O centro comercial da estação é dos mais antigos da Covilhã. Não é grande coisa pelos padrões mais actuais, é antes uma espécie de "shopping de bairro", usuais há uns vinte anos. Como é vulgar nos shoppings, as lojas vão abrindo e fechando, vão-se renovando, vão sendo substituidas por novas lojas, etc. Lojas de moda, de telemóveis, de computadores, de desporto, de "bugiganguinhas para o lar", essas coisas que é normal encontrar num shopping.
Creio que não estarei a errar por muito se disser que a loja mais sólida naquele centro comercial é uma pequena frutaria (uns 10 m2) onde um agricultor vende a fruta e as hortaliças que produz na sua quinta (funciona também como revendedor de produtos de outras empresas agrícolas). Não se trata de uma destas lojas muito fashion de produtos biológicos, vegan, "salvemos o planeta" ou coisa que o valha, não. É mesmo uma frutaria, simples.
Perdoem-me o eventual reaccionarismo, mas eu acho simplesmente espectacular a existência e a aparente solidez desta frutaria tradicional naquele espaço. Acho óptimo poder comprar maçãs frescas e saborosas, mesmo que não cumpram critérios de tamanho, cor e regularidade de forma definidos por sabe-se lá quem e que por isso não são vendidas nas grandes superfícies. Acho que é um sinal de esperança, de uma "realidade verdadeira" que se impõe a uma outra, diria que mais virtual, que é decidida e regulada em centros de poder distantes e inacessíveis, e que o faz, não numa aldeia remota e "atrasada", mas logo num centro comercial urbano! Vingando onde o fashion sofisticado e modernaço frequentemente tem falhado! E que se mantém, não pela mão de um comerciante deprimido que se agarra ao seu condenado modo de subsistência, mas pela iniciativa de um jovem agricultor se afirma comercialmente, fornecendo um produto natural e de qualidade que claramente, naquele local, tem muita procura e pouca oferta!
Pois é... Misteriosos podem ser os caminhos do desenvolvimento...
1 comentário:
Esse é o caminho que vem sendo tomado em quase toda a Europa. Infelizmente,esta frutaria, é um caso isolado na Covilhã. O post-modernismo bacoco tem enchido as nossas cidades de antros de consumo.Mas não lhes auguro grande futuro. Se houver futuro.
Bom fim de semana.
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