domingo, junho 19, 2011

Sanatório dos ferroviários

Gruas no sanatório

Há já alguns meses, iniciaram-se as obras de reconstrução do antigo sanatório dos ferroviários, situado entre a Covilhã e as Penhas da Saúde. Esta reconstrução, que ao longo das décadas foi sendo anunciada "para breve", teve uma história interessante, que resumi aqui.

Admito que sejam uma necessidade temporária, mas não gosto mesmo nada de ver a crista da colina da Covilhã decorada com estas gruas. Oxalá que as obras sejam rápidas e que não afectem uma área muito alargada.

Sobre a importância para o turismo das reconstruções na serra, tenho a opinião que apresentei noutro post: que, quase sempre, em vez de reconstruir, é melhor demolir e limpar e ainda que o que importa mesmo reconstruir é a paisagem e o ambiente. Só para dar um exemplo, consegue-se imaginar a importância turística de uma floresta autóctone e variada (carvalhos, bordos, vidoeiros, castanheiros, freixos, tramazeiras, cerejeiras, etc) mais ou menos contínua entre a Covilhã e Unhais da Serra (estou a considerar apenas as zonas mais afastadas dos povoados, os baldios tradicionalmente desaproveitados para a agricultura)?

Uma tal floresta, já formada, atrairia turistas pelos valores naturais (observação e interpretação da natureza) e paisagísticos (imaginem-se, como já sugeri aqui, as cores de Outono que a colina da Covilhã apresentaria), gastronómicos (cogumelos e bagas) ou até pela caça. Claro que, dado o estado em que as coisas estão, seria preciso esperar décadas para que as árvores crescessem. Ah, se tivéssemos começado este esforço em 1991, quando ardeu o pinhal sobre a Covilhã...

Mas entretanto, poderíamos também dinamizar o turismo atraindo activistas e voluntários para acções de reflorestação. Sim, isso também é (ou pode ser) turismo! A Associação Cultural dos Amigos da Serra da Estrela tem todos os anos trazido a Manteigas várias centenas de pessoas que participam nas actividades do programa Um milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela. Se uma associação cultural, com uma estrutura pequena e amadora, tem conseguido o que consegue, ano após ano, o que não conseguiria uma autarquia ou associação de municípios, uma região de turismo ou uma associação de empresários? O que não conseguiriam duas ou mais destas estruturas em colaboração?

2 comentários:

TPais disse...

O Sanatório é um edificio com história própria e parece que é mesmo desta que as obras avançam... vamos ver se chegam ao fim. O facto de ter história poderá ser um atrativo adicional, no entanto, desconfio que as alterações vão ser tantas que pouca história restará para contar. Independentemente disso é mais uma infraestrutura extra perimetro urbano o que acarreta algumas questões de ordenamento com implicações várias nomeadamente questões ligadas aos incendios de verão e necessidade de maior dispersão de meios de combate. Nos ultimos anos, Espanha investiu 10 milhões de Euros na manutenção de trilhos. Obviamente que é imenso dinheiro e que só justifica fruto do grande retorno que Espanha tem por parte deste turismo, mas para se colher é preciso semear. Julgo que o Turismo da Serra da Estrela, juntamente com o PNSE e empresas locais ligadas ao sector deveriam chegar a um acordo para o financiamento destas despesas de manutenção de trilhos e de uma vez por todos termos uma visão global da serra e não termos trilhos por sectores.
Abç
TP

ljma disse...

Pois, Tiago, esse investimento nos trilhos é outro (para além das reparações ambientais ou renaturalizações que referi no post) que me parece mais urgente do que a reconstrução do sanatório.
Abraço
Ze Amoreira

PS: já agora, uma pesquisa no google indicou-me este artigo no Porta da Estrela (a ligação pode não ser permanente), sequndo o qual o orçamento (previsto) para a reconstrução do sanatório é de 19,6 milhões de euros (compare-se com o total de 10M€ gastos em *toda* a Espanha). Claro que é apoiado por financiamento europeu (QREN), mas este que se gasta neste hotel não estará disponível para desenvolver e diversificar o turismo da serra por outros segmentos que, até hoje, continuam na serra quase completamente esquecidos ou desprezados, vá-se lá saber porquê..

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!