quinta-feira, outubro 18, 2007

Protecção ambiental

Vi no Ondas que o governo espanhol rejeitou o projecto de construção do que seria o maior teleférico do mundo, entre a cidade de Granada e a estância de esqui da Sierra Nevada. Esta estrutura iria atravessar o Parque Natural e passaria nos limites do Parque Nacional da Sierra Nevada.

Quero realçar alguns excertos da notícia (traduzidos por mim, "à pressão", do castelhano):

  • A actuação projectada resulta incompatível com o sucesso dos objectivos do Parque Nacional. Trata-se de uma proposta de interesse privado, não responde a uma aspiração social, e não contribui para minorar as tensões ambientais da zona.
  • Existem suficientes incertezas e riscos económicos a médio prazo para pôr em dúvida a coerência de um empreendimento com estas características, com os riscos ambientais e o impacto territorial que acarreta
  • O Ministério do Ambiente adverte de que um Parque Natural "trascende os limites do espaço, projectando-se sobre o seu espaço imediato", tal como traduz o Plano Director da Red de Parques Nacionales, em referência à vizinhança do traçado previsto pelo teleférico.

A estância de Sierra Nevada é uma estância "a sério" (veja-se a lista das pistas ou a dos meios mecânicos instalados, só para se ter uma ideia), sem comparação possível com a nossa instalaçãozinha aqui da Torre. Está situada a uma altitude muito superior, e a sua viabilidade é muito menos incerta que a da nossa. O papel que desempenha na economia da região é significativo. Os interesses económicos instalados em Granada são infinitamente mais poderosos e influentes que as "forças vivaças" que se movem aqui pela nossa serrinha. Mesmo assim, foram contrariados.

Se verdadeiramente queremos proteger o ambiente, não basta criar no papel áreas protegidas. É preciso, depois, protegê-las. Os espanhóis dão sinais de já o ter percebido.

3 comentários:

Rui Peixeiro disse...

Cá em portugal, o facto de ser a maior do mundo, ainda era mais um motivo para se fazer!!!


Esperemos que as "forças vivaças" aprendam um pouco com nuestros hermanos.

ljma disse...

Sim, de facto podiam aprender sobre qualidade e gosto na construção, sobre preocupações com a limpeza dos locais, sobre turismo em espaços naturais. Não lhes peço preocupações ambientais muito mais aprofundadas porque essas cabem especialmente aos organismos responsáveis pelo ambiente. Estes também podiam aprender um pouco com os nossos hermanos.

Ou então começam eles a aprender connosco. Já viste a falta que por lá fazem os PIN? ;)

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Convém sublinhar que em Espanha, como por todo o lado, as coisas não são perfeitas. Mas que, com todas as barbaridades que por lá também são cometidas, têm (ainda assim) um cuidado em compatibilizar estas grandes obras com a preservação ambiental como nós não teremos nem daqui a 20 ou 30 anos...

E isto deveria fazer-nos pensar muito, mesmo muito...

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!