terça-feira, maio 08, 2012

A poesia de uma cordilheira

Estou a ler um livro sobre fell running (a versão britânica de uma actividade que gosto de praticar, a corrida em montanha), "Feet in the Clouds — A Tale of Fell Running and Obsession", de Richard Askwith. A páginas tantas, referindo-se à orografia do sul da Inglaterra, o autor diz:

Yes, there are fields and hills in the south; there's even the odd fell race, such as the Box Hill race or the Isle of Wight series. But occasional hills are not the same as fells in wich you can get lost, cold, frightened, overawed; to escape, you need the poetry of a mountain range.
Ou seja, traduzido à pressão:
Sim, existem campos e colinas no sul; há mesmo uma ou outra prova, tal como a corrida de Box Hill ou a Isle of Wight series. Mas uma colina aqui outra ali não é o mesmo que uma serrania em que te podes perder, sentir frio, medo, espanto; para te evadires, precisas da poesia de uma cordilheira.

A poesia de uma cordilheira envolve o desafio. A possibilidade de nos perdermos, de sentirmos medo, frio e espanto. Uma serra urbanizada, alcatroada, ajardinada, domesticada... Que poesia tem uma serra assim?

Sem comentários:

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!