Hoje ao fim da tarde dei uma pequena corrida pela cumeada da colina da Covilhã, desde o posto de vigia ao Alto dos Livros e regresso. Aproveitei para ver se se notava algum vestígio das sementeiras de bolotas que fiz naquela zona. Encontrei cinco carvalhos bebé, como o que mostro acima!
Da recolha de bolotas e das sementeiras que fiz por minha conta (isto é, não explicitamente enquadradas no programa Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela) no ano passado, aprendi o seguinte:
- As bolotas não aguentam muito tempo. Têm que ser semeadas poucos dias depois de cairem do carvalho. Não guarde as bolotas por muito mais do que duas semanas. Se tiver que ser, guarde-as no frigorífico.
- Os carvalhos não são todos iguais. Os mais indicados para a sementeira na Serra da Estrela são os carvalhos-alvarinho até aos mil metros e os carvalhos-negral até aos 1700m. Nas cotas mais baixas da encosta sudoeste, são também adequados os sobreiros e as azinheiras. Os sobreiros e as azinheiras são árvores de folha perene, pelo que não são difíceis de distinguir dos restantes; os carvalhos alvarinho distinguem-se dos carvalhos negral principalmente pelo pêlo que estes apresentam nas faces inferiores das suas folhas. Há ainda o carvalho americano, espécie exótica já bem visível na Serra da Estrela. As folhas dos carvalhos americanos têm pontas bicudas (em vez do recortado arredondado dos carvalhos alvarinho e negral) e as suas bolotas são mais abarriladas. No ano passado, não sabia ainda distinguir estas árvores umas das outras, daí que tenha semeado carvalhos-alvarinho (como o da figura) a 1200m de altitude. O Sombra Verde tem um bom artigo sobre como distinguir os carvalhos uns dos outros.
- Poucas bolotas vingam. No meu caso, suponho que isso se pode ter ficado a dever a ter atrasado muito a sementeira ou ao facto de ter tentado semear a grandes altitudes espécies melhor adaptadas a cotas inferiores. Mas mesmo que, por muito cuidado que se tenha, não "pegue" mais do que uma bolota em cada vinte ou trinta, qual é o problema?
- Outras espécies autóctones da Serra da Estrela são o vidoeiro (ou bétula) e a tramazeira, árvores que aguentam bem a altitude. A tramazeira não sei se pega bem por sementeira (alguém me ajuda?) mas é fácil plantar ramadas com raiz recolhidas perto do tronco de um exemplar adulto. Estou agora a começar uma experiência de sementeira de bétulas em vasos, a ver o que dá.
1 comentário:
José,
Obrigado pela referência. O primeiro ponto que salientas é importante, ou seja, as pessoas não devem esperar muito tempo para semear as bolotas (mesmo que não apodreçam, a sua capacidade de germinação desaparece ao fim de poucas semanas);
Em segundo lugar, como dizes, é provável que a taxa de germinação em vasos seja superior à que se consegue semeando-as directamente; até porque alguns animais que se alimentam delas poderão detectá-las pelo olfacto e comê-las.
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