Tenho "gasto" vários posts dos mais recentes a explicar que o turismo que temos na serra da Estrela não é o típico turismo de montanha, que em toda a Europa se baseia no pedestrianismo, no montanhismo, na escalada, na canoagem, na BTT, na observação/interpretação da natureza (flores, birdwatching, ambientes de floresta, paisagem, geologia, etc.), passeios a cavalo e muitas outras coisas de que não me lembro. Que nas outras montanhas da Europa há turistas durante todo o ano, muito especialmente no Verão, mesmo naquelas que são os tradicionais centros do turismo da neve, do turismo do esqui.
Tenho afirmado que o nosso turismo, essencialmente constituido por visitantes que não passam mais do que algumas horas na região, que a visitam principalmente nos fins de semana com neve, e que nunca se afastam dos núcleos artificializados ou da estrada, é sui generis e não se vê, ou pelo menos não se nota com importância comparável à que aqui tem, nas restantes montanhas da Europa.
Já várias vezes afirmei, implícita ou explicitamente, que o turismo que temos é muito menos lucrativo do que o turismo de montanha, e que tem um impacto sobre o ambiente e a paisagem muito maior. Que os poucos lucros que gera ficam concentrados nas bolsas de muito poucas pessoas, e que distribui os seus prejuizos por todos.
Hoje vou sugerir algumas possibilidades para o porquê do nosso turismo ser como é. Já adiantei uma das razões no post "Nós aqui vivemos da neve". Sim, acredito que uma das causas do nosso turismo tão sui generis é o modelo de gestão tão sui generis que insistimos em manter: o da concessão exclusiva do turismo e dos desportos atribuída à Turistrela há mais de trinta anos e com validade ainda por outros tantos para o futuro.
Mas não é a única razão. A questão é que como pensamos que que os únicos turistas que a serra pode atrair são os visitantes que nos chegam de manhã de carro e que à tarde partem de carro (depois de passarem umas horas mais ou menos atascados no tráfego), achamos que desenvolver o turismo é facilitar este modelo. Vai daí a ideia, por cá generalizada, de que os acessos nunca são suficientes, que temos que alargar as estradas, que temos que construir ainda mais, que temos que instalar teleféricos, que temos que aumentar a capacidade de parqueamento. E que temos que inventar "animação" para estes visitantes, daí os centros comerciais na torre, os alugueres de trenós (e sacos para o sku? Já se alugam sacos também?). Ora, e isto deve ser cristalinamente evidente para todos, cada um destes "melhoramentos" torna a serra menos atractiva para aqueles que constituem, em toda a Europa, os clientes-alvo do turismo de montanha. Ou seja, se temos o turismo que temos, é porque é nesse turismo que temos apostado ao longo dos anos, ao longo das décadas. Se temos o turismo que temos, ao fim e ao cabo, é porque foi esse o turismo que escolhemos ter.
Alguma vez mudaremos de rumo? Duvido. Por exemplo, está para breve o início de obras na estrada Sabugueiro-Torre, dotando-a de um enorme parque de estacionamento na zona da lagoa Comprida. Para quê? Que tipo de turismo fica reforçado com esta obra? Que tipo de visitantes serve? Em que dias é que se sentia a "necessidade" deste "melhoramento" e em que dias é que se sentirão os seus benefícios? É razoável facilitar a visitação por ainda mais gente, nesses mesmos dias? Não seria melhor atrair antes outro tipo de visitantes, noutras alturas do ano?
É por "desenvolvimentos" como este que digo frequentemente que estamos no rumo certo, estamos de parabéns, como sempre, desde sempre.
Ontem afirmei que as pessoas sobem a pé o Ben Nevis porque "não há estradas, teleféricos ou funiculares para lá chegar acima e porque vale a pena o passeio". As mesmas duas razões justificam o porquê de tão pouca gente subir a pé a serra: é que aqui *há* estradas e o passeio, francamente, *não* vale a pena, dado o degradante e terceiromundista circo com que nos deparamos quando lá chegamos acima. Não sou só eu que digo. Veja aqui, por exemplo.
12 comentários:
O Blogue dos MANTEIGAS deseja a todos os seus amigos e visitantes um Natal recheado de Alegria e Amor e que 2009 traga muitas visitas e Saúde.
Postal: http://aroundmd.com/whitechristmas/
Muitos sorrisos,
http://bloteigas.blogspot.com/
Parabéns por mais um excelente post.
Sempre vão fazer o parque de estacionamento na Lagoa Comprida?
Mas para quê??? Já lá está um tão grande que nunca o vi cheio...
Este sábado fui até à Torre e fiquei um pouco contente com uma coisa. Não se viam sacos do sku pelo chão. Não sei se pela "época de ski" estar no início ou se por terem mais cuidado, mas o certo é que não havia. Já trenós partidos vi dois e latas e outros lixos mais domésticos viam-se vários junto à estrada. Parece que o pessoal gosta de ir fazer ski, comer e deixar os restos...
Um bom Natal!
Rotiv, um bom natal e muitas felicidades também para o blog dos MANTEIGAS.
Rui Peixeiro, viva! Tanto quanto sei a coisa está em marcha. Sem estudo de impacto nem discussão pública. Imagino que a pedido de alguém, a EP resolveu criar na zona da Lagoa Comprida uma faixa de estacionamento ao longo da estrada com um quilómetro de estensão. Para quê? Está bom de ver: nalguns dias o estacionamento é considerado insuficiente. Quantos dias, ao certo? Estou como tu, nunca vi aquilo esgotado. Mas imagino que esgote às vezes. O que não percebo é porquê é que se há-de agravar a artificialização da zona, *todos os dias do ano*, por causa de uma situação que só se verifica durante dois ou três. E que, ou muito me engano, se vai continuar a verificar, nesses mesmos dois ou três dias por ano.
Para que serve, mais uma vez, este melhoramento? Para o que tenho dito: desenvolver o tipo de turismo que temos, naqueles dias em que o temos e prejudicar ainda mais, todos os dias do ano, o turismo de montanha.
E alguém lucra com isto? Será que os comerciantes das lojas da lagoa têm capacidade para servir com qualidade tantos clientes nesses dias de enchente? Serão capazes de servir com qualidade ainda mais? Ou "qualidade" é o que menos conta neste assunto?
Está-se mesmo a ver que assim vamos lá, não vamos?
Ainda este Sábado estive na Serra da Estrela, de passagem, durante uma tarde, para visitar os meus familiares que vivem perto.
A temperatura agradável, tudo cheio de neve e céu limpo... faz-me pensar que a Serra é uma das regiões mais belas do nosso país.
E na Lagoa Comprida nem os carros que lá paravam enchiam o estacionamento. E ainda querem fazer mais?! Não compreendo o que esta gente quer fazer da Serra...
A Torre é a confusão do costume. Mares de gente a perder de vista, muito ski e sku, gente a entrar para dentro da vedação que rodeia aquela lagoa pequena que lá há, etc.
O Covão-d'Ametade, com imenso lixo, mas mesmo assim ainda consegue ser um dos locais mais belos de Portugal, ainda mais porque nunca lá passei no Inverno.
Enfim...
Um Feliz Natal e próspero ano novo para o Cântaro Zangado de mim e do meu blog, o Ninho de Observações.
Enquanto o Turismo da Região, continuar a ser dirigido por Politicos Provincianos que, apenas pretendem promover só e apenas a sua imagem,sem preocupação de criar um plano de acção sério, credivel devidamente estruturado sem amadorismos, o produto Turistico da Serra da Estrela não existirá. Ou por outra o famigerado produto será apenas a Neve para ajuda dos Amigos da Turistrêla que ajudam a manter os responsáveis da Instituição que supostamente deveria promover a Serra da Estrêla.
Promover todas as potencialiades que de facto a Serra possui, como o Turismo ambiental/Natureza nos mercados que procuram este tipo de produtos, como o Mercado do Norte da Europa, o Inglês, o Holandês, não tem sido preocupação dos agentes responsáveis pelo Sector de Turismo. Toda esta responsabilidade cabe à extinta RTSE que desde sempre nunca foi capaz de o fazer. Por ignorância ou por falta de capacidade?
Ou será que por outros interesses de forma a proteger apenas a Turistrêla?
Já alguém perguntou aos responsáveis do Turismo da Serra da Estrêla, qual vai ser o projecto de divulgação para incrementar o Turismo Ntureza sem Neve dentro e fora de Portugal, como é feito por exemplo no Gerês?
Já alguém perguntou a esses Senhores, como pensam credibilizar o produto da Serra da Estrêla, quando apenas se preocupam só com betão?
Já alguém perguntou qual a verba e em que mercados vão invsetir para a promoção do Produto Turistico da Serra da Estrêla?
Já alguém perguntou porque se deixa que o mini centro comercial da Torre funcione como funciona?
Já alguém perguntou, porque não existe um esforço conjunto de autarquias, Cice etc etc, para uma convergergência de esforços em desenvolver um plano de limpeza e arrumação da Serra sob o ponto de vista ambiental e paisagistico. O lixo é mais que muito e a Turistrêla que tem responsabilidades, é em grande parte responsável. Não pode apenas ter a concesssão para ganhar dinheiro, tem moralmente responsabilidades também na limpeza...ora o que vemos junto das pistas e junto dos hóteis., é muitas vezes lixo produzido pelos mesmos...
João Pedro e anónimos, obrigado pelos vossos comentários (e parabéns em especial ao João Pedro pelo "ninho").
Eu também tenho falado muito contra os "responsáveis". Mas é preciso notar e ter sempre bem presente que os responsáveis somos todos. O nosso povo delira com uma obrinha, com uma estradinha, com uma rotunda, com um jardinzinho. O nosso povo entende que sem construção há abandono. É, de certa forma, compreensível, pela falta de instrucção, pela falta de conhecimento, pela falta de "mundo", em suma. Desculpa-se ao povo, mas não se desculpa aos que se consideram elites ou, pelo menos, aos que ocupam cargos de elite: presidentes de região de turismo, presidentes de câmara, funcionários do Parque Natural, da Acção Integrada de Base Territorial, da Comissão Coordenadora de Desenvolvimento Regional, etc, etc, etc. A coisa que verdadeiramente tenho a apontar a estes "responsáveis", a estas "elites" é que se é para pensarem como quinteiros incultos, se é para reforçarem o que pensam os taberneiros semi-analfabetos e os vendedores de fancaria, se é para verem o turismo na serra como os alugadores de trenós, se é para isso, para que é são responsáveis, para que é que são elites, para que é que são, em suma, necessários?
O segundo anónimo diz que a Turistrela "Não pode apenas ter a concesssão para ganhar dinheiro, tem moralmente responsabilidades também na limpeza" e eu concordo. Mas mais: a que propósito é que há-de haver uma concessão exclusiva? Tal figura compreende-se no caso de uma praia, mas para uma área com dezenas de milhares de hectares? E as concessões de praia não têm a duracção de décadas como esta! Esta concessão é um dos últimos, senão o último, vestígio da política de acondicionamento industrial do tempo do Salazar, actualizada na política de intervenção estatal do PREC. Esta aberração chegou aos dias de hoje, e, de acordo com os termos que ela própria estabelece, vai-se prolongar por mais trinta ou quarenta anos. Porquê? O que de bom tem resultado deste regime de gestão? Quão mais é que tem que crescer o atraso entre o turismo da nossa Serra e o do Gerês (e até o do Montesinho) para se ver que não estamos no rumo certo, não estamos de parabéns?
opá,já que muita gente fala bem da grande concorrente da serra da estrela,lacovatilla,então cá vai uma !!!!
No dia 02 de janeiro fui a covatilla,estava lá um mar de gente,realmente consegui estacionar o carro logo á primeira,os tipos têm um bom parque de estacionamento e funcionarios da estancia a organizar o transito,mas eram milhares de pessoas,muitos portugueses,até vi lá uma tipa que apareçe naquelas novelas da TVI,lol.estive lá quatro horas e só consegui descer a montanha três vezes,os meios mecanicos eram poucos para a quantidade de gente que lá se encontrava.
resumindo: covatilla nos fins-de-semanas grandes nunca mais !!!!!
Anónimo, no dia 2 também me lá deve ter visto a mim, mais a minha mulher e os meus dois filhos! E, na sexta feira dia 26 de Dezembro (o primeiro dia das férias escolares) podia encontrar-me, de manhã, na estância Vodafone, também com os miúdos.
Alguns comentários podem dar essa impressão, mas eu não quero entrar numa discussão sobre que estância é melhor porque acho que as duas são uma tristeza. Pequenas, desenhadas numa única encosta, com neve de qualidade muitas vezes má.
Mas em La Covatilla as pistas que eles chamam naturais (sem canhões e não ajeitadas pela passsagem do ratrak) estão abertas; aqui não. Em Béjar fecharam o acesso à estância no dia 3 por causa da neve, aqui choveu quase todos os dias. Em La Covatilla as pistas têm alguma extensão; aqui... enfim.
E o pior é que os problemas que lá teve (e eu também) com a insuficiência dos meios mecânicos, não está livre de os apanhar cá. Claro que não são habituais em dias de chuva e nevoeiro cerrado como os que tivemos nessa altura, mas se o sol brilhasse...
E pode só ter descido três vezes, mas confesse lá: cada descida de La Covatilla, desdo o alto do teleski até ao início da telecadeira, vale ou não três vezes (pelo desnível e pelas sensações) uma descida da estância Vodafone?
Atenção, nada do estou agora a dizer tem atrelada uma crítica à Turistrela. Acontece que as coisas são como são e a serra da Estrela, para o ski, não é grande coisa, infelizmente. Seja quem for que esteja a gerir a nossa estância, isto é como querer ter o Mediterrâneo num fjord da Noruega. Não bate certo, não dá para encaixar. E o resto é cantigas.
ljma
folgo em saber que possivelmente passei por si, por esposa e respectiva criação.lol,possivelmente reparou em mim,eu era muito facilmente de destinguir dos restantes,eu era o tipo dos skis,das luvas e do gorro lol,falando agora um pouco mais a sério.
A serra de bejar é uma serra lindissima,tal como a nossa estrela,só é pena de não vêr na nossa estrela a mesma organização e o mesmo zelo que encontramos em lacovatilla em todos os aspectos.
Covatilla no seu topo,em dias sem nevoeiro tem uma vista de cortár a respiração!!! Sim tem razão quando diz que em covatlilla vale por três vezes (pelo desnível e pelas sensações) uma descida da estância Vodafone,não nos podemos esqueçer que covatilla acabo nuns quase 2400 metros de altitude ,a estancia da vodafone só chega até aos dois mil metros.Fiquei impressionado com a grande afluencia de portugueses, principalmente com a afluencia em grande numero da familias portuguesas que iam para covatilla somente para fazer o "sku",até neste "desporto" bem lusitano a estrela está a perder clientes para bejar !!! Apesar de covatilla ser uma estancia a evitar nos fins-de-semanas-grandes é uma estancia que vale perfeitamente a visita num fim-de-semana não perlongado,e para quem pode,num dia de semana seria perfeito,apesár de não ser uma estancia dos fiordes dá perfeitamente para as brincadeiras das familias.
ljma,reparou que lacovatilla está a ser um optimo "trampolim" de desenvolvimento para bejar ?! Reparou que muito daquele comercio e serviços dependem de uma forma significativa da sua estancia?! Bejar há uns anos atras estava em declineo,estava a sofrer um forte despovoamento,de á sete anos para cá tudo isso mudou,quando a estancia de lacovatilla foi construida no topo da sua serra a cidade passou a ver uma fixação das suas gentes e uma forte procura por parte dos turistas gerando empregos e desenvolvimento económico,penso que aquela estancia está a ser vista por aquelas gentes numa especie de "moisés",pois foi a estancia de lacovatilla que libertou bejar de uma morte quase certa,penso que todos concordam nesse ponto,até mesmo os menos crentes daquele projecto o reconheçem este aspecto !!!
seria bom que a estancia da vodafone fosse esse tal "moisé" para as beiras,mas com as coisas que se estão a passar na estrela duvido !!!
numa proxima vez em lacovatilla se vir um tipo de gorro,luvas e skis,já sabe,sou eu,acéne e terei todo o gosto em convida-lo a si e repectiva familia para um cafézito,mas não em bejar, em portugal,porque o nosso café ainda é melhor que o deles !!! lol lol
saudações,e boas descidas onde quer que seja !!!!
Olá outra vez, anónimo ;)
Disse que "não nos podemos esqueçer que covatilla acabo nuns quase 2400
metros de altitude ,a estancia da vodafone só chega até aos dois mil
metros"; pois, eu não me esqueço. E é por isso e por outras questões como essas é que digo que a serra não é grande coisa para o esqui, é ainda menos do que Béjar, que já não é grande coisa... Muito haverá que apontar à gestão da Turistrela, mas a verdade é que falta altitude e frio à Estrela para chegar a um patamar acima do medíocre para o esqui.
Quanto a la covatilla ser o moises que salva Bejar da morte certa, não me acredito, sinceramente. Não acredito que seja um empreendimento isolado a alavancar o desenvolvimento de toda uma região. Então e que mais há em Béjar? Não sei se reparou nas vaquinhas e nos campos tratados e cultivados. Sim, no resto do mundo "civilizado", não só existe turismo de montanha que se nota até (e principalmente) no Verão, como a agricultura (e as pescas, já agora) não foram sistematicamente boicotadas (e, portanto, abandonadas) como cá em Portugal. E outras coisas haverá que uma visita apressada como foi a minha não permitiu descobrir.
E, por outro lado ainda, voltando ao turismo, nós temos cá uma coisa que eles lá em Béjar não têm: uma concessão exclusiva do turismo e dos desportos (a da turistrela), estabelecida em 1972 e para durar ainda mais trinta ou coisa que o valha. Quais são as obrigações que a concessão impõe à concessionária? Mistério...
Saudações!
PS: Olhe que coincidência! eu estava vestido tal e qual como o anónimo!!! É incrível!
;)
pois,sendo assim na proxima vez que for a covatilla irei só da calções,assim já não serei confundido,já sabe,o gajo dos calções serei eu !!!!
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