segunda-feira, setembro 06, 2010

Estradas e incêndios

É costume defender-se a necessidade de ainda mais estradas asfaltadas pela serra a dentro invocando que elas facilitam o combate aos incêndios. E é lógico: quanto mais estradas de asfalto houver, mais facilmente os bombeiros chegarão onde tiverem que chegar. Por outro lado, os incendiários (que também os há) ficam também com os acessos facilitados. Por outro lado ainda, quando as estradas asfaltadas forem as consideradas suficientes para as sempre invocadas necessidades do combate às chamas (e alguma vez serão as consideradas suficientes?), haverá ainda alguma floresta, digna desse nome, que valha a pena proteger?

Mas falo disto hoje porque constato que o incêndio que este mês de Agosto varreu a encosta noroeste da serra da Estrela atravessou facilmente as várias estradas de asfalto que encontrou pela frente. Assim de repente, ocorrem-me a estrada Seia - Torre, a estrada de S. Bento (Portela do Arão - Lagoa Comprida) e a estrada S. Romão - Coxaril, algumas delas atravessadas mais do que uma vez, dada a sua sinuosidade. As fotografias que ilustram este post mostram exemplos disso nos dois primeiros casos que referi, e foram tiradas de perto do Coxaril.

Eu não digo que as estradas de asfalto não facilitem os movimentos dos bombeiros. Mas também facilitam o dos que provocam, voluntaria ou acidentalmente, as ignições. Além disso, parece-me que é capaz de haver formas mais baratas, mais amigas da paisagem e do ambiente e, sobretudo, mais produtivas para tornar mais eficiente o combate às chamas, do que asfaltar a serra toda.

2 comentários:

Anónimo disse...

fui informado que se vai construir nas Penhas da Saúde, mais concretamente no Parque de Campismo, um edifício com mais de 20 apartamentos e lojas.... sabem de alguma coisa?

ljma disse...

Caro anónimo, a última vez que ouvi dizer qualquer coisa relacionada com o que refere, comentei-a neste post, já lá vão quase quatro anos.

Não sei que importância se deve dar a estes anúncios. Sabe, apresentar planos (mesmo que horrorosos, como o da "minicidade de montanha" onde este projecto se integra) é uma forma fácil de ganhar votos ou visibilidade em certos meios. Se se tivesse efectivamente começado (ou até acabado) tudo o que se tem anunciado para a serra da Estrela, o panorama seria ainda pior do que o que é, pelo menos na minha visão do que deve ser o turismo da serra da Estrela. O que vale, quanto a mim, é que a maioria dos anúncios não passam disso mesmo.

Mas, para responder à pergunta com que termina o seu comentário, tenho que dizer que não: a sério, mesmo, não sei de nada.

Cumprimentos,
José Amoreira

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!