sábado, abril 08, 2006

Que imagem damos da Serra?

Apresento a seguir uma lista de eventos que ocorreram na Serra da Estrela nos últimos 12 meses
  • XV Encontro de escaladores - Verão 2005
  • Rave party no sanatório - Julho? Setembro? 2006
  • Rampa automobilística da serra da Estrela (2005)
  • TransEstrela (maratona atlética Manteigas - Torre - Manteigas) - Agosto 2005
  • Subida do Sameiro (10 km atletismo de montanha) - Novembro 2005
  • Rampa do Alva (10km atletismo de montanha) - Março 2006
  • Rampa da Covilhã (cerca de 7km atletismo estrada) - Fevereiro
  • Nevestrela 2006 - Fevereiro 2006
  • Snow Fashion 2006 - Março 2006
  • Gravação de episódios do concurso "1ª Companhia - Dezembro 2005
  • Gravação de episódios da telenovela "Morangos com Açúcar" - Abril 2006
Tenho a certeza de que esta lista está gravemente incompleta e, como se vê, de muitos dos acontecimentos que apresento já nem sei as datas, sequer. O que pretendo com esta listagem é que pensemos quais foram os eventos desta lista que tiveram melhor ou maior cobertura nos meios de comunicação. Quais é que foram acompanhados de discursos ou simples declarações de personalidades públicas da região? Quais é que foram, de facto, eventos? Pensemos nisso, e, em função da resposta, pensemos também que imagem da Serra da Estrela estamos a transmitir, que tipo de turistas estamos a atrair e que outros estamos a repelir, que espécies de turismo estamos a promover e quais estamos a prejudicar. Pensemos nestas coisas da próxima vez que ouvirmos algum representante das forças vivaças dizer que a neve é a âncora do turismo na Serra (Jorge Patrão, Diário XXI, 30 de Novembro de 2005), ou que Portugal é "um país que não anda" (Lemos dos Santos, coordenador da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela, ver blog Tráfego na Serra da Estrela).
Há turismo de natureza em Portugal. Basta dar um salto ao Gerês no Verão para o ver. De facto, há pouco desse turismo cá pela nossa serra. Parece-me que em grande parte isso se deve à imagem da Serra que temos querido divulgar. E o que é que eu tenho que ver com isso? É que quanto menos se apostar em turismo de natureza, mais parece que só é viável o turismo "rodoviário", o turismo residencial, o turismo urbano, que estão a rebentar com a Serra que me habituei desde pequenino a apreciar.
(Nota: infelizmente para a imagem da Serra, a paisagem que ilustra este post ardeu no Verão passado. Esta mata já não existe.)

8 comentários:

Anónimo disse...

Aqui sou um pouco tendencioso...
O gosto por automobilismo, leva-me a dizer que este evento até deveria ter mais impacto nos média!
Mas, não por ser na Serra...

Quanto à Serra em sí, acho que deveriam dar mais relevo aos eventos que promovem mais o contacto com a natureza. Infelizmente, esses são os que por norma movem menos €€€, tornando-se assim menos "interessantes" para os média.

ljma disse...

Olá fixer! Mas eu não estou a ser tendencioso! Eu detesto automobilismo, mas não me ouves dizer que acabem com a rampa. Aliás, também detesto tudo o que está construído na zona da Torre e não me ouves pedir que fechem a estância ou que deitem abaixo o centro comercial, nada disso! O que peço é equilíbrio e noção do que é fundamental.
A questão é que, na Serra, tudo o que não é maluquices destas das rampas, raves, fashions, passarões da TV (desculpa, é a minha opinião, mas não ligues, eu também tenho as minhas maluquices, e não as acho melhores que as tuas), pura e simplesmente parece não existir. Mais uma vez, é o essencial, a própria natureza definidora da Serra que é esquecida, quando não é objectivamente sabotada! Com este post, não estou a tentar criticar ninguém em concreto (ou melhor, sempre lá deixei aquelas duas citações, do Jorge Patrão e do Lemos Santos, a verdade seja dita...). Ou então estou a criticar também os organizadores dos eventos que eu aprecio, por não tomarem mais a peito a sua divulgação. E o caso mais gritante é justamente o do Nevestrela: uma coisa que todos os anos desde há vinte e tal reúne 400 a 600 pessoas (desde montanhistas puros e duros até miúdos de escola que vêm para a neve de sapatilhas), num acampamento no Covão da Ametade, que aconteceu este ano num fim de semana em que todos os canais fizeram reportagens na Serra entrevistando turistas nas Penhas da Saúde que não tinham nada, mas mesmo nada para dizer, e em lado nenhum, nem sequer no JF, sai uma noticiazinha a dar conta do evento. Não consigo compreender isto. Volto a dizer que não quero com isto criticar ninguém, ou melhor, talvez queira criticar toda a gente (e a mim também, que só blogo, só blogo - Ah, mas amanhã é fds e está bom tempo, vou mas é dormir, para aproveitar amanhã)!

ljma disse...

Só mais uma coisa. Não gosto da rampa, mas tudo bem, desde que limpassem tudo no fim (não, ficam as tiras de plástico que indicam onde se devem posicionar os espectadores pela estrada acima). Não gosto da Volta a Portugal, mas tudo bem, desde que limpassem tudo no fim (não, ficam as pedras todas sujas com os grafitti de encorajamento aos ciclistas). Não gosto das tretas fashion, mas tudo bem desde que limpassem tudo no fim (ou melhor, aquilo já está tão sujo que se calhar nem se nota o lixo-fashion que para lá ficou). Não gosto das moto4, mas tudo bem, desde que limpassem tudo no fim (não, ficam as fitinhas de plástico com que assinalam os percursos) [ah, e peço também que não me tentem atropelar (deixa-me exagerar um pouco, estou a ficar com sono) de cada vez que nos encontramos nas curvas]. Vou dizer ainda mais, gosto de BTT, mas gostaria ainda mais se no fim dos eventos colectivos limpassem o que lá deixam para cima (aconteceu uma vez, alguns dias depois de uma competição de BTT aberta à população organizada pelo Clube de Montanhismo, ter encontrado dezenas de garrafas de plástico vazias na estrada do pião, num sítio onde tinham colocado um ponto de distribuição de bebidas). Gosto de passeios pedestres, mas detesto (como já aconteceu) ver no Covão Cimeiro ou perto da Lagoa do Peixão ver trilhos assinalados com as mesmas fitinhas de plástico presas à vegetação que os das moto4 tanto gostam...
Volto a dizer, não é o que se faz na Serra que mais me chateia, é o modo como se faz. E também o facto de se fazer tão pouco do que realmente se devia...

ljma disse...

Ah, só memso mais uma coisa: Bom fim de semana!

Anónimo disse...

A questão da divulgação, é muito complicada, e aqui a meu ver os maiores culpados nem são os "grandes Srs da Serra"...
Os média o que querem é noticias, reportagens, ... de algo que venda, que lhes traga algum retorno. Como tal, eles vão à caça daquilo que já sabem que o "povo" gosta de ver e ouvir. Até acredito que se o Artur Costa Pais fizer um evento qualquer na Serra, nem se quer tem de falar com os médias para eles publicarem reportagens do mesmo, isto porque eles já sabem que aquilo é "famoso" e basta-lhes saber que vai haver, para irem até lá.

Já os outros eventos, que até podem ter muitos mais intervenientes mas não são tão mediáticos para a restante população, para terem "tempo de antena" têm que conseguir "vender bem o peixe". Precisam eles mesmo de falar com os meios, incentivá-los a aparecer e muitas vezes até pagar!
Como há poucos organizadores destes eventos que consigam ou queiram fazer tudo isto para conseguirem uma reportagem, é também mais fácil aos meios de comunicação continuar a dar ao "Zé Povinho" do mesmo, que ele até gosta...


Como ex-organizador de provas de BTT, tenho de engolir em seco, pois na altura deixamos ficar algumas fitinhas presas à vegetação... A ideia seria deixar os percursos marcados. Fora isso, sempre tivemos um grande cuidado em não estragar os locais das provas e nem deixar lixo para trás.


Bom fim de semana também para si e restantes leitores.

ljma disse...

Olá, fixer. Os percursos ficam marcados, mas como? As fitinhas podem inicialmente não ser muito desagradáveis à vista (depende dos gostos), mas passado pouco tempo perdem a cor, vão-se soltando ou rasgando, enfim, vão-se transformando em lixo! E depois, os do BTT deixam fitinhas; os das moto4 deixam fitinhas; os dos jipes deixam fitinhas; até os das caminhadas começam a deixar fitinhas; onde já há lixo, mais facilmente se deixa mais lixo... Onde é que paramos? Mas deixe lá, todos fazemos disparates. Eu, por exemplo, quando fumava deixei muitas piriscas nas reuniões no meio das vias de escalada (o que é que custava apagar o cigarro e meter a beata num bolso ou no saco do lixo?). Pode ter pouco impacto sobre as lagartixas (não sei, não sou biólogo), mas tem imenso sobre os escaladores como eu (agora que ganhei juízo). O que é preciso é reconhecer que tudo o que fazemos tem um impacto sobre o ambiente, que é preciso minimizá-lo, e que devemos ser um bocadinho exigentes neste aspecto, pelo menos com nós próprios. É em grande medida da limpeza dos espaços que depende a sua beleza, logo, a qualidade da nossa experiência deles.

Anónimo disse...

Modestamente, acrescento-lhe dois outros eventos, realizados na área da Serra da Estrela no último ano. A 29 de Maio de 2005 disputou-se, com partida em Cortes do Meio e chegada nas Penhas da Saúde, o 8º Campeonato Nacional de Corrida em Montanha, numa organização do GADC Bouça e Federação Portuguesa de Atletismo. Esta competição, além de consagrar os campeões nacionais da passada temporada, serviu ainda de apuramento para os componentes da selecção nacional de atletismo em montanha, masculina e feminina, que estiveram presentes na Áustria, em Julho de 2005, no 4º Campeonato da Europa de Atletismo em Montanha.
O Campeonato Nacional de Corrida em Montanha contou com a presença de atletas vindos de todos os distritos e ilhas além duma marcha pedestre não competitiva que teve uma assinalável participação.
Já este ano, a 5 de Março último, o CCD da Câmara Municipal de Manteigas fez disputar a 24ª edição dos 12 Kms Manteigas - Penhas Douradas. A prova, criada em 1983, obteve de imediato um sucesso enorme a nível nacional, contando habitualmente com cerca de 300 atletas e mais de 1000 (mil, para que não existam dúvidas na contagem dos zeros...) caminheiros. Utiliza a estrada municipal asfaltada que passa ao Estádio Municipal e Capela de S.Sebastião, até entroncar na EN 232 nas proximidades da Fonte da Carvalheira, que percorre durante cerca de 300 metros, voltando de imediato à esquerda para a estrada florestal de acesso ao Observatório Meteorológico das Penhas Douradas, voltando a entroncar na EN 232 junto ao cruzamento das Penhas Douradas, voltando de novo à esquerda, em direcção às Penhas Douradas (julgo que EN 232-1),estando a meta instalada no largo do final dessa mesma estrada (Vale Formoso).
Os caminheiros percorrem o trilho T12 do PNSE, com meta instalada no mesmo local dos atletas.
De há 4 ou 5 anos a esta parte, disputa-se de igual modo uma actividade aberta a duas rodas (BTT), em percurso que utiliza parte dos trajecto dos atleas e parte do trajecto dos caminheiros, de igual modo com meta nas Penhas Douradas, e que conta com cerca de 100 participantes.
Que tipo de cobertura noticiosa é que este eventos tiverem, tanto a nível regional como nacional?
Atrevo-me a responder que escassa cobertura, dada a importância dos eventos e o número de participantes envolvidos.
Que apoios obtiveram estas mesmas actividades por parte das entidades que defendem o turismo na região?
Seguramente nulos, até por experiências de apoios prometidos e nunca concretizados...
A importância dos mesmos num nicho de actividades que se enquadra perfeitamente na fruição da Serra da Estrela, e a enorme participação verificada, não será suficiente para demonstrar a validade da aposta neste tipo de turismo?

ljma disse...

Obrigado pela achega, António Manuel Matias. Eu já sabia que não estava a ser exaustivo. Temos ainda que incluir as marchas abertas organizadas pelo Clube Nacional de Montanhismo pelo Clube de Campismo e Caravanismo da Covilhã, as caminhadas (e outras actividades interessantes) organizadas pelo CISE de Seia, e tantas outras ainda. Parece-me que há muita, muita gente que sabe perfeitamente o que há-de fazer na Serra, ridicularizando aquela teoria do "Pois, está mal, os turistas vêm à Serra admiram a bela paisagem, mas não têm nada para fazer... Devia era construir-se aqui um centro comercial!"

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!