Pelo Ondas tomei conhecimento desta notícia, que dá conta das conclusões do estudo Corine Land Cover 2000, realçando que a área construida em Portugal aumentou 42% em 15 anos.
É impossível não colocar este facto em perspectiva com "O ilegítimo negócio do caos," ou seja, nas palavras de Pedro Bingre no Ambio, os imorais (e, em quase todos os outros países, ilegais) enriquecimentos instantâneos que resultam dos processos de loteamento com que se tem alimentado a expansão urbana. A este propósito, vem também à mente o milhão de habitações novas por ocupar, ou os vários estudos que atribuem parte das responsabilidades pelo perigo de extinção de espécies no nosso país à urbanização galopante (veja-se, por exemplo, aquele a que me referi aqui) ou ainda o caos urbanístico em que trasformámos as nossas cidades.
Aparentemente, para algumas pessoas cá da nossa terrinha, parece que esta irracional expansão urbana ainda não chega. Vejam-se os protestos de alguns presidentes de junta de freguesia do concelho da Covilhã a propósito das alterações ao plano director do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) (em Março de 2006); vejam-se os projectos da Turistrela de construir seiscentos apartamentos nas Penhas da Saúde e mais alguns na Varanda dos Carqueijais e em Manteigas; veja-se a expressão "núcleos de recreio" com que Jorge Patrão classifica a Varanda dos Carqueijais, a Porta dos Hermínios, as Penhas da Saúde, os Piornos, a Torre, a Lagoa Comprida, o Vale do Rossim (estou-me a esquecer de algum sítio?), lugares que na sua opinião deveriam ser objecto, no próprio plano director do PNSE, de um regime de protecção ambiental especial (suponho que menos exigente, permitindo a construção de estabelecimentos de hotalaria ou de habitações para férias).
O estudo Corine Land Cover 2000 realça ainda que para este aumento da área construida contribuiu principalmente o litoral, muito especialmente a zona do Algarve (onde chegou aos 55%). Acho que finalmente percebi a expressão de Jorge Patrão sobre os projectos da turistrela, essa em que os classifica como "muito equilibrados", a que me referi aqui e aqui. Compreendo agora que ele se referia ao equilíbrio da algarveação.
8 comentários:
Caro José,
bela imagem essa das Penhas da Saúde, freguesia de Cortes do Meio. É bem visível o desordenamento e regabofe que por lá vai. Estou certo que, num futuro próximo, as coisas ainda vão piorar mais com os investimentos "amigos do ambiente" recentemente anunciados. Infelizmente, a Junta de Freguesia de Cortes do Meio não defende os seus direitos nas Penhas da Saúde; têm uma atitude estranhamente passiva. Será pelo facto de o actual presidente da Junta de Freguesia de Cortes do Meio ser funcionário da RTSE? Em tempos passados a freguesia de Cortes do Meio tinha sempre algo a dizer e era parte activa em todos os processos que se referiam à sua anexa Penhas da Saúde. Grandes lutas se travaram com Vila do Carvalho no que refere a limites territoriais das respectivas freguesias. Foram décadas de processos em tribunais. Para quê? Eu sugeria a desafectação das Penhas da Saúde da área territorial da freguesia de Cortes do Meio e instituia um principado onde Artur Costa Pais ou Jorge Patrão fossem Principes das Penhas da Saúde.
Desde há alguns meses, não custa nada a fotografia aérea. Google Earth ou maps.google.com: o mundo ao alcance de um ou dois cliques!
Sobre as fronteiras das freguesias, dos concelhos, dos distritos e até, em grande medida, dos países, não tenho a mais pequena sombra de uma opinião. É que me estou perfeitamente nas tintas para isso, lamento a eventual decepção. Mas compreendo que esse assunto seja importante para os responsáveis políticos. Por vezes, no entanto, algumas destas guerras entre freguesias ou entre concelhos mais parecem birrinhas de crianças, e distraem os dirigentes de problemas mais relevantes. Parece-me a mim, mas isto de falar de fora vale o que vale...
Processos em tribunal se travaram e ainda se travam!
Mas, será que seiria a Junta de Freguesia da Cortes do Meio, a melhor gestora daquele espaço?
Amontoar pedregulhos perto das piscinas sem licença para tal (terreno particular) e chamar-lhe futuro recinto desportivo, vender licenças a "barracas" das Penhas da Saúde, ...
Esperemos que este novo presidente tenha uma outra visão!
Quanto à visão do novo presidente da Junta de Freguesia de Cortes do Meio, que é o mesmo desde há 5 anos, é extremamente limitada, explico melhor; a sua visão é a visão dos interesses instalados, RTSE e Turistrela. Certamente que a Junta de Freguesia de Cortes do Meio não será a entidade gestora ideal para aquela localidade uma vez que não tem qualquer sensibilidade ambiental.
E a Ribeira das Cortes???? Quem vai tomar banho em água poluída?? Ou regar as terras com os esgotos dos turistas das Penhas??
Na altura da Expo98, fui ao Pavilhão da Água e tinha lá uma espécie de tabela com os diferentes níveis ou tipos de água (dependia dos organismos que lá viviam). E sabem que mais?? PURA!! A Ribeira das Cortes era pura!
Se deixarem ir o bem mais precioso das Cortes que é, sem dúvida, a Ribeira (para o diabo com os mamarrachos!) então meus amigos... bem podem abandonar a aldeia porque ninguém quer viver num sítio lindíssimo com uma ribeira podre e fétida.
Mais! Tenho a teoria que as pessoas não dão muito valor ao sítio onde vivem porque sempre lá estiveram toda a vida. Dou um conselho: saiam da zona durante uns tempos. Uns anos. E vão ver o quanto vos custará voltar e ver as idiotices que fazem. E vão descobrir como é bonita e preciosa a Ribeira e a aldeia das Cortes. Perguntem a todos os que voltam no Verão! Perguntem a todos os que tiveram que sair para a capital e voltam quando podem! Perguntem. E vão ver o que vos dizem...
O Presidente da Junta das Cortes é um idiota! Aproveita o facto de pessoas não estarem em casa para fazer as instalações de cabos e tretas afins nas casas sem perguntar sequer. A minha tem os cabos de telefone e alguns de electrcidade na esquina da casa, na varanda, ao alcançe de uma mão de criança e da cabeça de um adulto! Falou-se para retirar aquilo. Até hoje... Se o azar nos voltar a bater à porta e for ali... a Junta não sobrevive com o processo. Não é ameaça. É constatar um facto.
Não vou deixar a terra dos meus bisavós nas mãos de oportunistas selvagens sem respeito pelos habitantes e pelo lugar em si. Queriam desenvolver as Cortes?? Havia várias maneiras de o fazer. Mas são demasiado burros para entender isso.... Não sei porque falam em lutas territoriais se nem sequer conseguem tomar conta das Cortes.
Desculpe lá José. Já sabe que me alongo nestas coisas. E toca-me no nervo mais fraco quando se fala tanto e não fazem ideia do que se diz.
Se os mamarrachos das Penhas forem avante... é o fim das Cortes e o fim do investimento que pensava lá fazer.
Nao sao necessarios todos esses melhoramentos e muito menos hoteis na area da serra propriamente dita,
Tal como Cantaro, sou a favor de um turismo ambiental e natural.
Tomei a ousadia de linca-lo no meu blog: http://aquidalgodres.blogspot.com
Espero que o meu amigo se nao moleste.
Um abraco fornense.
Huecca, não há problema, excepto que, nalgumas passagens pelo menos, se aproximou perigosamente do risco a partir do qual me sentirei obrigado a apagar comentários. Neste caso, acho que as expressões mais contundentes (digamos assim) são acessórias, explica muito bem, por palavras menos agressivas, porque é que acha que aquelas se aplicam. Por isso, por esta vez, escapa. Mas veja lá a menina, hem? Vá, pode seguir... ;)
Agora a sério, já tive oportunidade de dizer que não sei, nem quero saber, por que partido foi eleito o presidente da junta das cortes, ou de outra qualquer. Não tenho a menor dúvida de que pessoas com preocupações ambientais existem (infelizmente poucas, é certo) em todos os partidos, e não gostaria de ver o Cântaro perder-se em discussões (não que ache que seja disto que trata o seu comentário, huecca) sobre como era bom no tempo da junta do meu partido e como as coisas estão mal agora por causa da pesada herança que a junta anterior deixou... Fora isso, estejam à vontade, façam de conta que estão no vosso blog.
Al, não me molesto nada, claro. Eu também tenho que retribuir essa gentileza sua, da huecca, e de mais alguns amigos. Está para breve.
...tanto para dizer, não quero entrar em política, não aqui, principalmente para quem como eu que já leu e ainda lê 30 000 mil vezes o processo Aldeia do Carvalho / Cortes, Sinto muita coisa como Carvalhense,penso alguma...,e por vezes bastante revoltado, mas não acredito em bairrismos exacerbados, acredito sim num ordenamento do território Estrela, que tenha por base e como objectivo máximo e porque não único o valor ambiental como forma de dar a todos nós habitantes das encostas um futuro e uma saída pela preservação ambiental como cultura de um povo distinto da Montanha que no saber de Torga não divide nem separa coisa alguma, mas sim une e concentra como um todo de onde tudo emana.
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