodafone
Serra da Venda da Fancaria
Serra das Voltinhas dos Tristes
Serra do Asfalto no Cume
Serra Rasca
Serra do Turismo Urbano
Serra da Parolice dos que a Governam
Serra do quê?
Serra do Nosso Descontentamento.

So close and yet so far away...

Em Espanha, a Fundación de los Ferrocarriles Españoles tem andado a reconverter vias férreas desactivadas em percursos para bicicletas e peões. A iniciativa começou em 2002 (penso eu), já reconverteram mais de 1500 km espalhados por todo o território e prometem continuar. São as Vías Verdes.
Isto sim, é uma requalificação!
Muitas destas vias verdes não se limitam a ser percursos sinalizados (coisa que cá em Portugal já não seria nada pouco...), dispõem também de postos de aluguer de bicicletas, cafés/restaurantes, piscinas, e outras estruturas de apoio, que foram construídas aproveitando-se as antigas estações e apeadeiros. Para a divulgação, produziram não só a página web (cujo enlace activei ali em cima), mas várias publicações em papel e um DVD.
Note-se bem, isto não é na Finlândia nem na Inglaterra. É mesmo aqui ao lado.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Planeta Azul

Já li várias referências elogiosas à série "Planeta Azul" da RTP. Como não costumo ver televisão, não a acompanhei. Mas li agora, na Sombra Verde, que um dos programas da série foi sobre a Serra da Estrela. Gostava muito de ver esse programa. Alguém mo pode fazer chegar, ou ensinar-me onde o posso obter? Bem hajam!

E o gajo nunca mais volta de férias?

Acabo de "descobrir" este blog, que recomendo: a sombra verde. Não é bem só sobre a Serra da Estrela, mas também é sobre a Serra da Estrela.

domingo, setembro 03, 2006

Lixo, lixo e mais lixo

Como referi aqui no Cântaro Zangado, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), da Câmara Municipal de Seia, promoveu, no dia 19 de Agosto, uma actividade de recolha de lixo na zona da Torre. Pelo Máfia da Cova, que cita o Diário Digital, fiquei a par de alguns promenores interessantes. De acordo com o biólogo José Conde, do CISE, esta recolha de lixo decorreu entre as 10:30 e as 12:45, estendeu-se a apenas dois hectares, tendo contado com vinte participantes. Foram recolhidos cerca de 1200 kg de detritos, entre os quais "muitos materiais utilizados na construção civil e outros que os visitantes utilizam no Inverno para brincadeiras na neve e que depois abandonam no local".

A Junta de Freguesia das Cortes do Meio e o programa do Voluntariado Jovem para a Floresta do Instituto Português da Juventude realizaram uma iniciativa semelhante na manhã do dia 29 de Agosto, na zona das Penhas da Saúde, como pude ler no blog Cortes do Meio aqui (citando o Jornal do Fundão), aqui (citando o Diário XXI) e aqui (citando também o Diário XXI). O resultado desta iniciativa foi a recolha de perto de duas toneladas de lixo.

Há algum tempo, Artur Costa Pais, administrador e principal proprietário da Turistrela, a empresa que detém a concessão exclusiva do turismo e do desporto na Serra da Estrela, referiu-se (ver aqui) ao problema do lixo na Serra, a propósito de mais uma destas iniciativas (levada a cabo pela Associação dos Produtores Florestais do Paúl em Abril), nos seguites termos:

"Isso [o lixo] é uma preocupação mas não é uma obrigação. Não podemos assumir essa responsabilidade, é uma responsabilidade de todos."
Como notei num artigo aqui do Cântaro, a lógica (?) de Artur Costa Pais parece ser esta: trata-se de uma responsabilidade de todos, logo, não é uma responsabilidade minha. Contraste-se esta atitude com a revelada pela Associação de Produtores Florestais do Paúl, pelo CISE e pela Junta de Freguesia das Cortes do Meio... Na minha opinião, o problema da recolha do lixo na Serra da Estrela é uma responsabilidade especial da Turistrela. Ocorrem-me de repente as seguintes razões, por demais óbvias:
  1. A Turistrela detém a concessão exclusiva do turismo e do desporto na Serra. Não há concessão sem obrigações.
  2. Grande parte da poluição é causada pelos turistas, em particular pelos que vêm à neve. Sendo a Turistrela a concessionária exclusiva do turismo na serra, não podemos senão achar que esses visitantes são os clientes da Turistrela, por pouco dinheiro que deixem nas suas caixas registradoras; além disso, a Turistrela promove com especial empenho o turismo de neve. Parece-me óbvia, por estas razões, a obrigação desta empresa em minimizar os impactos negativos que resultam da sua actividade, num espaço que, note-se, é de todos.
  3. Muito do lixo existente na zona da Torre e das Penhas da Saúde resulta das obras da própria Turistrela (ampliações da estância, manutenção dos teleskis, instalação dos canhões de neve, construção do bairro dos chalés nas Penhas da Saúde, etc). É também responsabilidade equitativa de todos a recolha do lixo produzido pela Turistrela?
  4. A Turistrela deve ser a principal interessada em manter o espaço da Serra atractivo.
Podia continuar com este exercício por muito, muito tempo mas, para quê? Trata-se, apenas, de uma preocupação, não de uma obrigação...

PS: a foto no início deste artigo foi tirada nas pistas de esqui no início de Maio. Ah, a zona da Torre... Quem apenas a viu coberta de neve ou da janela do carro não viu nada ainda!

sábado, setembro 02, 2006

Para meu esclarecimento

A propósito do último artigo, há algo que há muito tempo desperta a minha curiosidade, e gostava de colocar o problema aos pacientes leitores do Cântaro Zangado. Ao certo, ao certo, em quê é que se traduz a concessão exclusiva do turismo e do desporto da Turistrela?
Já li os vários decretos de criação e alteração do estatuto desta empresa e não fiquei esclarecido. Gostava de conhecer histórias concretas. Sei lá, pessoas que tenham criado ou tentado criar empresas de turismo de aventura ou desportivo aqui na região, ou os comerciantes das Penhas da Saúde, Torre e Lagoa Comprida, que relações (ou ralações, eventualmente) é que têm com a concessionária exclusiva? O que significa, concretamente, a concessão exclusiva? Existe só no papel, como diz Artur Costa Pais, ou quê?
Os que quiserem contribuir para o meu esclarecimento podem usar o meu email (ali em cima, no canto superior direito) se preferirem manter o contacto a um nível mais privado. As informações que me fornecerem não serão publicitadas, a menos que me seja dada autorização explícita.

Obrigado a todos!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Luta de "titãs"

Encontrei esta notícia (assim tal e qual, em maiúsculas e com os negritos já no texto) na secção de actualidade da Rádio Cova da Beira (notícia datada de 19 de Julho)
ARTUR COSTA PAIS E LUÍS VEIGA TROCAM FORTES ACUSAÇÕES A PROPÓSITO DA CONCESSÃO DO TURISMO NA SERRA DA ESTRELA. NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE O ADMINISTRADOR DO GRUPO IMB SE MANIFESTA PUBLICAMENTE CONTRA O MODELO DE CONCESSÃO DO TURISMO NO MACIÇO CENTRAL MAS ESTA MANHÃ O ADMINISTRADOR DA TURISTRELA DECIDIU RESPONDER COM FORTE CRITICAS AO EMPRESÁRIO " EXISTE UMA PESSOA QUE TEM UM PROBLEMA DE INVEJA E UM COMPLEXO MUITO GRANDE PORQUE EXISTEM DUAS PESSOAS(EU E O MEU CUNHADO) QUE TÊM FEIRO DA SERRA DA ESTRELA UM PROJECTO COM GRANDE VISIBILIDADE QUE O INCOMODA. SE TEM MUITO DINHEIRO, QUE MOSTRE O QUE VALE E INVISTA NA SERRA, A TURISTRELA ATÉ LHE CEDE TERRENOS GRATUITAMENTE". SEGUNDO ARTUR COSTA PAIS A CONCESSÃO SÓ EXISTE NO PAPEL UMA VEZ QUE A TURISTRELA NUNCA IMPEDIU A CONCRETIZAÇÃO DE OUTROS INVESTIMENTOS NA SERRA DA ESTRELA. EM ENTREVISTA À RCB O ADMINISTRADOR DO IMB RESPONDEU ÀS CRITICAS DE ARTUR COSTA PAIS. LUÍS VEIGA REITERA A IDEIA DE QUE A CONCESSÃO DE TURISMO NO MACIÇO CENTRAL É UM MONOPÓLIO E DEIXA O EXEMPLOS DE PRIVILÉGIOS QUE SÃO EXCLUSIVAMENTE DA EMPRESA CONCESSIONÁRIA " A TURISTRELA RECEBE RENDAS DO CENTRO COMERCIAL DA TORRE, DE ROULLOTES E DE OUTRAS COISAS. HÁ UMA SÉRIE DE BENEFÍCIOS QUE NÃO SÃO ATRIBUÍDOS A OUTRO QUALQUER INVESTIDOR". ENQUANTO SE MANTIVER O ACTUAL MODELO DE CONCESSÃO O GRUPO IMB NÃO IRÁ INVESTIR NO MACIÇO CENTRAL ACRESCENTOU LUÍS VEIGA. PARA O ADMINISTRADOR DO IMB FANTASMAS SÃO OS PROJECTOS QUE A TURISTRELA DEVERIA REALIZAR NO ÂMBITO DO CONTRATO DE CONCESSÃO E QUE ATÉ HOJE NÃO PASSARAM DO PAPEL "VEJO QUE HÁ DA PARTE DA TURISTRELA A PUBLICITAÇÃO DE HOTÉIS DE 4 ESTRELAS QUE NÃO EXISTEM E DE MORADIAS TURÍSTICAS QUE DUVIDO QUE TENHAM ALVARÁ". LUÍS VEIGA LAMENTA AINDA O ESTADO A QUE CHEGOU O CENTRO COMERCIAL DA TORRE "UMA POUCA VERGONHA".
Alguns comentários:
  • Bom! Desta vez, Artur Costa Pais, o administrador da Turistrela, tomou em mãos, pessoalmente, a defesa da sua empresa, em vez de deixar essa tarefa ao presidente da Região de Turismo, Jorge Patrão. Acho que é uma atitude que merece o aplauso de todos.
  • A Turistrela pode ceder terrenos gratuitamente? Significa isso que também os poderia vender? A Turistrela é a proprietária da Serra da Estrela?! Ou será que a expressão "ceder gratuitamente" deve ser tomada apenas como uma figura de estilo? Se assim for, o que é que a sua utilização revela daquele que a usa?
  • É preciso cuidado com o que desejamos para a Serra, porque pode tornar-se realidade! Luís Veiga parece criticar a Turistrela por os seus projectos (hotéis de quatro estrelas, etc.) não serem mais do que fantasmas. Quanto a mim, essa é, exactamente, a principal qualidade desses projectos! É a própria existência de projectos para multiplicar os mamarrachos na serra que deve ser criticada, não o facto de eles ainda não terem sido concretizados! Por estas e outras é que costumo cantarolar:
    "Se uma empresas (destas) estraga muitos montes,
    duas empresas (destas) estragam muitos mais..."
Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!