Fui hoje de manhã visitar o novo Centro de Interpretação, que o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) inaugurou na semana passada num dos edifícios da Torre. Fomos recebidos (eu e a minha família) por uma funcionária muito simpática e aberta, demonstrando uma grande vontade de responder a todas as nossas dúvidas mas que (e ainda bem!) não tentou impor a sua presença ou o seu tempo à nossa visita. Gostei da exposição, achei-a bastante interessante. Achei-a, principalmente, simpática e digna. E um pouco de simpatia e dignidade, naquele local, é algo que chama a atenção.
É que, a seguir, fui ao centro comercial comprar um pão centeio para o almoço, tendo sido bombardeado com insistentes apelos "oh amigo, ande venha cá provar o meu queijo", "então e um presunto pra ir co pão, não marchava?" etc. No troco, o vendedor enganou-se (de uma forma que não me pareceu, pelas desculpas que balbuciou, nada acidental), a seu favor, claro. Já cá fora, uma barraquinha de gelados debitava a altos berros uma musiquinha techno (ou lá o que era), mesmo apropriada para o local mais alto de Portugal Continental... Por todo o lado, vestígios de lixo. Ah, sim! Simpatia e dignidade, é algo que salta à vista, naquele local.
Disse há dias que havia coisas que não compreendia na decisão de instalar na Torre o Centro de Interpretação do PNSE. Não sei se as compreendo agora, mas de uma coisa fiquei convencido: que, enquanto a Torre for um local de visita massificada, é importante que se mantenha a presença de algo que ultrapasse o mercantilismo rasca dos vendedores de fancaria e das voltinhas na telecadeira. Uma presença aberta, simpática e digna. Uma presença com verdadeira qualidade. Uma presença como a do PNSE.
2 comentários:
Também fui à torre no domingo! os anos que lá não ia! Não consegui entrar no Centro de Interpretação pois cheguei pouco depois das 17! A barraca tecnho dos gelados tb lá estava.E lá dentro 2 cafés e uma àgua de meio litro ficaram em 3,40€!! O aspecto dos centros comerciais e o cheiro a queijo que iria encontrar lá dentro não atrairam as minhas atenções. De facto aquela zona está simplemente horrível, rasca é mesmo a palavra adequada. Gostei da volta na telecadeira..mais pela companhia ... Mas podia-se fazer muito melhor naquele local. Depois de em junho ter estado no gerês, vi que estamos a léguas de distancia aqui na nossa serra da estrela.
Eu também fiquei agradavelmente surpreendido com o centro de interpretação; talvez porque as expectativas não fossem muito altas mas, ainda assim, tem uma qualidade acima da mediania reinante.
Temo apenas que a maioria das pessoas não esteja disposta a pagar 1,5 euros para a visitar; deparei com 3 ou 4 grupos de pessoas muito entusiasmadas para visitar a exposição, mas que desistiram assim que perceberam que teriam que pagar... É assim, num país onde as pessoas preferem pagar para comprar uma qualquer bugiganga "made in china" vendida como artesanato local, do que pagar para conhecer o património do próprio país.
Pode-se questionar o valor mas não o facto das pessoas terem que pagar. O ICNB vive com graves dificuldades financeiras (é impensável pensar que o instituto tem condições financeiras para manter este local com os recursos próprios) e, por outro lado, também é verdade que muitas vezes não se valoriza o que é gratuito!
O local onde o centro foi montado poderia até ser outro mas, tal como estão as coisas na serra, se a informação é para chegar ao maior número de pessoas, a Torre é mesmo a melhor localização. O problema é tudo aquilo que está à volta, ou seja, apela-se à conservação dos valores naturais e, por todo o lado, se observam exemplos de clara violação desses princípios.
E isto que a maioria das pessoas nem se apercebe da questão do esgoto a correr a céu aberto, a vergonha das vergonhas...É um país de aparências, desde que "não se veja" não importa!
P.S. - A este propósito do esgoto a céu aberto, convém sublinhar o trabalho do "Diário XXI" e d' "O Interior" que denunciaram a hipocrisia da situação, ao passo que a RTP e o "Jornal do Fundão" se limitaram a vender a versão oficial de que tudo estava resolvido.
Foi bom, de futuro sabemos em quem confiar.
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