terça-feira, setembro 12, 2006

Façamos um exame intercalar

Recentemente, algumas vozes se levantaram para pedir o fim da concessão exclusiva do turismo e do desporto na Serra da Estrela, atribuído à Turistrela. Devo dizer que não sei se foram muitas, essas vozes. Pode ler sobre este assunto, por exemplo aqui. Eu não sei ao certo que posição tomar nesta questão do monopólio, por razões que já expliquei antes (veja aqui) mas que ainda hei-de explicar melhor. Acho interessante é a posição de Jorge Patrão, o presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE). Sobre a possibilidade de se terminar a concessão exclusiva da Turistrela, diz este responsável
"Quando tudo esteve gangrenado, podre, fechado, abandonado não me lembro dessa matéria ser discutida. E agora que já se deram provas de alguns vultuosos investimentos não é altura para discutirmos essa matéria da concessão porque ela ainda vai durar 20 ou 30 anos.”
Deixe-me comentar.
  • Jorge Patrão acha que houve uma altura em que "tudo esteve gangrenado, podre, fechado, abandonado". Penso que ele se está a referir à estalagem da Varanda dos Carqueijais, que, de facto, esteve fechada (talvez também o hotel das Penhas, não me lembro). Mais de resto, a Serra nunca esteve podre (se bem que há quem esteja a trabalhar para isso), nem fechada (mas começa a estar, veja-se a cerca de arame que colocaram à volta da estância de esqui). Abandonada, talvez, num certo sentido, como tudo o resto a mais de 100km do mar, neste nosso estranho país.
  • Depois, afirma que não se deve agora interromper a concessão exclusiva porque "se deram provas de alguns vultuosos investimentos". Esses investimentos produziram (entre outras maravilhas) o que se mostra nas fotografias que ilustram este artigo. Quanto a mim, não são investimentos, são autênticos atentados à atractividade da Serra da Estrela, pelo que fazem à paisagem, pelo que representam em termos de oferta turística num espaço vocacionado para o turismo de natureza e ainda pelos danos ambientais que causam (vamos ver os esgotos de algumas destas construções?). O que se anuncia para o futuro é ainda mais do mesmo.
  • Por fim: Jorge Patrão acha que não se pode agora discutir este assunto porque a concessão "ainda vai durar 20 ou 30 anos". Percebeu? Eu não. Ainda se esta maldição estivesse para durar apenas um ou dois anos... Aí sim, poderíamos dar-nos ao luxo de esperar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Afinal porque?

Porque há gente que se julga dono da Estrela!

Porque a Serra não é devolvida definitivamente aos serranos?. porque?

ljma disse...

Caro anónimo, desculpe por não aderir entusiasticamente à lógica que me parece estar por trás da sua pergunta. Não concordo com essa lógica e vou-me explicar. Espero não estar assim a perder "fregueses", por assim dizer. Se o desagradar, paciência, prefiro que se oponham a mim do que concordem comigo por eu não ter explicado o que penso.

Em primeiro lugar, não sei bem o que são os serranos. Quem é que devemos incluir? Os naturais da região? Que concelhos formam a região? Os que moram cá há muitos anos? Há quantos? Os que "amam" a Serra? Quem não "ama" a Serra da Estrela? De facto, não sei se eu ou o caro anónimo estaremos em condições de pertencer à equipe dos "serranos".
Em segundo lugar, não sei se a serra não está nas mãos de serranos (Jorge Patrão e Artur Costa Pais). Não será definitivamente, mas quase (20 ou 30 anos, nas palavras de Jorge Patrão).
Em terceiro lugar, a Serra é de todos, e não tenho razões nenhumas para acreditar que os de cá governariam (se é que não governam) isto melhor que os de fora. A tomar como serranos os nossos autarcas e alguns comerciantes, ficamos com uma triste amostra...

Enfim, paciência, talvez não estejamos de acordo nisto. Mas não temos que concordar em tudo. Quanto a mim, é suficiente concordarmos que isto assim não pode contirnuar.

Obrigado pela sua contribuição, espero que continue a visitar o Cântaro Zangado e a deixar os seus contributos, mesmo se (ou melhor, especialmente se) eu não concordar com eles!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!