quarta-feira, janeiro 31, 2007

O "desenvolvimento"

A imagem acima mostra uma porção da parede oeste do Covão do Ferro. A Turistrela e a Região de Turismo da Serra da Estrela defendem que para se desenvolver o turismo na Serra da Estrela é necessário instalar nesta paisagem uma telecabine (mas com "pouco impacto visual", como as do Parque das Nações, está a ver, caro leitor?) e ampliar para esta zona a estância de esqui. Recentemente, foi aprovado para financiamento pelo PITER o primeiro destes importantes desenvolvimentos.
Sou só eu a achar que quando esta paisagem assim estiver "melhorada" a Serra da Estrela perde um dos seus maiores atractivos turísticos? E a telecabine para quê? Para facilitar (ainda mais) o acesso dos turistas à degradante vergonha da Torre, talvez o sítio menos interessante de toda a Serra da Estrela?

8 comentários:

Cova Juliana disse...

Eu também sou da mesma opinião.

Já chega de destruição na Serra da Estrela!!!

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Usando a gíria futebolística, se há golos que ajudam a fazer fãs da bola, também há fotografias que nos ajudam a ficar rendidos a determinado sítio...esta fotografia é um desses exemplos.

No caso concreto das telecabines, elas só seriam admissíveis (pelo menos a discussão de tal hipótese...) se, do outro lado, se ponderasse o encerrar da estrada de acesso à Torre.

Para evitar outra machadada ambiental na Serra semelhante à da abertura da estrada de acesso à Torre, é necessário a todo o custo evitar a construção daquela que, num acesso de mau gosto, foi chamada de "estrada verde" e que visa ligar a Guarda à Torre (atravessando alguns dos últimos habitats ainda minimamente salvaguardados da Serra).

ljma disse...

Nem mais Pedro, concordo com tudo o que dizes, exactamente do modo em que o dizes: as telecabines podem eventualmente ser discutidas, mas apenas aceitando como contrapartida o encerramento do trânsito na estrada da Torre; a estrada da Torre já é uma estrada a mais, a estrada verde é totalmente injustificável. Estamos em 2007, caramba!

ljma disse...

Cova Juliana, ora bem! Já há entulho que chegue na Serra (há o suficiente para encher posts e mais posts do Estrela no seu melhor ;). Agora temos é que começar a removê-lo, em vez de ainda para lá levar mais.

antonioj disse...

Parece que finalmente o IC6 vai avançar...pode ser que resolva parte do problema. O que não percebo é porque lhes custa tanto acabar com aquela situação 3º mundista na Torre!! Deveriam começar por aí, acabar com aquela vergonha de "centro comercial", vigiar a malta do sku com os sacos, etc

Anónimo disse...

Por esta e por outras é que eu vou à Serra de Gredos, aos Pirinéus, etc. e não tenho a mínima intenção de me assomar por essas bandas, onde estive uma única vez, há cerca de 30 anos, numa excursão da escola primária.

No entanto, descobri com agrado este blog e o que aqui se escreve causa-me algum optimismo, pelo que felicito os seus responsáveis e faço votos de que continuem o excelente trabalho.

ljma disse...

António, já há muitos anos que oiço que "finalmente o IC6 vai avançar". Não é que não concorde, acho muito bem. Mas acho que o problema do entulho na serra, das estradas no seu interior, das consideradas necessárias "acessibilidades fáceis e directas" para promover o turismo, têm muito pouco que ver com acessos ao litoral como as autoestradas, as ICs ou os túneis.

Queremos estradas e telecabines na serra porque pensamos que o turismo na serra é a tristeza da neve na Torre e nada mais. É para desenvolver essa rasquice que os "acessos fáceis e directos" são necessários, não fazem falta para mais nada. Por isso, fazer a resolução dos problemas do tráfego na serra depender de grandes obras como IC6 ou túneis, é adiá-los para sempre, ou quase. Parece-me que, de facto, é querer não resolver esses problemas, é querer manter o triste turismo que temos, apenas o triste turismo que temos.

ljma disse...

anonymous, obrigado pelo cumprimento. Eu acho qdevem visitar todas as montanhas que se conseguir. E, sobretudo, mantê-las atractivas.

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!