O edificio em cima foi construido nos anos setenta para servir como estação de saída do ex-futuro teleférico Piornos-Torre. Este importantíssimo investimento (tão importante que a sua construção foi um dos objectivos da criação da Turistrela, ou pelo menos assim está referido no decreto lei que a criou) foi feito, mas o teleférico nunca chegou a funcionar por razões de segurança que, aparentemente, só se tornaram evidentes depois de estarem os trabalhos praticamente concluídos (como diz o outro, não há pior cego do que o que não quer ver). Durante mais de 20 anos, as estruturas do teleférico ficaram a apodrecer, os cabos suspensos sobre a Nave de Santo António, num autêntico monumento à estupidez. No final dos anos noventa, toda a instalação foi (e bem!) removida, numa operação que custou várias ordens de grandeza mais do que a construção inicial (diga-se de passagem, esta lição não serviu de nada, há já projectos para novos elefantes brancos deste tipo). Toda a instalação foi removida? Não, nem toda. Resiste ainda este enorme mamarracho, que ficou aqui esquecido. Terá sido mesmo por esquecimento? Não sei. Sei é que a Turistrela anunciou a intenção de aproveitar este indescritível horror arquitectónico, transformando-o numa espécie de piscina tipo Caldeia (em Andorra). Façam um favor à Nave de Santo António e a todos os amantes da Serra (turistas incluídos): removam mas é este lixo daqui!
Os monos que agora aqui apresento, tristemente célebres, são parte dos restos da estação de radar da Torre. Não sei se esta estação terá sido muito importante no balaço geral de forças nos anos sessenta, ou sequer se terá sido relevante para o papel português na NATO. Sei é que essa importância se esgotou, aparentemente, após cerca de 15 anos de utilização. Trinta anos depois de ter sido desactivada esta base, qual será o destino mais razoável a dar a todos estes mamarrachos? É deitá-los abaixo e limpar o entulho, o mais depressa possível! Infelizmente, como se pode ler aqui, a Turistrela (contando com o costumeiro apoio da Região de Turismo da Serra da Estrela) quer aproveitar estes horrores (mais apropriados para cenários de filmes rascas de ficção científica) para apoio no aluguer de material de esqui e na venda de forfaits da estância, para um restaurante com vista para as pistas de esqui e para um "observatório panorâmico" (expressão introduzida por Jorge Patrão, talvez por considerar o termo "miradouro" demasiado vulgar para tão sofistificados mamarrachos). Deixem-se disso! Tirem mas é este lixo daqui!
Referi apenas dois exemplos, mas há outros. E ainda temos que considerar os que a Turistrela planeia: estações para os novos teleféricos para a Torre (partindo um da Lagoa Comprida, do lado oposto à estrada nacional, o outro do Covão do Ferro); hotéis na Torre e nos Piornos; aparthotéis na Varanda dos Carqueijais; centro comercial nas Penhas da Saúde; não-sei-o-quê-mais no Vale do Rossim e na Lagoa Comprida...
Ou começamos a fazer as coisas bem, ou não sei onde isto vai parar... E fazer as coisas bem, para já, é demolir o que nunca, mas mesmo nunca, devia ter sido construído!
4 comentários:
É curioso como em algumas pessoas a mentalidade esteja a regredir para tempos anteriores!Talvez seja pelo facto de não se explicar convenientemente às pessoas (especialmente locais) o que é que se quer proteger na serra e se façam proibições permanentes sem se evidenciar os seus beneficios. Hoje em dia muita da população local "vê" o parque como um entrave às suas ambições.Talvez hoje em dia o Parque seja pouco mais do que isso...No entanto se a Serra da Estrela atrai hoje muitos turistas é exactamente por ter determinadas caracteristicas que lhe conferiram o estatuto de área protegida. Caso contrário seria mais uma área abandonada do interior de Portugal.
Abaixo com os mamarrachos que esses não tem ponta por onde se lhe pegue, não facilitam acessos e não atraiem gente!!
Concordo plenamente contigo, esses projectos como: casino, aparthoteis, restaurantes, etc etc, podem muito bem ser edificados nas cidades e vilas junto da serra. A serra ela deve ser natureza pois e isso que os turistas gostam de ver e apreciar.
Estou contigo abaixo os mamarrachos.
Ai, o parque... Acho que, se a população o vê como descreves, Tiago, isso se deve em parte a certos discursos, típicos do terrorismo institucional oportunista tão corrente em Portugal (o exemplo mais recente de que me estou a lembrar assim de repente é o das pedradas nos fiscais do ambiente, de Fernando Ruas). Mas tão ou mais importante que o oportunismo terrorista das forças vivaças locais é a aparente apatia do parque. Neste aspecto, o projecto da Associação de Produtores Florestais do Paúl foi uma lufada de ar fresco, por mostrar como a colaboração com o PNSE pode ser uma coisa positiva, também para as populações.
idei estupida deitar abaixo as duas torres que sao o exlibris da serra sao miticas toda gente diz vou a torre pensem noutras coisas mais importantes deixem se disso voces querem so destruir a nossas imagens do nosso portugal
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