segunda-feira, fevereiro 11, 2008

O triunfo dos cotos

Há tempos escrevi aqui sobre o valor ornamental das árvores em espaços urbanos e sobre como muitas vezes transformamos as árvores que se pretendem ornamentais em cotos informes, com as "tradicionais" rolagens camarárias. Apresentei nesse artigo um exemplo (fotografia acima) que considerei ilustrativo, porque mostrava, lado a lado, uma árvore verdadeiramente ornamental e um desses cotos informes.

A árvore ornamental foi cortada (ou podada) hoje. O que dela restava à hora de almoço é o que mostro na fotografia abaixo.

As razões para este trabalho podem ter sido as melhores. Mas o meu dia-a-dia ficou muito mais triste agora. O Bairro do Rodrigo (onde não moro, mas onde levo o meu filho mais novo à escola todos os dias) é agora, para mim, muito menos interessante. Por boas que tenham sido as razões, tratou-se de um sacrifício e, para mim, doloroso. Podemos ter evitados males maiores, estou disposto a admiti-lo, mas o preço que pagámos foi terrível.

Foi o assistirmos, no Bairro do Rodrigo, ao triunfo dos cotos informes.

4 comentários:

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Não há nada que justifique esta acção, ela apenas prova (se é que ainda era necessário acrescentar mais alguma "prova") que em termos de "desenvolvimento cívico" estamos ao nível do Burkina Faso; e que aos nossos representantes autárquicos falta muita cultura cívica, ambiental e estatura humana.

A Câmara da Covilhã ou as juntas de freguesia não têm técnicos credenciados em arboricultura que possuam qualificação profissional para decidir sobre o abate ou a poda de uma árvore; no ano passado, por exemplo, foi atribuída por concurso público a poda de centenas de árvores na Covilhã a uma empresa que, entre outras coisas, também faz demolições (e está tudo dito!...)


Isto só prova que não há "Serrashopping's" que escondam o profundo atraso cultural da nossa terra! Há dinheiro para patrocinar acções publicitárias de marcas automóveis que ajudam à degradação de um Parque Natural, mas não há dinheiro para preservar o pouco património (natural ou construído) que resta na cidade.

Somos grandes em fanfarrice e pobres, muito pobres, em tudo o resto!

Anónimo disse...

Considerar as árvores ornamentais é diminuir-lhe a condição de ser vivo e garante da vida na Terra (refiro-me ao planeta, não à paróquia), sem esquecer as suas funções práticas (lenha, sombra, manutenção higroscopia, diminuição do ruído, etc.) Não falo da função estética, porque essa requer mentes verdadeiramente superiores.

"O triunfo dos cotos", não será antes "o triunfo dos porcos"?

E pensar que pagamos para isto, para este grunhos do poder disporem a seu belprazer dos recursos municipais, assinando o ambiente e o que resta de digno nesta região: a natureza.

Tiaguss disse...

Infelizmente, ontem também me deparei com esse triste cenário.
Não percebo nada desta poda, mas que é triste é ....

Anónimo disse...

O mal é geral!!!
Todos os anos são podadas em Portugal milhares de árvores desta maneira e até pior!!!

Também não percebo nadinha de podas, mas coisas destas é que não!!!!

Pergunto é que tipo de formação têm os supostos Eng. florestais (qd os há) para mandarem fazer trabalho deste tipo???

Se perguntarem nas CM's dir-vos-ão que é a bem da segurança de pessoas e bens!!!
E faz-se nova pergunta:
E as seguradoras? Não fazem seguros que cobrem "desastres" relacionados c/ queda de árvores e afins??

PORTUGAL NO SEU MELHOR!!!!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!