terça-feira, maio 22, 2012

Se pode fazer-se, porque não se faz?

No sábado dia 5 de Maio, dei uma corrida na zona dos Poios Brancos (perto do centro de limpeza de neve), e notei um percurso assinalado com fitinhas de nylon cor de laranja. A meio da corrida, perto da Lagoa Seca, cruzei-me com dois fulanos, equipados (como eu) à maneira de corredores de montanha, que me explicaram que o percurso estava assinalado para a corrida OH MEU DEUS.

O OH MEU DEUS foi um desafio em três etapas (duas das quais na serra da Estrela), tendo a última decorrido justamente no dia 5. Neste dia, realizaram-se na serra três corridas (cada atleta inscrevia-se na que preferisse), com as distâncias de 20, 50, e 104 km. Eu até me tinha tentado inscrever na de 20 km, já depois de se terem esgotado as vagas (não tive coragem para tentar a corrida de 50 km, já para não falar da de 104; no próximo ano, talvez), mas tinha-me esquecido da data e por isso não estava a contar com a corrida naquele dia (teria ido correr para outro lado, nesse caso).

O OH MEU DEUS (como o Circuito dos três cântaros, e como outras provas) é o tipo de eventos que mostra a serra como eu acho que ela deve ser mostrada. Como um palco de desafios. Como algo que nos intimida e que, por isso mesmo, nos fascina e nos atrai. E que merece o esforço, pelo que oferece a quem se dispõe a esse esforço. Indo, em suma, ao sentido das palavras de Miguel Torga:

"Alta, Imensa, Enigmática, A sua presença física é logo uma obsessão" (...) "Se alguma coisa de verdadeiramente sério e monumental possui a Beira, é justamente a serra." (...) Somente a quem a passeia, a quem a namora duma paixão presente e esforçada, abre o coração e os tesouros. Então, numa generosidade milionária, mostra tudo."

Mas estou a divagar. Escrevo este post porque, no domingo da semana seguinte, dia 13 de Maio, voltei a dar uma corrida na zona dos Poios Brancos, e encontrei-a limpa das fitinhas que delimitavam o percurso. Ou seja, senhores e senhoras que organizam atividades com trajetos demarcados na serra da Estrela:

é possível recolher todas as fitinhas depois do evento.
Assim, justifica-se a pergunta: será aceitável que alguns continuem a não o fazer?

2 comentários:

Jorge Branco disse...

Infelizmente cada vez há mais trilhos poluídos com fitas!
Quem não desmarca um percurso devia ser severamente penalizado. Só assim se resolve o problema pois muitos organizadores não tem qualquer tipo de civismo.

Tiaguss disse...

É melhor mudar para "Valha-me Deus".

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!