Relativamente ao desdobrável que comentei ontem referindo os planos que os responsáveis ingleses têm para o ordenamento da visitação do sítio arqueológico de Stonehenge, houve algo que ficou por dizer e que me parece muito relevante num contraste como o que pretendi fazer entre as atitudes inglesa e beirã (para não dizer portuguesa) face ao ordenamento do turismo.
É que o projecto anunciado tem uma componente de gestão e beneficiação do sítio propriamente dito, tem uma componente envolvendo as estradas e uma terceira componente envolvendo a visitação. Logo nada mais natural que, na planificação, envolver o gestor do sítio (a English Heritage), a agência responsável pelas estradas (a Highways Agency) e uma organização não governamental para a preservação cutural (a National Trust).
E por cá, as coisas não funcionam assim? Talvez, quando realmente se pretende resolver um problema ou realizar uma verdadeira melhoria. Mas, quase sempre, o que se pretende é outra coisa(1). Por exemplo, o renascido projecto do teleférico Piornos-Torre tem sido insistentemente defendido com a necessidade de afastar os carros da Torre, com a vontade de convencer os visitantes a chegarem à Torre num meio mais limpo, com o que teremos a ganhar numa Torre sem a poluição e o ruído automóvel actuais (veja aqui o presidente do Turismo da Serra da Estrela, Sr. Jorge Patrão, fazer esta defesa). Posta assim a questão, eu concordo. Se, em vez dos carros, tivermos o teleférico, ficaremos melhor. Mas é difícil acreditar que seja mesmo essa a intenção quando, ao mesmo tempo que se fazem estes anúncios, decorrem grandes obras de beneficiação da Estrada Nacional 339 entre Seia e o edifício do antigo sanatório dos ferroviários, perto da Covilhã.
Será que se quer, mesmo, afastar os carros da Torre? Ou ninguém disse nada à Estradas de Portugal?
Sem comentários:
Enviar um comentário