sábado, janeiro 31, 2009

Se eu o sou, se tu o és, que interessa?

Desde que apareceu o blog o Cântaro Zangado (e já antes disso), participo frequentemente em discussões sobre projectos concretos na Serra da Estrela, seja aqui na caixa de comentários do blog, seja mais em privado, através da troca de emails, seja ainda presencialmente, com colegas ou amigos.

É muito frequente ver os argumentos dos meus adversários na discussão de um determinado empreendimento (seja a asfaltação de uma estrada, seja a construção em altitude, seja a ampliação da estância de esqui, o que seja) serem introduzidos com considerações como "nota que eu sempre gostei muito de caminhadas na serra, mas...", ou "eu sempre defendi o ambiente, mas...", ou ainda "quem me conhece que sou um forte defensor da natureza, mas...". Acontece que os pergaminhos ambientalistas daqueles com quem discuto me deixam indiferente.

Há tantos ambientalismos como ambientalistas. Há os que consideram que não se pode ser verdadeiramente ambientalista sem se aderir ao veganismo (nem sei bem o que isto quer dizer, apenas que envolve uma opção pela alimentação vegetariana), outros que comem carne e peixe sem remorsos; há os que deduzem do (seu) ambientalismo a oposição às touradas e os que, ao contrário, dele deduzem a defesa das mesmas touradas; há os que entendem que é impossível defender o ambiente sem uma mudança profunda ao nível social e político e os que defendem soluções no actual quadro social e político opondo-se às mesmíssimas construções utópicas ou para-utópicas que aqueles entendem indispensáveis; há os que são contra a caça e a pesca, e os que até são caçadores e/ou pescadores; há os que defendem a preservação dos espaços naturais, outros que são pela sua conservação (uma distinção que não domino completamente). Ele há tantos, mas tantos, ambientalismos que, a bem dizer, eu nem sequer sei se sou ambientalista, nem essa questão me preocupa por aí além!

Portanto, o meu caro amigo pode ser (ou não ser) ambientalista, que isso a mim tanto se me faz. O que eu acho é que esta estrada em concreto, esta urbanização em concreto são ou não são desejáveis e explico porquê. Faça-me a gentileza de me pagar na mesma moeda, sff.

Plantação de dia 7

Li no suplemento Fugas do jornal Público de hoje e já confirmei na web. O CAAL - Clube de Actividades Ar Livre organizou transporte (autocarro) de Lisboa e estadia na Serra da Estrela, para a participação na plantação do dia 7 a que referi aqui.
Mais informações na página web do CAAL.

A venda dos mamarrachos

Sobre o plano (do Ministério da Defesa) de alienação dos edifícios militares da Torre, houve recentemente dois desenvolvimentos interessantes. Segundo podemos ler no Porta da Estrela de 22 de Janeiro (a link pode não ser permanente), a Assembleia Municipal de Seia aprovou uma moção (apresentada pelo PCP) contra as intenções de venda dos ditos edifícios. Na mesma notícia, (e também no Nova Guarda de 21 de Janeiro e no Notícias de Gouveia de 20 de Janeiro) somos informados de um conjunto de questões que o grupo parlamentar do PCP na Assembleia da República colocou ao Governo sobre este mesmo assunto.

Tanto a moção à Assembleia Municipal de Seia como as questões colocadas na Assembleia da República são relevantes e oportunas. O enfoque dado ao problema parece-me apropriado (aliás, vem na mesma linha da tomada de posição da ASE, ver aqui).

Acho bom que o problema do que fazer com os mamarrachos seja discutido publicamente. E que a decisão final seja tomada de forma transparente. Para tal muito contibuirá uma discussão o mais alargada possível. Que seja tomada de forma transparente, isto é, que sejam publicamente identificados os vários interesses (económicos ou de outra índole, por exemplo, ambiental), que os protagonistas assumam publicamente as suas posições e que, em geral, se cumpram as regras do jogo democrático (ou seja, que se cumpram as leis, que não se sobreponham interesses particulares ao interesse geral, etc).

No final, o resultado até poderá ser que os ditos mamarrachos sejam entregues por tuta e meia à Turistrela, para deles fazer o que bem entender, sem quaisquer contrapartidas para baldios, juntas de freguesia ou parque natural (aqui para nós, surpreenderia um tal resultado?). Mas, seja ou não essa a decisão, que fiquemos todos a saber quem se bateu a favor e contra, e com que argumentos. A transparência também é isto.

Desta vez foi o PCP que tomou a iniciativa, pelo que quero felicitá-lo. Alegremente felicitarei qualquer outro partido que lance, como o PCP fez agora, discussões mais abertas sobre os problemas da Serra da Estrela, ou que em tais discussões participe publicamente.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Eskimós 2009

Os motociclistas estão de regresso ao Covão d'Ametade. Tal como no ano passado, anunciam que vêm em demanda do "verdadeiro espírito Motociclista de confraternização aliado às condições mais adversas de viagem e acampamento. Sem esquecer o calor reconfortante das fogueiras..."

Procurarão as condições mais adversas mas, de acordo com o comunicado do evento, e tal como aconteceu no ano passado, não só não se esquecem do calor reconfortante das fogueiras, como também não desejam passar sem outros confortos, já que "Todas as condições mínimas serão garantidas, balneários com água quente, bares, lenha e tenda convívio aquecida" (negrito introduzido por mim).

Tal como no ano passado, não resisto a ironizar com o que estes eskimós consideram "condições adversas" e "condições mínimas". Mas, Esquimós, não liguem a este velho rabugento. Tenham um óptimo fim de semana, nas condições o mais confortavelmente adversas possível!

Soube disto pelo Máfia da Cova.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

7 de Fevereiro

No Sábado dia 7 de Fevereiro a ASE vai levar a cabo mais uma grande jornada de plantação de carvalhos nas zonas altas da serra da Estrela. Todos podem ajudar, devendo para isso contactar a organização através dos emails asestrela@gmail.com, josedaserra@gmail.com ou pelo telefone 965839564.
Programa:

Sábado, 7 de Fevereiro de 2009
09:00 - Concentração no Covão d'Ametade. Distribuição de refeição volante
09:15 - Partida para os locais de plantação 09:30/10:00 - Previsão de chegada de helicóptero da Força Aérea Portuguesa 10:15 - Transporte de plantas pelo helicóptero 11:00/16:30 - Plantação 16:30 - Final da plantação 17:30 - Lanche quente em Manteigas

É aconselhável a utilização de calçado e roupa impermeável, apropriados para montanha.

O evento conta com o apoio ou a colaboração dos seguintes organismos/instituições: Força Aérea Portuguesa, Parque Natural da Serra da Estrela, Câmara Municipal de Manteigas, juntas de freguesia de São Pedro e de Santa Maria (Manteigas), Continente, Fundação Gulbenkian, Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais, e ainda diversas escolas, clubes de montanhismo, agrupamentos de escuteiros, sapadores florestais e cidadãos a título individual.
Última hora: o local de encontro foi alterado para a ponte sobre o Zêzere, em Manteigas

terça-feira, janeiro 27, 2009

quinta-feira, janeiro 22, 2009

terça-feira, janeiro 20, 2009

Novas do CERVAS

O CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens) é uma estrutura do Parque Natural da Serra da Estrela sedeada em Gouveia, com a missão de estudar e vigiar a fauna silvestre e ainda a de cuidar e recuperar animais selvagens encontrados feridos, doentes, subnutridos ou de algum modo incapacitados. Seguem-se alguns anúncios de próximas actividades do CERVAS.
  • 22 de Janeiro, 5ª feira
    Libertação de um Grifo (Gyps fulvus)
    10h00, Malcata
  • 24 de Janeiro, Sábado
    Saída de Campo - Observação de aves: "As aves da Floresta"
    Ponto de encontro: 8h00, Curral do Negro (Gouveia) (cartaz em anexo)
  • 29 de Janeiro, 5ª Feira
    Libertação de uma Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo)
    Ponto de encontro: 14h30, Largo em frente à sede da Associação Cultural e Desportiva do Pereiro (Anadia)
  • 6, 7 e 8 de Fevereiro, 6ª feira a Domingo
    Stand de divulgação do CERVAS na Feira do Campo e da Caça - Serra da Estrela
    (inclui libertação de uma Águia-de-asa-redonda Buteo buteo)
    Local: Gouveia
  • 21 de Fevereiro, Sábado
    Saída de Campo - Observação de aves: "As aves da Cidade"
  • 27 e 28 de Fevereiro e 1 de Março, 6ª feira a Domingo
    Workshop Prático de Recuperação de Animais Silvestres, 6ª Edição
    Local: Gouveia e Seia (CISE)

Mais informação em aldeia.org.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Ele há montanhas...

... Onde até se imagina (veja-se lá!) que os turistas podem desejar fazer outra coisa que não ir de carro ao cume!

No Caramulo, por exemplo.

O problema está nos detalhes

Creio que ainda nunca encontrei alguém que se afirmasse anti-ambientalista. Isto é, toda a gente é amiga da serra, das suas paisagens e do seu ambiente... Em geral. Porque, em concreto, alguns (ou muitos, não sei) são a favor da instalação de hotéis na Torre, ou do incremento (está bem, chamemos-lhe "requalificação", mas todos sabemos que é de um incremento que se trata) da urbanização nas Penhas da Saúde ou nas Penhas Douradas, ou de ainda mais uma barragem lá por cima, ou da ampliação da estância de esqui, ou da instalação de teleféricos, ou do aumento da capacidade de parqueamento, ou da definição de novas reservas de caça, ou da criação de novos parques eólicos, ou da abertura de um casino... Enfim! Todos somos amigos da serra, das suas paisagens e do seu ambiente, em princípio, mas, quando vamos ao concreto, muitos defendemos (com bons argumentos muitas vezes, não é isso que está em causa) projectos ou empreendimentos que, em maior ou menor grau, alteram significativamente as paisagens e o ambiente da serra. Alguns chegam ao cúmulo de dizer que essas alterações no ambiente e na paisagem introduzidas por nós são para melhor!

Um exemplo acabado desta mesma dissociação entre os princípios abstractos perfilhados por todos e os emprendimentos concretos que muitos defendem é o das estradas na serra. Refiro-me concretamente às estradas para os turistas chegarem à Torre, não às necessárias para a comunicação das populações com o exterior e em particular com as suas sedes de concelho e distrito.

É que praticamente nunca ouvi ninguém dizer-se, em geral, favorável a mais estradas na serra. Todas as pessoas com quem falei (ou de quem li afirmações) sobre isso afirmam a necessidade de conter o avanço do asfalto, em princípio. Mas, no entanto, muitas destas pessoas defendem este ou aquele projecto de asfaltação concreto, normalmente consoante o lugar onde vivem. Assim, pessoas de Alvoco defenderam (e concretizaram parcialmente) o seu projecto de asfaltação de uma estrada até à Torre; pessoas de Loriga defenderam a sua estrada de S. Bento; pessoas de Unhais defendem agora a sua via asfaltada para altitude de 1600m; os das Cortes do Meio exigem o seu acesso rodoviário às Penhas da Saúde, e os da Guarda a sua estrada dita Verde. Os representantes mais moderados de cada um destes grupos defendem a sua estrada (ou projecto de estrada) em concreto, mantendo e defendendo simultaneamente que não se deve exagerar na asfaltação da serra, que não se devem recortar os ecossistemas nem as paisagens, etc, etc.

Ninguém parece ser sensível à objecção mais imediata: se esta estrada é necessária para a minha povoação, se a ela temos direito, então a dos vizinhos também lhes há-de ser igualmente necessária e eles terão a ela o mesmo direito que nós à nossa. Uma possibilidade para "descalçar a bota" colocada por esse argumento é concluir que *todas* estas estradas são necessárias e que é obrigação do estado português realizar cada uma delas. Quase ninguém vai por aí, porque é fácil ver onde esse caminho nos leva: a que se essas estradas ou projectos de estradas são uma necessidade, então também o serão outras ainda não defendidas tão sonoramente: Tortosendo, Vila do Carvalho, Sarzedo, Verdelhos, Sameiro, Linhares da Beira, Folgosinho, Sobral de S. Miguel, Teixeiras, e tantas outras freguesias da corda da serra deverão também ver abertas (e asfaltadas!) as suas respectivas vias de acesso rodoviário rápido e directo às zonas altas da serra da Estrela. Ou seja, se todos aqueles projectos são inalienáveis e legítimas aspirações das respectivas populações que o estado deve satisfazer, então devemos transformar toda a serra da Estrela num enorme nó rodoviário, com estradas de asfalto em todas as direcções entrecruzando-se a cada poucas centenas de metros.

Claro que não é isso que queremos. Mas, então, que argumentos temos para defender o nosso projectozinho particular? "Vá lá... Por favor... Só mais esta asfaltaçãozinha aqui e depois não façam mais nenhuma...", é isso? E isso é razoável?

Nos princípios gerais, nas abstracções, todos somos amigos da serra, ou seja (porque, ao nível das abstracções, vai dar ao mesmo), nenhum de nós o é. É nos detalhes concretos que se traça a linha, é nos detalhes concretos que cada um se revela. Mas tudo bem: não há nenhuma lei que obrigue todos os cidadãos a serem defensores das paisagens e do ambiente da serra.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Asestrela 2009

A Associação Cultural dos Amigos da Serra da Estrela organiza este ano, nos dias 21 e 22 de Fevereiro, o ASESTRELA 2009 — Encontro com a montanha.

Trata-se de um acampamento invernal no Covão d'Ametade (a 1.500 metros de altitude) que pretende reunir os que sabem e querem apreciar o que a serra da Estrela tem de melhor: o seu ambiente único.

Estão previstas diversas actividades, algumas enquadradas pela organização, outras ao sabor de quem as realizar, como escalada, BTT, caminhadas, desafio fotográfico etc.

O encontro não se destina apenas a montanhistas com créditos firmados, antes pelo contrário: está aberto a todos. Mas deve ter-se em conta que as condições climatéricas nesta altura do ano podem ser pouco menos que inóspitas, pelo que todos os participantes devem vir preparados (e equipados) para o que der e vier. Em particular, a organização não fornece roupa ou sapatos impermeáveis, tendas ou sacos cama.

A participação em algumas actividades mais técnicas enquadradas pela organização pode não ser autorizada àqueles que não dispuserem do equipamento mínimo.

ASESTRELA 2009 — Encontro com a montanha.
O encontro dos amigos da montanha!

Mais informação no site do evento.

sábado, janeiro 10, 2009

São precisas ainda mais estradas? (II)

No fim de ano, fui esquiar a La Covatilla, em Béjar. Fiquei alojado num hotel em El Barco de Ávila, como várias outras famílias de esquiadores, portuguesas e espanholas. O trajecto de El Barco de Ávila para La Covatilla é o que mostro na figura em baixo. Perto de trinta quilómetros, trinta e sete minutos. A longitude e a duração do trajecto estão dentro do que considero razoável em férias de neve. Encontrei coisas semelhantes em Andorra e em Baqueira.

Trajecto de El Barco de Ávila à estância de La Covatilla. Clique na imagem para a ampliar, ou vá ao maps.google para mais detalhes.

Do centro de Unhais da Serra até à Torre, o trajecto normal é o que a figura em baixo mostra. Quarenta quilómetros, quarenta e um minutos. Está dentro do que considero razoável. Por mim, como vulgar turista de neve que também sou, não há necessidade *nenhuma* de "aproximar" a Torre de Unhais.

Trajecto de Unhais da Serra à estância Vodafone. Clique na imagem para a ampliar, ou vá ao maps.google para mais detalhes.

Pode haver outras razões para a estrada Unhais - Nave de Santo António mas, pelo lado do turismo, quanto a mim, é melhor deixar as coisas como estão. A menos que o objectivo seja, mais uma vez, apostar no turismo que temos, o das voltinhas automobilizadas serra acima, a ver a neve. É esse o objectivo?

sexta-feira, janeiro 09, 2009

São precisas ainda mais estradas?

Página 6 do Diário XXI de hoje (clique para tornar legível). Chamo a atenção para a caixa assinalada a azul no canto inferior direito.

O novo hotel termal em Unhais da Serra tem vários aspectos que me agradam e muito: foi construído numa localidade (das verdadeiras, onde mora gente, não incluo aqui as "minicidades" como as Penhas da Saúde); houve cuidados ambientais na construção e continuarão durante a sua exploração (as certificações que anunciam obrigam a tal); houve desde o início a preocupação de manter elevados padrões de qualidade; foi dada formação à população; tem havido desde o início um grande enfâse nas referências ao turismo de natureza (e Unhais da Serra tem uma localização soberba para esse segmento). Por estes aspectos, este empreendimento está a anos-luz daquilo a que nos têm habituado investimentos similares na serra da Estrela (felizmente há mais alguns, mas poucos, bons exemplos) e por isso espero que o empreendimento seja um grande sucesso.

E, no entanto, desde o início há um "pequeno" pormenor que me incomoda. É que tenho a impressão (que já foi várias vezes confirmada por terceiros) que a asfaltação do estradão de terra Unhais - Nave de Santo António pelo Vale da Alforfa está, de algum modo, ligada a este novo hotel. Esta impressão sofreu um novo reforço ao ler a notícia que reproduzo na figura.

Os "melhoramentos" no estradão foram feitos, há já alguns anos (já terão passado dez anos?), de forma completamente desastrada, em pendentes de grande inclinação, sem qualquer cuidado com a estabilização dos taludes, de tal modo que em muitas zonas da área intervencionada encontramos actualmente grandes blocos graníticos (alguns do tamanho de automóveis) na faixa de rodagem, que rolaram encosta abaixo. Assim, apesar de faltarem apenas não mais do que dois quilómetros para completar a asfaltação, aposto que serão necessárias obras profundas em quase todo o trajecto (com cerca de 12km de extensão total).

E tudo isto para quê? Para que mais um vale fabuloso seja facilmente atravessável de automóvel, tornando-o menos fabuloso, logo, menos atractivo para outras práticas que, segundo se afirma, se querem incentivar: passeios pedestres ou a cavalo, interpretação da natureza, admiração da paisagem. E para que também no novo hotel se possa, fácil e comodamente, fazer o tipo de turismo que, supostamente, se pretende ultrapassar: o das voltinhas automobilizadas serra acima, a ver a neve.

"As estradas são poucas"

A ideia de que há poucas estradas na serra da Estrela, e sobretudo a ideia de que são necesárias mais para desenvolver o turismo, continuam muito vivas e estão muito espalhadas na nossa região. [Diga-se de passagem, esta constatação foi das coisas que mais me espantou quando comecei a discutir mais aprofundadamente (ou assim o tentei, pelo menos) os problemas da serra da Estrela, no blog do programa PETUR.]

Há dias questionei em que sentido se podia afirmar que as estradas na serra da Estrela são poucas, pegando nas palavras de um editorial do Diário XXI. Disse que não achava que fossem poucas, antes pelo contrário, e que me parecia que na maioria das montanhas da Europa as estradas ficam principalmente pelos vales, fazendo da Estrela um caso especial. Penso que poucos discordam de que a estrada pelo cume é, de facto, uma originalidade particularíssima da nossa serra.

Hoje vou colocar uma hipótese adicional que ainda não verifiquei cuidadosamente: a de que há mais estradas de atravessamento na Estrela do que na maioria das montanhas europeias de dimensão comparável ou superior. Aviso desde já que duvido que me lance numa pesquisa muito exaustiva deste assunto. Fica só a hipótese, cada um que a considere como entender e que me faça chegar, por favor, as conclusões que tirar.

Um exemplo que apoia a minha hipótese? A Sierra de Béjar, para não ir mais longe. Comparem-se as duas imagens que ilustram este post. Clique nas imagens para abrir as páginas do maps.google das respectivas áreas, nas quais poderá fazer zoom para aumentar o detalhe como entender. É preciso dizer mais alguma coisa?

A Sierra de Bejár corresponde mais ou menos à área definida pelo triângulo Plasencia - Bejár - El Barco de Ávila. Clique no mapa para abrir o google.maps na área. (Atenção que a linha a tracejado é uma fronteira administrativa, não uma estrada.)

Serra da Estrela. Clique no mapa para abrir o google.maps na área.

terça-feira, janeiro 06, 2009

O CISE em reportagem

A DAO TV realizou uma interessante reportagem em vídeo sobre o Centro de Interpretação da Serra da Estrela — CISE-Seia, disponível aqui.

(Informação via Oceano das palavras.)

segunda-feira, janeiro 05, 2009

E que tal parar para pensar? (II)

O Público traz hoje, na pág. 31, uma notícia com o título "Excedente de casas mantém-se até 2050" (a ligação pode não ser permanente). Este excedente de habitações tem reflexo na forma como as nossas cidades cresceram e se tornaram feias, com centros históricos desertificados e periferias atulhadas de prédios e recortadas por vias rápidas e viadutos.

Não é reforçar esta triste situação a construção de mais quinhentas habitações nas Penhas da Saúde, como pretende um plano da Câmara Municipal da Covilhã para transformar o aldeamento numa uma área "com que Portugal possa concorrer em termos de turismo de montanha com outras da Europa, nas cidades dos maciços mais conhecidos, como os Alpes ou os Pirinéus"?

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Município de onde?

Encontrei hoje na minha caixa de correio um desdobrável da Câmara Municipal da Covilhã com a lista das actividades e espectáculos previstos para o mês de Janeiro. A capa do dito desdobrável é ilustrada com a figura que apresento acima.
Ao certo, ao certo, em que ponto do Concelho da Covilhã, da serra da Estrela ou de Portugal é que esta fotografia terá sido tirada?

Pois. Quando se quer vender algo que não é bem, bem o que se tem no armazém, um pouco de publicidade enganosa pode ser que ajude... Que é outra maneira de dizer que tudo vale para quem quer vender gato por lebre.

Veja também este post, e mais este.

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!