A Câmara Municipal da Covilhã está actualmente entusiasmada com um novo projecto, nascido no seio da recentemente criada Associação de Turismo da Covilhã (ATC): um parque de desportos de Inverno, a instalar entre a antiga carreira de tiro (em Santo António) e a ponte do Rato (ver aqui e aqui).
Há um aspecto deste projecto que me agrada: a sua localização. Não vão ser necessárias mais estradas serra acima, não se vão artificializar zonas até agora relativamente poupadas, não se vão urbanizar novas áreas na serra. O Cântaro Zangado fica, desta vez, aliviado.
Mas vem a propósito lembrar que a ideia de um parque de desportos de Inverno já foi tentada na Serra da Estrela, em Sameiro, no concelho de Manteigas. A anterior experiência foi gerida até há muito pouco tempo pela Turistrela (um dos fundadores da ATC) e não parece ter sido grande sucesso. Sobre o que publicamente se foi sabendo acerca dos problemas que a autarquia manteiguense teve com a administração do ski parque do Sameiro, fui tecendo uns comentários aqui, aqui e aqui. O actual presidente da Câmara Municipal de Manteigas, referiu-se ao skiparque numa entrevista recente, afirmando que "Quando foi construído, pretendia-se que o equipamento viesse complementar o reforço económico do concelho. As coisas não correram bem, o complexo está um pouco degradado e o contrato não foi devidamente cumprido. Neste momento está a resolver-se no sentido de dinamizar aquele espaço, credibilizá-lo, promovê-lo e dar-lhe melhor funcionalidade". O anterior presidente da Câmara Municipal de Seia, Eduardo Brito, numa entrevista ao jornal Porta da Estrela, apresentou a pista de Manteigas como uma "lição" que quanto a ele justificava o abandonar de projectos semelhantes que terão chegado a ser idealizados em Seia.
Para a construção deste novo ski parque, são necessários, assim o disse Carlos Pinto (presidente da CM da Covilhã) apoios públicos. Espero que quem decidir estes apoios estude a lição da pista de Manteigas, até porque os protagonistas (Turistrela) são os mesmos. É que há a possibilidade de a história se repetir, de chegarmos um dia, cá na Covilhã, a comentar que "Quando foi construído, pretendia-se que o equipamento viesse complementar o reforço económico do concelho. As coisas não correram bem, o complexo está um pouco degradado e o contrato não foi devidamente cumprido. Neste momento está a resolver-se no sentido de dinamizar aquele espaço, credibilizá-lo, promovê-lo e dar-lhe melhor funcionalidade".
A lição do Sameiro foi dada a todos. É agora preciso estudá-la, para evitar cair nos mesmos erros.
16 comentários:
E eu a pensar que o próximo Post iria ser sobre a Portaria n.º 138-A/2010, com o novo regulamento do ICNB, que termina com taxas das actividades desportivas em áreas protegidas.
Estava interessado em saber a opinião do José Amoreira, sobre se esta portaria foi, ou não, escrita com os pés.
Anónimo, a dúvida mais apropriada aqui quanto ao "Cântaro", não é sobre o que será o próximo post, mas sim se haverá próximo post ;).
Já soube dessa nova portaria, li em diagonal uma notícia no Público, mas ainda não a li no diário da República. Estou à espera de tempo e de pachorra...
Bom fim de semana
José Amoreira
Claro que são necessário tempo e pachorra. Afinal, custa sempre mais o elogio que a critica.
Olá anónimo!
Oiça, se quer discutir a nova portaria, discutamos a nova portaria. Já a leu? Que tal lhe pareceu? Quais as diferenças relativamente à anterior? Parece-lhe melhor ou pior? Eu ainda não a li com atenção. O que li deixou-me dúvidas em diversos pontos, mas parece-me no geral muito melhor que a que foi revogada.
Se quer discutir a portaria antiga, discutamos a portaria antiga. Já a leu? Que tal lhe pareceu? Quais as suas virtudes e quais os seus defeitos? Concorda com a decisão de a suspender?
Venha daí a sua opinião sobre a (ou as) portaria(s) que assim mais facilmente me convenço a estudá-las. Ou o anónimo apenas "estava interessado em saber a opinião do José Amoreira"?! Olhe que eu não sou o Oráculo! E não pretendo ler portarias a pedido, desculpe. Portanto, ou temos pontos de vista que queremos discutir (mas *ambos* temos que os ter) ou então não sei o que pretende aqui.
Há aqueles a quem é mais fácil criticar que elogiar, de facto. Resvalam frequentemente para a crítica gratuita, aquela que serve apenas para exibir uma pretensa superior inteligência e mundividência e não para tentar mudar o que se considera estar errado. Os que querem parecer mais sofisticados, usam um estilo insinuado, subentendido, que pretende deixar o criticado na dúvida. Parece-me ter detectado essa tendência no seu curto comentário, anónimo: quer tornar mais claro o que concretamente pretende dizer com a constatação "Afinal, custa sempre mais o elogio que a critica"?
Cumprimentos
José Amoreira
Depurando o embalo sentimentalista da sua resposta, devo dizer que já exprimi a minha opinião, ou seja, deve ser elogiada a nova portaria.
Parece que estamos no bom caminho, sendo certo que não teria sido possível o legislador emendar a mão (e não o pé!!!) sem o contributo/protesto de todos os que se manifestaram contra a anterior portaria.
A nova portaria abre a porta a que mais facilmente sejam desenvolvidas actividades relacionadas com o turismo da natureza, sem necessidade de autorizações prévias e sem a necessidade de pagamento de taxas sem qualquer sentido.
Faltam agora os empreendedores fazerem o resto do trabalho…
Olá anónimo.
Não sei onde detectou embalos sentimentalistas na minha resposta e (talvez por isso) não percebi que os tivesse depurado. (Mas isto é um aparte lateral sem importância, uma alfinetada irrelevante em resposta ao que me pareceu outra alfinetada alfinetada irrelevante. Já agora, e se nos deixássemos destas irrelevantes alfinetadazinhas, anónimo?)
Quanto à portaria em si, eu tendo a concordar consigo. Esta parece-me melhor que a anterior. Pelo menos alarga o campo das situações em que não há lugar a pagamento por pedidos de autorização. Algumas dessas situações já incluem as actividades normais em áreas protegidas de montanha, ao menos isso.
Mas preferia que os "pedidos de autorização para a realização de actividades de lazer e educação ambiental" fossem isentos de pagamento, e não apenas "quando apresentados por escolas e pessoas colectivas de utilidade pública reconhecidas nos termos do Decreto-Lei nº 391/2007, de 13 de Dezembro" (refiro-me à alínea g do ponto 3 do Artigo 2º.
Talvez o legislador tivesse uma boa razão para impor esta condição, razão que eu não estou a perceber. Mas parece-me à partida que o pagamento (numa lógica [que é discutível, mas que está na moda] de utilizador-pagador)deveria estar ligado ao custo do serviço prestado pelo ICNB. Se para fundamentar um parecer são necessárias perícias técnicas, medições in loco, acompanhamento, deslocação de técnicos, muito bem, que se paguem esses serviços; mas verificar se uma caminhada se pode fazer num dado trajecto é uma questão trivial e por isso o pedido devia ser isento de pagamento, mesmo quando apresentado por um clube ou grupo informal de amigos, sem declaração oficial de utilidade pública.
Em resumo, acho que esta portaria é melhor que a anterior, mas tenho curiosidade (e algum receio) relativamente à forma como será aplicada.
Cumprimentos
José Amoreira
Apesar da legislação que sai amiude, a partir do M. Ambiente tal como a partir do Ministério da Economia (Turismo de Portugal), o grande problema é a fiscalização (ou a falta dela). Todas as empresas de Animação Turística já foram fiscalizadas mais que uma vez, mas a grande "ameaça" vem de organizações que não existem, não têm sede, sócios, contactos fixos, e como tal também não têm seguros ou alvará, obrigatório. É assim difícil regular as actividades de turismo natureza, o que se tenta através de tanta legislação. Saem prejudicados os turistas, as empresas legalizadas e o parque (embora pareça não importar-se). As pessoas que pretendem visitar esta região, se não tem possibilidade de o fazer através de algumas actividades (escalada, rapel, p.exepl), vão para outras A.P. Afinal perdemos todos (hotelaria, restauração, Anim.Tur, etc), em deterimento de outras zonas do País.
Aligeirem a legislação e fiscalizem como deve ser, conheçam o trabalho das empresas. Mas assim..., sempre dá menos trabalho.
Gilda
Serraventura
Boas!Penso que é incomparavel a Covilhã com o Sameiro.Precisa-se de projectos inovadores, mas com cabeça, tronco e pés.O que existe no Sameiro é uma amostra de pista de Ski, sem qualquer logistica de apoio.Por exemplo o Senhor imagina uma pista de ski com 800 metros?é de uma grandeza extraordinária, só a nível internacional.Como a nossa própria Amália diz esta é a cidade neve vamos aproveitar essa potencialidade. Velhos do Restelo nunca trouzeram desenvolvimento e não são precisos. Construam a pista que de certeza será uma referencia internacional!!!!
Vitor, boa noite.
Claro, "cabeça tronco e pés", de acordo. Mas os que fizeram e geriram a pista do Sameiro (essa que considera ser "uma amostra de pista de Ski, sem qualquer logistica de apoio") até que a Câmara de Manteigas se fartou do alegado incumprimento de obrigações, não são os mesmos (Turistrela) que querem agora fazer e gerir uma na Covilhã? Se houver "cabeça tronco e pés" será evitada a repetição da situação do Sameiro. Caso contrário, pouco importa que a pista a construir tenha 800m, 80m ou 8000m, teremos problemas. "Cabeça, tronco e pés" foi o que pedi que houvesse agora, porque no Sameiro aparentemente não os houve. E, se não houve, não foi porque fizeram uma pista pequena, foi por outras razões.
Se imagino uma pista de esqui com 800m?! Oiça, 800m não é "de uma grandeza extraordinária, só a nível internacional", 800m não é uma pista longa em lado algum. Mesmo La Covatilla, uma pequena estância aqui ao lado na Sierra de Bejar, tem 10 pistas com comprimento maior ou igual a 800m, incluindo 3 com mais de 2000m! Se se refere a pistas de neve de plástico, aí talvez tenha razão, não sei. Mas a mim, como à maior parte dos esquiadores, a neve de plástico não me entusiasma.
A Amália podia cantar bem, mas de desportos de neve, imagino que não fosse grande especialista. Não é com liberdades poéticas que decidimos onde investimos o nosso dinheiro, também não deve ser com liberdades poéticas que decidimos onde investir dinheiros públicos. E não é de neve que se fala aqui, é de um sucedâneo de neve, é de uma pista de plástico. Ou percebi mal a ideia?
Seja como for, volto a dizer que não tenho grandes objecções a que se façam estas coisas aqui, mesmo ao lado da cidade. (Assim como não tenho nada contra a abertura de um casino na Covilhã.) Só o facto de não se tratar, ainda mais uma vez, de encher as zonas altas da serra de mais entulho e de mais espaços urbanizados já me deixa feliz.
Mas Vitor, note: é com o dinheiro dos impostos de todos, até com o dos dos Velhos do Restelo, que esta obra será eventualmente feita. Também por isso, ou até por isso, todos têm o direito de fazer ouvir a sua opinião, mesmo que não coincida com a sua (ou com a minha, claro). Até os Velhos do Restelo.
Cumprimentos
Boas!Fico triste em as pessoas da da nossa região não defenderem a mesma e o investimento nela.Convido o mesmo a ler a Dica em que se aconselha a Serra da Estrela a fazer novos investimentos, porque a neve será escassa nos proximos anos.Quanto aos seus pedragulhos, ninguem se desloca à serra para ver montes, claro que é para a neve.Não vamos ser hipocritas!Quanto à pista de ski de manteigas, convido a ver a pista igual na Amadora sempre cheia de gente.Claro que ninguem vai andar 300Km para ter uma pista ao lado igual.No entanto se for uma pista de outras dimensões talvez já compense.Com dinheiros públicos, não sei mas no entanto fala-se numa parceria privada.Vamos lutar por este investimento, para quando estivermos em Lisboa ouvirmos toda a gente falar na grande obra inédita que se fez na Covilhã e não deixarmos os amantes do ski fugir para a espanha.Tenho a certeza que uma obra bem projectada e bem enquadra,será uma grande valia para a Covilhã a todos os aspectos.Não se agarre muito às pedras porque pode ter a certeza que ninguem vai à serra para ver pedras!
Vitor, ola.
Olhe, as pistas de plástico são um sucedâneo triste da neve. Não misture as coisas. O facto de crer que algum esquiador deixará de viajar até sítios onde realmente neva para poder esquiar numa pista de plástico com 800m de comprimento leva-me a crer (corrija-me se estou enganado) que não é praticante regular de esqui ou snowboard.
Diz que ninguém visitará a Serra para ver outra coisa que não a neve? Mas olhe que as outras serras (do Gerês aos Alpes, da Serra de Bejar aos Cárpatos, Da Serra Nevada ao Ben Nevis, às Rochosas, ao Massif Central, são visitadas especialmente no Verão, incluindo os Pirinéus (onde, por acaso, me encontro neste momento). Mas, seja como for, aquilo de que falamos quandpo falamos do projecto da ATC não é de neve é de plástico.
Mas volto a dizer: que se faça naquele sítio (ao menos isso), mas que se faça bem. Que se estabeleçam obrigações verificáveis para os concessionários e que sejam chamados à pedra se não as cumprirem. Para se evitarem dissabores como os que terão ocorrido em Manteigas. Eu, que gosto de esquiar, não acredito que lá ponha os pés; mas cada um sabe de si; se se fizer a coisa, que ela seja um sucesso, é o que desejo.
Mas não acredito que seja disso que realmente precisa o turismo da Serra da Estrela. O que realmente acho que falta é turismo de montanha, como o que existe em todas as montanhas do mundo. Isso que depreciativamente chama "ver pedras", Vitor. Mas experimente um Verão no Gerês, para não ir mais longe, para ver o que pode ser o que eu (e toda a gente na Europa) chamo turismo de montanha.
Cumprimentos,
José Amoreira
Vítor, só mais outra coisa. O Vítor acha que eu não defendo a minha região por não me entusiasmar o projecto da ATC. Nesse caso, não acha que eu tenho o direito de entender que o Vítor não defende a região por não se entusiasmar com o desenvolvimento do turismo de montanha na serra da Estrela, tal como ele existe nas outras montanhas do mundo "civilizado"?
E se discutíssemos as ideias de cada um, em vez dos hipotéticos defeitos ou virtudes de cada um? Eu não sou santo, confesso, nem da região, nem de coisa nenhuma. O Vítor é?
Boas!Claro Luis que tambem não sou nenhum santo.Desculpe se o ofendi por tais palavras.Todos queremos o bem da região.Cada um com a sua ideia.Até um dia...
Não me ofendeu, Vítor, mas nisto da internet é fácil uma diferença de opiniões resvalar para o insulto gratuito, e já me tem acontecido contribuir para o "resvalanço".
Por qualquer razão os meus comentários anteriores apareceram assinados como "Luis", que é o meu 1º nome. Só reparei agora, e não sei porque foi. Deviam estar assinados com o meu nickname, ljma. (Já agora, o meu nickname é formado com as iniciais do meu nome, Luís José Maia Amoreira, abreviando-o, não é uma maneira de tentar esconder a minha identidade. Aliás, o meu nome aparece ao alto e à esquerda na página do blog.)
E nem precisava assinar! Já toda a gente lhe conhece a conversa, de ginjeira!
Moro em Lisboa, faço ski , venho de uma semana em Andorra e nunca me passaria pela cabeça ir fazê- lo para a serra. Tenho amigos na erada e ainda setembro lá passei samana fantástica ,vou lá c frequência e inclusivamente gostaria de comprar lá uma casa.gosto muito da serra mas nunca me passaria pela cabeça lá ir fazer ski.gosto das pedras , das arvores, da paisagem, da neve mas ski nunca será lá . Só se for por graça .Quanto ao parque manifesto as minhas duvidas embora compreenda a posição do vitor.Aquela referencia a Amadora deve ser ironia, passo lá com frequência e nunca lá vi uma pessoa. Apenas as luzes acessas sem ninguém .onde se deve investir e na valorização e protecção da paisagem e claro em infrastruturas que realmente a valorizem. Fazer por fazer já chega.mas claro isto e um lisboeta a falar, que por acaso gosta muito da serra com e sem neve,ate das pedras e que visita este blogue por isso mesmo mas que nem sequer e de lá por isso talvez fosse melhor estar calado.
Cumprimentos.
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