segunda-feira, janeiro 22, 2007

Como se faz lá fora

Abra-se a página web da estância de esqui espanhola de Baqueira-Beret, uma das maiores da Península Ibérica. Damos imediatamente com o seguinte texto (apresento-o aqui pois ele pode vir a ser retirado da página de entrada da estância):

COMUNICADO DE BAQUEIRA-BERET
Diversos medios de comunicación se han hecho eco de las denuncias de un grupo ecologista de Lleida a Baqueira-Beret. El grupo ecologista acusa a Baqueira-Beret de "desecar" el lago del Clot der Os y de captar agua del río Garona sin permiso. Ambas acusaciones son falsas.
Baqueira-Beret viene utilizando el agua del Clot der Os con todos los permisos necesarios y por debajo del volumen de agua que tiene autorizado. Tampoco es cierto que haya captado un solo litro de agua del río Garona, para lo que tiene solicitado y en trámite el permiso de captación desde el año 2002.
El agua utilizada para la producción de nieve (o riego con nieve) de Baqueira-Beret ha permitido mantener abierta la estación en condiciones adecuadas para el esquí desde el inicio de la temporada, sosteniendo la actividad turística de toda la comarca del Valle de Arán en una situación de excepcionalidad. Y este agua para el riego con nieve, como para el riego agrícola, es siempre la sobrante de otros usos prioritarios como pueden ser para consumo humano, caudales ecológicos u otros, disponiendo de las debidas autorizaciones de los organismos reguladores competentes.
Para quem não entende castelhano, o que se passa é que a direcção da estância repudia acusações feitas por um grupo ambientalista de Lérida de que a produção artificial de neve estaria a secar um lago (Clot der Os) e ainda de que estariam a captar água no rio Garona sem autorização. De acordo com a direcção da estância, tem-se utilizado água do lago de Clot der Os com todas as autorizações necessárias, e usando um caudal inferior ao limite máximo regulamentado. Mais afirma que a utilização da água para a produção de neve está condicionada a funções mais prioritárias, como a utilização para consumo humano ou a manutenção de caudais ecológicos.

Independentemente da questão em si, de que não conheço os detalhes, quero salientar o seguinte

  1. "Lá fora", as estâncias de esqui também se confrontam com a oposição de grupos ambientalistas.
  2. "Lá fora", está regulado, em acordos formais com os organismos públicos de administração do território, em que fontes podem as estâncias de esqui alimentar-se de água, quais os caudais que podem usar, e qual a prioridade que essa utilização tem relativamente a outras.
E "cá dentro"? Como é? Na Serra da Estrela há limites para a utilização de água na produção artificial de neve? Quantos estudos de impacto ambiental foram feitos para o funcionamento da estância na Torre ou para a sua recente ampliação (com a instalação de teleskis, da telecadeira e dos canhões de neve), a fim de determinar (entre outras coisas) os limites que a produção artificial de neve deveria respeitar? De acordo com declarações de Jorge Patrão (presidente da Região de Turismo) recolhidas pelo Público (suplemento Local Centro) de 1 de Dezembro de 2006, nenhum. Mais ainda, de acordo com essas mesmas declarações, Jorge Patrão acha que assim é que deve ser!
E nós, caro leitor, também achamos?

Nota: Comentei estas declarações de Jorge Patrão aqui.

Sem comentários:

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!