Um anónimo fez hoje um comentário a um artigo de março, com uma opinião que não é a do Cântaro. Como o artigo em questão já está enterrado nos arquivos e a opinião deste anónimo corria, assim, o risco de não ser partilhada por mais ninguém, resolvi inverter a ordem normal das coisas nos blogs, promovi o comentário à categoria de artigo e vou deixar a minha resposta em comentário.
Ora então, cá vai.
Vejo com bons olhos a criação de um projecto de mini-estancia de esqui na serra da estrela, digo mini-estancia, pois a estrela jamais poderá ser uma sierra nevada,ou um soldeu de andorra. A serra apresenta limitaçoes quer a nivel de altitude e qualidade da neve pois a serra apresenta uma neve atlantica que cujo a sua caracteristica se caracteriza por ser muito dura, gelo. Um projecto de desportos de inverno na serra da estrela poderia ser um optimo trampolim para trazer um desenvolvimento sustentado a toda região da beira alta e beira baixa,será necessario travar a construção desenfriada na serra, ficando esta somente possivel em cotas baixas, quem quisesse subir a serra só o poderia fazer atraves de telécabines, funicolares, os carros ficariam em parques de estacionamento nas cotas mais baixas (ficando excluido o acesso ás aldeias do interior da serra somente aqueles que lá habitam, seus familiares, autoridades e pouco mais), é necessario reflorestar a serra. Seria interessante fazer sinergias em visitas turisticas á serra da estrela passando sempre pelas rotas do vinho do dão, queijo da serra da estrela, neve, cerejas do fundão na beira baixa entre outros atractivos existentes. Com um pouco de imaginação e seriedade o projecto da serra poderia ser um sucesso!!!!
Não nos podemos esqueçer que a cerca de 100km da fronteira, no lado espanhol, a caminho de cidade rodrigo encontramos um projecto semelhante, a estancia de covatilla, na serra de bejar está muito bem planeada, com optimos acessos, material de esqui em bom estado, parque de estacionamento gratuito numa cota baixa, aldeias historicas recuperadas, bons preços, um forte concorrente ao projecto da nossa serra, deveriamos aprender com eles.
1 comentário:
1.
Saúdo o anónimo por ter contribuido com a sua opinião, num ambiente que, à partida poderia considerar hostil. Não concordo com quase nada do que diz, mas quero garantir o direito de que o possa dizer no Cântaro, e acho que as opiniões diferente enriquecem o blog. Ou seja, muito obrigado, e apareça mais vezes!
2.
Já temos uma mini-estância na Serra, e o que se está a planear, com a expansão a médio prazo, para o Covão do Ferro e para a Lagoa Comprida, não é uma mini-estância. Como diz, a Serra não é muito adequada para a prática de esqui, nem nunca o será, com ou sem canhões de neve. Suspeito (com tristeza) que, a cada ano que passa, isto que digo se tornará cada vez mais evidente. A neve na Serra é, como diz, muito dura, gelo mesmo, mas por congelar durante a noite a papa que costumamos ter durante a tarde. É por termos temperaturas diurnas tão elevadas que a neve é tão dura na Serra, e tão difícil de limpar das estradas. Em vez daquele pó leve e fininho da neve que nunca chega a derreter significativamente, que frequentemente encontramos nos Pirinéus, temos na Serra ao princípio da manhã o gelo duro que refere, e a partir do meio dia a papa aquosa do costume. E temos ainda os dias maus, em que a temperatura sobe a sério, chegando aos 5, 6 ou mesmo 10 graus, com chuvinha e nevoeiro, que "comem" a neve a olhos vistos.
3.
De pouco serve armarmo-nos em Napoleão, traçar os planos do desenvolvimento da Serra, e tal proibe-se o trânsito, e tal telecabines, e tal imaginação e seriedade. Quem trata da pista de esqui, quem ordena o turismo na Serra, é a Turistrela, a Região de Turismo, as autarquias. Pelo que têm mostrado até aqui, estamos falados quanto à imaginação e à seriedade. Sobre a proibição do trânsito devo dizer-lhe que, apesar de todos os poderes (Turistrela, autarquias, Região de Turismo, Acção Integrada de Base Territorial) defenderem as telecabines, segundo dizem, para ajudar a ordenar o tráfego caótico dos "dias de circo" na Torre, ainda não ouvi nenhum dizer claramente que defende o encerramento da estrada quando as telecabines estiverem em funcionamento. Mais, o presidente da Câmara de Seia afirmou, preto no branco, "Haja o que houver na Serra, Seia não abdicará da estrada para a Torre". Quase todas as freguesias da região exigem estradas asfaltadas para a Torre, a bem de um desenvolvimento que não perdem tempo a explicar, talvez porque não o tenham perspectivado claramente. De facto, parece-me que o que todos querem é ver turistas a passar, pode ser que comprem um queijito ou uma peça de fancaria na minha mercearia.
4.
Refere o queijo, o vinho (e olhe que o do Dão não é, nem pouco mais ou menos, o único que se aproveita), as cerejas, e eu posso juntar mais, falo da arqueologia industrial desta zona com tantos e tão variados vestígios da indústria dos lanifícios, falo do mel, do pão centeio, das favocas, da pastorícia, do turismo desportivo, da aventura, do ecoturismo e do turismo rural, das aldeias históricas, de Belmonte, das rotas dos contrabandistas, das gravuras arqueológicas de Foz Côa e do Zêzere, das minas da Panasqueira, falo de obras literárias de Ferreira de Castro e de Miguel Torga (entre outros) e sei lá eu mais o quê. A Turistrela detém há mais de 30 anos a concessão exclusiva do turismo e desportos na Serra. Do que é que essa empresa está à espera para começar a trabalhar nestes aspectos? Que garantias temos de que alguma coisa se irá passar a fazer com a ampliação da estância? E bem sei que nem tudo o que referi diz respeito estrictamente à Serra, mas já vai sendo tempo de se começar a pensar em grande, num produto turistíco mais abrangente, feito da coligação de várias vertentes, de vários lugares.
5.
Fala de autorizar a construção apenas em cotas reduzidas, mas fique sabendo que a Turistrela pretende construir dois hotéis na Torre (aproveitando os edifícios que já lá existem, diga-se, mas que era melhor que fossem demolidos), construiu uma autêntica aldeia de macacos nas Penhas da Saúde a que chama bairro dos chalés, e pretende (com o aval da Câmara da Covilhã) construir mais seiscentos apartamentos, entre outras maravilhas como um shopping, um casino, um centro de estágios desportivos e eu sei lá mais o quê... E há muitas outras maravilhas, veja-se o artigo Ponto da situação. Não, com estes que temos a mandar na Serra, imaginação e seriedade são autênticas miragens!
6.
Por fim, devo dizer que também não concordo com o que diz sobre La Covatilla. Para mim (e olhe que eu gosto muito de esquiar), é uma estância pequena, triste e sem graça, que não satisfaz senão os principiantes ou os residentes na Covilhã (ou Salamanca) que não dispõem de mais do que um fim de semana para esquiar. Nisso, pouco se distingue da "nossa" estância Vodafone. Diz que La Covatilla está bem planeada, enfim, estará; mas não me diga que tem esperanças que o mesmo venha a acontecer aqui, com os que temos a mandar na Serra! Finalmente, não percebo porque é que diz que não nos podemos esquecer que a 100 km da fronteira existe aquela tristeza (e olhe que fica bem para lá de Ciudad Rodrigo). Acha que devemos entrar numa corrida de ratos, a ver quem consegue estragar mais serra no desenvolvimento deste esqui dos tristes?
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