quinta-feira, novembro 23, 2006

As marcas que deixamos

Um amigo enviou-me esta opinião:
A aplicação da sinalização para a realização de provas desportivas, àparte o impacte visual, tem pelo menos a virtude de assinalar as zonas onde pessoas ou empresas desenvolvem actividades que estão a contribuir para a erosão dos solos e são, salvo melhor opinião, completamente ilegais. A generalidade das pessoas vê o lixo mas não se apercebe do impacte que as provas de BTT provocam no meio físico. E esse está lá. Basta seguir as fitas. As autoridades têm ali uma prova, evidente, da irresponsabilidade de quem só pensa na serra para ganhar dinheiro.
Actue-se!
Concorde-se ou não com o que diz o meu amigo, uma coisa devemos ter sempre presente: o impacto do BTT existe, como existe o das caminhadas, da escalada, da caça e da pesca, das moto-4, dos jipes, etc. Devemos procurar minimizar esse impacto, obviamente. Isso não se faz enquanto acharmos que a nossa modalidade é muito amiga do ambiente (seja qual for a forma como a praticamos), e que o problema é todo causado pelos outros, essa imensa mole de outros que praticam outras modalidades, todas prejudiciais, que deviam ser todas proibidas. Todas menos a que praticamos, claro, que essa deve ser autorizada seja em que moldes for!
Voltemos ao BTT. Acontece que, quando me agrada uma actividade, desato a comprar livros sobre ela. A leitura é uma maneira de matar o bicho nas alturas em que não posso praticar. E tenho alguns livros sobre BTT. Um deles, "Mountain Bike", escrito pelos editores das revistas Mountain Bike e Bicycling, começa assim o seu quinto capítulo (tradução feita "a la main")
A habilidade mais importante para montar bicicletas de montanha é a de causar o mínimo impacto ao meio ambiente. É mais difícil do que subir uma montanha empinada, mais duro do que atravessar o Colorado e um desafio maior do que descer a White Mountain sobre rochas e rios. Porquê? Porque ver o trilho que temos pela frente não é nada comparado com ter consciência dos sulcos que deixamos atrás de nós.
O resto do capítulo é dedicado ao estudo das formas de minimizar o impacto sobre o meio ambiente. Noutro livro (este foi-me emprestado, já não sei o título), um capítulo semelhante, depois de começar nestes mesmos moldes, terminava afirmando que pedalar com cuidado não causa um impacto maior do que caminhar com cuidado. Não tenho razões para duvidar disto.

Saibamos todos ter consciência dos sulcos que deixamos atrás de nós. Os que gostam de btt e os outros todos, também.

1 comentário:

TPais disse...

Observação muito pertinente! "Isso não se faz enquanto acharmos que a nossa modalidade é muito amiga do ambiente "
Todos temos tendência para cair nesta tentação! E por vezes é bom que alguem nos lembre disto e nos "chame à terra" para não perdermos o rumo!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!