O matemático Nuno Crato (que, entre outras coisas, fez um diagnóstico a meu ver muito ajustado do estado da educação em Portugal com o livro "O Eduquês em discurso directo") assina uma coluna semanal no Expresso, sempre muito interessante, mas que esta semana diz muito ao Cântaro Zangado. Divulga uma iniciativa integrada nas comemorações do Ano Internacional da Astronomia, na qual diversas localidades promovem um "apagão" localizado, desligando a iluminação pública nalgumas zonas para nelas facilitar a observação do céu nocturno. A questão é que a iluminação pública exterior, muitas vezes exagerada e quase sempre mal desenhada, derrama no céu uma luminosidade tal que torna as estrelas praticamente invisíveis.
Li o artigo a que me refiro (cujo título copiei para este post) nas Penhas da Saúde, sábado à noite. Imagino que o céu estivesse limpo, mas não sei. Não reparei se a lua estava cheia ou não (sei que não estava, mas não reparei). Não vi a Via Láctea, nenhum meteoro, nenhum satélite artificial; não vi, sequer, o piscar de nenhum avião. A bem dizer nem mesmo sei se cheguei a olhar para o céu, durante um passeio de dez minutos, depois do café pós-jantar. A iluminação pública nas Penhas da Saúde (inaugurada há poucos anos) roubou-nos o maravilhoso espectáculo do céu nocturno, substituindo-o por uma luminosidade alaranjada intensa, indiferenciada e desinteressante, mais apropriada a uma via rápida suburbana.
Em nome de quê?
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