Retirei a expressão que intitula este post de uma contribuição de Lemos dos Santos, Coordendor da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela, para o Blog do programa PETUR sobre o tráfego na Serra da Estrela (veja-se o quinto parágrafo da contribuição nº 16). Pretendia Lemos dos Santos defender a necessidade de mais asfaltações na Serra da Estrela, porque (passo a citar)
Não se pode pedir, ao potencial mercado de um "País que não anda", que suba dos 600 aos 1300/1500 metros de altitude, por estradas intransitáveis, que faça depois o seu percurso pedestre aos locais mais recônditos da Serra e regresse pela mesma picada. Só mesmo para quem tenha viatura todo o terreno.
De facto, não podemos pedir isso ao "país que não anda". Mas o país que não anda tem muito "Allgarve" por onde não andar. O que temos nós, aqui na Serra, para oferecer ao "país que anda"? É que esse país existe, como se pode comprovar por notícias como esta
Percursos ambientais cativam ciclistas e caminheiros de ÉvoraA Serra da Estrela já tem estradas de asfalto por cotas elevadas como mais nenhuma serra (de dimensão semelhante) que eu conheça. Mas asfaltem-se mais vias ainda, como Lemos dos Santos quer. Virão à serra aqueles turistas que não querem caminhar e que por isso praticamente não saem dos seus carros, aqueles que vêm à neve e regressam no mesmo dia. Agravar-se-ão os problemas de trânsito. Aumentará a pressão sobre os serviços de limpeza da neve e sobre as força da GNR. Mais lixo será deixado na Serra. Ainda mais Serra será fácil, confortável e rapidamente visitada, ou seja, diminuirá ainda mais a duração média da visita dos turistas. Conseguiremos assim moldar a realidade de forma a ajustá-la na perfeição ao diagnóstico de Lemos dos Santos: de facto o país não andará. Na Serra, pelo menos, assim será. Ficará Lemos dos Santos satisfeito? Ou, por mais que se asfalte, nunca será considerado suficicente?
(Diário de Notícias, 8 de Janeiro de 2007)
Sobre a rede de eco- e ciclo-vias em Portugal, encontramos no blog Pedestrianismo uma série de artigos com muita informação. Sobre a rede espanhola de Vías Verdes (a que já me referi aqui) ver este site.
4 comentários:
Será que li bem?!
Lemos dos Santos, Coordendor da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela?
Se são senhores como estes que temos a coordenar (ou será pseudo coordenar) a nossa Serra, então meus amigos, não sei que nos pode esperar mais...
Será que não podiam aproveitar uma pequena quantia dos 100milhoes de euros que aí vêm, para ir visitar umas Serras lá fora e ver o que se faz de melhor por lá?!
Cova Juliana,
Acho que muitas opções destes que criticamos resultam de desconhecimento. Mas não há pior cego do que o que não quer ver. Imagino que pessoas como Lemos dos Santos, Jorge Patrão, Carlos Pinto, Artur Costa Pais, ao visitarem serras lá fora, vêm apenas as estradas por onde circulam, pensando que a cordilheira se reduz aos vales que percorrem. Imagino qie ficam deslumbrados com uma Caldeia (complexo de piscinas no centro da cidade de Andorra-a-Velha) e querem logo tentar fazer uma coisa igual aqui, mas não co centro da Covilhã, Guarda, Seia, Gouveia, não: bem, bem, para eles, é no meio da Serra, onde ainda não haja nada (a Turistrela projectou isso para o mamarracho dos Piornos). Vêm um palácio de gelo numa localidade e pensam logo que também devem fazer um igual cá. Mais uma vez, não se lembram de projectar uma tal coisa para um núcleo urbano, mas antes (segundo ouvi dizer) para o Vale do Rossim!
E podem passar um mês nos Pirinéus e não sairem dos espaços urbanizados. Não vêm tudo o mais que há para além da neve. Ou melhor, vêm o estrictamente necessário para regressarem e dizerem "A serra não pode ser só neve", ficando aparentemente satisfeitos por conseguirem atingir semelhante pináculo da clarividência...
Parece-me que esta gente acha que uma serra natural é uma serra ao abandono, que não atrai ninguém... Num certo sentido até terão razão: uma serra preservada e natural não atrai ninguém da laia deles.
Só mais uma coisa. A gente põe-se a pensar... Com o governo, as autarquias, a CCDR-Centro, a região de Turismo, a Turistrela, com tanta coisa a mandar bitaites e a passar pareceres e autorizações para tudo e nada, tanta gente a fazer importantíssimos e indispensáveis "projectos âncora", tanta instituição com responsabilidades de coordenação e liderança para o desenvolvimento, considerou-se ainda necessária mais esta: Accção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela...
A gente põe-se a pensar... E perguntamo-nos: o que mais não irão ainda inventar? E porque é que não nos desenvolvemos, tão bem servidos que estamos destes tão indispensáveis orgãos administrativos?
Em relação aos SPA's ou a qualquer outra coisa que resulte da pseudo-iniciativa da Turistrela, acho que já aprendemos a dar um desconto...a maior parte das vezes serve apenas para fazer umas brochuras ou encher páginas da imprensa regional (sempre muito solícita a servir de veículo publicitário a certas empresas)...o que não significa que se deva baixar a guarda, sobretudo no que toca aos projectos (que roçam a alucinação) para as pistas da Torre.
Em relação ao sr. Lemos dos Santos é, desde sempre, um dos maiores defensores da dita estrada verde (???!!!) que ligaria a Guarda ao Planalto Central...e que iria levar o trânsito automóvel para um dos últimos redutos minimamente preservado da Estrela.
O que receio é que (ou não pertencessemos a uma região com profundos "ódios" bairristas) as pessoas da Guarda entendam que se trata de uma manobra da Covilhã, Seia, Gouveia e Manteigas,para permanecerem como únicas entradas para a zona mais alta da Serra.
Bom fim-de-semana
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