quarta-feira, novembro 26, 2008

“La Covatillização” da Estância da S. Estrela

imagens retiradas daqui e daqui
A propóstio do texto “Nós aqui vivemos da neve” publicado no Cântaro pelo LJMA recebemos um comentário bastante interessante de um anónimo que referia que “uma "covatilização" da estrela seria óptimo”. À partida pareceria mais uma repetição do que Artur Costa Pais tem dito vezes sem conta nos media sobre a necessidade de ampliarmos drasticamente a área esquiável actual de forma a competirmos de igual para igual com a estância de “La Covatilla” na Serra de Bejar. Mas uma leitura mais atenta revela que o que o anónimo pretende é uma "Covatillização" da nossa estância ao nível da seriedade, profissionalismo e preocupação com o meio ambiente. Deixo-vos então o comentário interessante do leitor com pequeníssimos cortes e formatações a negrito introduzidas por mim:

“Quando me referia á estançia da vodafone possuir as mesmas condições das de covatila,não me estáva a referir á ampliação da mini-estancia da vodafone, não será necessário e muito menos recomendável (...). Estava sim a me referir á subestituição de todo aquele material que lá é alugado para a pratica de desportos de inverno, estava-me a referir tambem á subestituição dos meios mecanicos, tudo aquilo não passa de sucata, os preços que lá são praticados são uma verdadeira loucura, estava-me a referir tambem á proibição de acesso á torre por veiculos, para lá se chegar poderiam ser usadas telecabines, ou cadeiras, a mini-estancia da vodafone poderia contribuir com uma parte dos seus lucros para a reflorestação da serra, com vegetação nativa, pois é o que se está a fazer neste momento em covatilla, aliás, todos estas ideias que referi, já estão em pratica em covatilla ou então em projecto avançado de conclusão. Sei que a mini-estançia da vodafone não tem as minimas condições de ser uma verdadeira estancia de esqui daquelas que encontramos nos alpes ou pirineus, sei que até mesmo covtilla por ter mais altitude consegue reunir mais condiçoes para a prática de desportos de neve comparado com a nossa estrela, tal como digo, só podemos ter uma mini-estancia de esqui e nunca uma verdadeira estancia para desportos de neve, mas mesmo assim, sou um grande entusiasta do projecto de ter na estrela um mini-estancia de grande qualidade. Penso que este projecto feito com intelegencia poderia ser a cereja no topo do bolo de um turismo muito diversificado que todas as beiras têm para oferecer e que estão ainda para explorar, penso que a serra está a ser mal tratáda, incendios, desflorestação, poluição, construção em altas altitudes etc etc... Deixe-me lhe referir que em covatila é expressamente proibido construir o que quer que seja acima dos mil metros, deixe-me tambem referir que a estancia de covatilla está obrigada a participar directa e indirectamente em acções de limpeza e manutenção da serra, até mesmo os canhões para a fabricação de neve está sujeita a inspecção periodica pois estão expressamente proibidos em utilizar quimicos, só podem usar agua da serra de bejar(...), em espanha muitos grupos ambientalistas no inicio olhavam para a estançia de bejar com muitas reservas e criticas mas hoje estas desconfianças começam a se dissipar. penso que uma "covatilização" da estrela seria optimo pelas rezões acima referidas. (...)até lá, eu prefiro matar a "fome" de neve em covatilla, pois lá, é tudo muito mais profissional e racional, enquanto as coisas más que estão a acontecer na estrela não modarem continuarei a ir a covatilla com a familia brincar na neve, aliás, é notorio o numero crescente todos os anos de portugueses a procurarem bejar nos fins-de-semana de inverno,porque será?! Afinal de contas,a distancia que separa a estrela de bejar é menos de 100 KM”

É um ponto de vista bem fundamentado e, na minha opinião, bastante consciente do que são as duas realidades nestas estâncias de ski.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá,vim a este blogue para dar o meu testemunho.
Neste fim-de-semana fui a covatilla pela primeira vez com uns amigos meus que costumam lá ir todos os anos.Fui e gostei muito daquilo que vi,muita organização,muito profissionalismo,e principalmente verifiquei que a serra de bejar não está a ser ferida de morte, tal como está acontecer com a estrela,verifiquei que em toda a serra existem railes de madeira para evitar que não só os carros se despistem bem como impedir o acesso da viaturas de todo o terreno ás areas interditas,penso que estes tais railes sejam de madeira para não ferir a paisagem ao contrário daquilo que aconteçe com os railes de metal (penso eu),constatei tambem a existencia de funcionarios da estancia de covatilla a efectuarem acções de limpeza e recolha de lixo sistematicamente,sobretudo no parque de estacionamento.Não há nenhuma consturução nas zona altas da serra,a unica infraestretura que encontramos é somente a estancia,toda ela feita de madeira e metal,é quase inexistente a presença de betão armado,o que significa,que será muito facil desmantela-la a em caso de necessidade (a minha area é construção civil,sei do que falo).Foi tambem com muita supresa minha que verifiquei a existencia de muitos portugueses em covtilla,talvez em maioria, pois os espanhois não tinham o fim-de-semana grande como nós.Á noite fomos "prós copos",e mais uma vez,os bares estavam cheios de tugas,em conversa todos diziam o mesmo,por mais uma hora de carro vale bem a pena vir a bejar e passar um bom fim de semana na neve.
Mas nada é perfeito,não vi os meios mecanicos no incio da serra para transportar os esquiadores até á estancia,assim evitava-se o acesso á estancia atraves de veiculos,poupava-se a serra, pelo o que me referiram já existe um projecto para a construção deste tal teleferico e que a construção está para breve.A localidade de bejar está muito degradáda e é uma cidade um pouco sombria.Bejar foi durante muitos anos uma cidade industrial,produzia-se sobretudo lã,todas estas fabricas faliram nos finais da decada de 80 e principios da decada de 90,hoje bejar vive muito á custa da serra,acho que eles estão a fazer muito bem o seu trabalho de casa,ao protegerem a serra estão tambem a trazer crescimento a toda a sua localidade e principlmente a não comprometer o futuro.
Quero acrescentar que os preços são muito em conta,conseguimos arranjar quartos bem mais barátos daqueles que encontramos na estrela.
Penso que a grande diferença entre a estrela e bejar não está na altitude das serras,penso sim que a grande diferença está sobretudo na atitude,ou seja,bejar não está a ser contaminada por um grande mal que já contagiou a estrela á muito tempo e este flagelo é o chico-espertismo e a ganancia,a estrela tem uma grande concorrente!!!
Vivo em santarem,todos anos ia á estrela,mas a partir de hoje bejar ganhou um novo cliente !!!

TPais disse...

Olá anónimo,
obrigado pelo seu testemunho.
Tenho pena que a Estrela tenha perdido mais um cliente em particular um que se identifica com um turismo de qualidade e não de quantidade e de irracionalidade. Mas a bem da verdade é natural que isso acontece tendo em conta o rumo das coisas pelo lado de cá. Ainda assim, julgo que fora da época de inverno e fora da actividade exclusiva do ski a Estrela ainda tem muito para oferecer em termos de beleza natural.
Um abraço e até breve
Tiago P

Anónimo disse...

fui ao site de covatilla,que nos informa que este ultimo fim-de-semana-grande a estancia recebeu cerca de treze mil esquiadores,repito mais uma vez,treze mil esquiadores,incrivel !!! Aquela pequena estancia de esqui cada vez mais atrai esquiadores de fim-de-semana,acho que o grande sucesso de covatilla reside principalmente na demonstração que os responsaveis do projecto estão a demonstrar pela serra de bejar,estão a obeter lucro e sem estragar aquela linda serra,estão de parabens,uma grande lição para a turistrela e restantes autoridades competentes nacionais,aprendam como é que se trabalha mesmo aqui ao lado na nossa vizinha espanha,pobre serra da estrela,tão mal gerida,tão mal tratada,será que o socrates,ex-ministro do ambiente nada tem a dizer sobre isso ?!

Anónimo disse...

fui ao site de covatilla,que nos informa que este ultimo fim-de-semana-grande a estancia recebeu cerca de treze mil esquiadores,repito mais uma vez,treze mil esquiadores,incrivel !!! Aquela pequena estancia de esqui cada vez mais atrai esquiadores de fim-de-semana,acho que o grande sucesso de covatilla reside principalmente no respeito que os responsaveis do projecto estão a demonstrar pela serra de bejar,estão a obeter lucro e sem estragar aquela linda serra,estão de parabens,uma grande lição para a turistrela e restantes autoridades competentes nacionais,aprendam como é que se trabalha mesmo aqui ao lado na nossa vizinha espanha,pobre serra da estrela,tão mal gerida,tão mal tratada,será que o socrates,ex-ministro do ambiente nada tem a dizer sobre isso ?!

ljma disse...

Eu gostava de temperar um pouco os ânimos.

A estância de La Covatilla é boa para um fim de semana. É boa para "matar a fome". Não me imagino a esquiar, na estância, toda uma semana, como tento fazer todos os anos nos Pirinéus (já esqui de travessia é outra história).

Apesar de ser pequena e, pelo que dizem, estarem definidos uma série de cuidados ambientais que a estância tem que cumprir para minimizar o seu impacto, ele não é nulo. Há impacto ambiental quando num local frágil de altitude chegam, num fim de semana, 13000 visistantes de carro. Haveria-o também, se em vez de carro fosse um teleférico. É sempre preciso recolher o lixo (e por muito esforça que se invista, algum fica sempre disperso), é preciso canalizar os esgotos para o vale ou decompô-los lá em cima, onde o frio invernal atrasa o processo, é preciso produzir electricidade ou levá-la lá acima. É sempre preciso muita coisa que, por muito cuidado que tenhamos, perturba o meio, em modos que nem sempre percebemos e, igualmente grave para quem a quer e sabe apreciar, perturba a paisagem.

Onde quero chegar é ao seguinte: não há bela sem senão. Não há estância sem impactos, e grandes. A questão é saber se o benefício da existência da estância compensa os prejuízos ambientais que ela acarrega e como minimizá-los. Não sei o que pensar sobre La Covatilla, mas não acredito que o balanço seja vantajoso aqui na serra da Estrela.

E estas questões (vale a pena a estância? Como minimizar os impactos?) nunca ficam definitivamente respondidas. Elas colocam-se a cada nova ampliação da estância (em área ou em capacidade) e, mesmo sem ampliações ou melhoramentos, até podem ter respostas diferentes em épocas diferentes: os impactos que se consideravam mínimos há trinta anos são hoje em dia considerados inaceitáveis.

O que considero, para nós em Portugal, exemplar na estância de La Covatilla é que lá, ao contrário do que acontece por cá, estas questões são colocadas oficialmente, a estância tem obrigações bem definidas, concretas e verificáveis, cujo cumprimento é verificado oficialmente. Para mim, um exemplo desse cuidado e dessas regras que a estância tem que cumprir é a notícia, que comentei neste post, da aprovação de uma declaração de impacto ambiental da estância que impede novas ampliações. Mas nem tinha que impedir; a sua mera existência já é um exemplo a seguir.

Quando teremos nós uma declaração de impacto ambiental da nossa estância, para mais situada no coração de uma área protegida por quatro estatutos de protecção?

Problemas há-os aqui e em Bejar. Mas lá são enfrentados. Isso é que é verdadeiramente exemplar. Não devia ser. Mas é.

Saudações!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!