Pergunta: Actualmente há cada vez menos neve. Ainda faz sentido insistir na neve como cartaz turístico?
Resposta: Não devemos enveredar por esse tipo de pensamento, até porque não está demonstrado. No ano passado houve 127 dias de neve para esquiar e os canhões de neve trabalharam apenas quatro dias em toda a época de Inverno. Em 2004 e em 2005 houve 107 dias de neve em cada ano. De facto, no último Inverno o cenário foi diferente, mas isso pode acontecer uma vez em cada dez anos. Não é verdade que exista uma curva descendente de neve. A longo prazo isso pode acontecer, mas não nas próximas décadas.
Não questiono que habilitações académicas de Jorge Patrão lhe permitem afirmar tão categoricamente que "não é verdade que exista uma curva descendente de neve", porque não as tem. Nem pergunto em que estudos científicos se baseou para dizer que um Inverno como o deste ano "pode acontecer uma vez em cada dez anos", porque sei que não existem. Não me pergunto se haverá mais alguém que ache que "a longo prazo isso pode acontecer, mas não nas próximas décadas", porque o normal é ouvir as pessoas falar dos nevões de antigamente. Noto é o seguinte: para Jorge Patrão, o aquecimento global ainda não começou! Continua a nevar como sempre!
Sem currículo académico que o apoie nem estudos minimamente sérios (já nem peço que sejam independentes) que o informem, que crédito podemos dar às originalíssimas considerações de Jorge Patrão? É razoável basearmo-nos nelas para justificar investimentos públicos?
2 comentários:
Acho no mínimo hilariantes estas afirmações do Exmo Senhor Presidente da RTSE, que não são mais do que a continuação da defesa de uma “tese de doutoramento” elaborada pelo Prof. Doutor Artur Costa Pais, Catedrático em Climatologia, famoso pelas famosas declarações: “acontecer uma vez em cada dez anos” (por favor, prove-me a mim e a todos os outros cidadãos da veracidade de esse facto); “este ano foi muito seco” (proferida já algum tempo também na Kaminhos). Seco não amigo. Este ano até foi um ano com precipitação dentro da média para Portugal. O anormal foi a média da temperatura mínima nas Penhas Douradas (para os meses de Inverno) que foi demasiado elevada, algo perfeitamente constatável nos últimos 15-10 anos.
É óbvio que para qualquer pessoa que não dedique um pouco do seu tempo no estudo (nem que seja por curiosidade, pois o que não falta é estudos tendenciais sobre este assunto) de fenómenos climáticos, estas afirmações transbordam de irrefutabilidade.
Contudo, nos últimos tempos e confrontado com estas declarações que considero preocupantes para o futuro da Serra da Estrela (pois considero que a neve na Serra da Estrela, pelo menos nas próximos tempos vai estoirar, e mais rapidamente do que se imagina) decidi consultar alguma matéria que, só pela simples leitura, leva-nos a desconfiar abertamente das reais intenções desta dupla (Turistrela/RTSE) de ataque cerrado à preservação e riqueza natural da Serra da Estrela.
Aproveito este espaço e momento para aconselhar uma consulta atenta e uma reflexão coerente dos conteúdos existentes nos seguintes links:
- http://www.meteo.pt/pt/clima/clima_varclim1.html
- http://www.meteo.pt/pt/clima/clima_varclim2.html
- http://www.meteo.pt/pt/clima/clima_seca4.html
Ou impressão minha, ou estes dados vêm, mais uma vez, de forma categórica (até ao contrário) por em causa a famosa “tese de doutoramento” da corrente “Arturiana” em prol dos 50km de pistas de ski na Serra da Estrela?
Vêm ou não confirmar o que o senso comum já transparece (basta estar um pouco atento). Como por exemplo:
- A permanência todo o ano das cegonhas na nossa região (até há bem pouco tempo nem habitavam a estas latitudes);
- A inexistência de nevões na Covilhã, nos últimos 10 anos.
- A inexistência de neve nos Piornos para a prática de desportos de Inverno (a primeira estância de desportos de Inverno em Portugal).
- A redução gradual e tendencial dos caudais dos rios que dependem do degelo para a sua “sobrevivência”.
- A redução tendencial da quantidade de neve no Maciço Central. Basta observar as fotos mais antigas (e não é preciso ir mais atrás do que a década de 90).
- O aumento das Ondas de Calor (não só no Verão), quer em n.º de ocorrências, quer em área extensão e durabilidade.
- (…)
Perante estes factos (existem muitos mais, o qual vou aproveitar o meu tempo livre para debruçar-me com mais atenção), questionamo-nos sobre as reais capacidades e intenções das pessoas que “gerem” o turismo na Serra da Estrela.
Esta situação é demasiado séria para se andar a brincar aos milhões dos subsídios (veja-se, por exemplo, o Skiparque e o estado de degradação a que chegou), pois esse capital financeiro é mercê do nosso trabalho e dos restantes membros da União Europeia.
Apostar num produto que vai ser esgotável a breve trecho é um suicídio social e um autêntico assassínio do património natural e turístico da Serra da Estrela. Entrando agora no campo da economia e segundo Peter Drucker (este sim um expert com provas dadas na sua área): “uma empresa (deixe-me acrescentar também o termo entidade) que aposta num produto inviável ou é burra, ou é gerida por incompetentes.”
Nada mais perto da realidade…
Ass: “Snowboarder” que abriu os olhos
Snowboarder, obrigado pelo comentário bem informado e pelas links. Devo dizer que não me parece que empresa e a entidade de que estamos a falar sejam burras ou geridas por incompetentes. O que se passa é que apostam numa coisa que nada tem que ver com turismo: na construção civil. A curto prazo, parece ser um produto viável. A longo prazo... Quem cá ficar que se amanhe e o último a sair que apague as luzes...
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