quarta-feira, março 14, 2007

Entrevista com o director do PNPG

Li no Pedestrianismo e Percursos Pedestres uma entrevista dada por Henrique Pereira, director do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG) ao Correio da Manhã, sobre os projectos em curso no parque e sobre as alterações previstas pelo novo plano de ordenamento.
Uma medida em particular avançada pelo responsável do PNPG incomoda-me um pouco: a ideia de que grupos de pedestrianistas deverão sujeitar a aprovação pelos serviços do parque os passeios que pretendam fazer e pagar por eles uma taxa. Incomoda-me, mas reconheço que não há bela sem senão. Se queremos proteger a natureza há medidas incómodas que têm que ser tomadas.
Se aquela medida se justifica ou não no PNPG, não sei. Mas contrasto a coragem com que se enfrentam estes "incómodos" no Gerês com a incrível permissividade na Estrela: estradas, estradinhas e estradões a aparecerem por todo o lado (autorizadas ou não) e outras a serem planeadas (como a incrivelmente batizada "Estrada Verde" entre a Guarda e o maciço central); implementação de restrições ao trânsito automóvel a ser condicionada à construção de IP6, túneis sob a serra, telecabines ou "grandes parques de estacionamento"; o estatuto sacrossanto dos chamados "núcleos de lazer" (que se deveriam era chamar núcleos da vergonha, pelo menos os mais procurados, nomeadamente a Torre e as Penhas da Saúde); projectos de hotéis, urbanizações, telecabines, minicidades, casino, ampliação da estância de esqui e mais o diabo que o carregue; uma concessionária — Turistrela — do turismo e dos desportos que deixa entulho em todos os sítios onde opera, sem que veja o alavará ou, sequer, a concessão exclusiva postos em causa; uma Região de Turismo que defende o aproveitamento de todo e qualquer mamarracho em ruínas pré-existente na Serra, sem que ninguém a faça ver a terrível imagem que esses mamarrachos dão à Serra, mesmo que fossem (mais dez anos, menos dez anos) reconstruídos...
Tenho a certeza de que apenas uma pequena fracção da responsabilidade por este triste estado das coisas na Serra da Estrela deve ser apontada ao Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE). Mas não acredito que essa fracção seja nula.
O PNSE impede o "desenvolvimento"? Até ver, quanto a mim, não o tem impedido o suficiente.

Sem querer estabelecer quaisquer comparações com o que se passa por cá (que seriam injustas já que mais não fosse porque a Peneda-Gerês é um Parque Nacional, ao passo que a Estrela tem o estatuto, inferior, de Parque Natural), quero também aplaudir a vitalidade e entusiasmo pela causa da protecção da natureza que se notam nas palavras do director do PNPG.

Sem comentários:

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!