terça-feira, dezembro 12, 2006

O dia 9 de Dezembro

Foi um dia frio e enevoado. Foi também a data escolhida para uma importante operação do projecto "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela", da Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela (ASE). Esta operação consistiu no transporte de carvalhos jovens para três locais estratégicos da Serra, definidos pela ASE com a concordância do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), onde serão plantados ao longo das próximas semanas. Os carvalhos (em número de 3600) foram transportados por um helicóptero disponibilizado pela Força Aérea Portuguesa. No próprio dia foram plantados aproximadamente mil e duzentos, que foi o que se conseguiu com o frio que estava. Para além do "apoio aéreo", a operação contou com a participação de 128 voluntários, desde montanhistas veteranos como o presidente da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada até principiantes (alguns tiveram então a primeira lição prática sobre como não se equipar para a neve), vindos de Lisboa (Clube de Actividades de Ar Livre, Associação Desnível), da Guarda (Clube de Montanhismo da Guarda), de Manteigas (ASE), do Fundão (Caminheiros da Gardunha), de sei lá eu donde (escuteiros do agrupamento 232) e mais uns poucos de origens diversas.
Correu tudo bem? Não, claro. Era para serem 6000 carvalhos mas só foram entregues 3600; no sítio onde o grupo que eu integrava ficou estacionado, o heli demorou muito tempo a chegar, o que levou alguns mais apressados (eu incluido) a regressar cedo demais; alguns participantes trouxeram crianças pequenas que se cansaram e ficaram um pouco impacientes... Ah, mas que importância tem isso tudo?
Dá gosto ver gente a tratar bem a Serra, a tratar a Serra como ela merece, a tratar a Serra como se ela fosse (de facto, é) nossa! Dá gosto ser parte deste movimento. Foi um dia e tanto. Ao mesmo tempo que decorriam estes trabalhos, algumas centenas de carros tristemente subiam e mais tristemente desciam a triste estrada para a Torre. Pois é: quem da Serra pouco quer, pouco leva.

As fotografias foram gentilmente cedidas pelo meu amigo Pedrofp. Bem hajas!

11 comentários:

TPais disse...

Confirmo que foi um dia em cheio !!!Apesar do atraso de Heli fiquei satisfeito por este conseguir chegar porque, como podem ver, as condições eram longe das ideais!!Fiquei especialmente contente pela quantidade de gente de diferentes origens que apareceu para contribuir nesta causa!!Solidariedade é a palavra!

Anónimo disse...

muita inveja que tenho de vós, muita mesmo, gostava de poder ter participado, Bem Hajam por tudo

ljma disse...

João, haverá mais oportunidades. Repare que só um terço dos carvalhos foi plantado, os restantes ficam à espera dos próximos fins de semana. Contacte o José Maria da ASE (ver o site do projecto, incluí a link no post) para mais detalhes.
E no próximo ano haverá mais bolotas para semear, e sementes de bétula, e de tramazeira...

Al Cardoso disse...

Contra a vontade e gosto dessa gente boa, nao ha frio nem neve que consiga nada.

Parabens pela iniciativa, outras como essa sao necessarias, em todas as serras portuguesas.

Um abraco da encosta norte.

Anónimo disse...

That's one small step for ASE, one giant leap for Star Mountain.
Parabéns.

Caro José, gostaria de lhe indicar o seguinte post: http://cortesdomeio.blogs.sapo.pt/38726.html

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Olá Cântaro:

Nós do CAAL www.clubearlivre.org eramos 58,com putos e tudo; subimos que nos desunhamos, porque fomos para o sítio mais dificil; mas como o tempo estava coberto na candeeira, fomos abastecidos quando atingimos o covão do Lameirão. Uma sorte, porque não esperamos pelo heli. Metemos cerca de 800 arvores. As restantes ficam para o mês que vem...Estava frio e às 14h iniciámos a descida. Há pois trabalho à espera na Candeeira, Lagoa dos Cântaros e Covão do Lameirão. E ainda faltam quase 2400 árvores que o PNSE se tinha compremetido a entregar, e que terão de ser levadas nas mochilas dos montanheiros...Vamos ter um Nevestrela em grande, até porque a ASE comemora 25 anos!
Um abraço montanheiro
José Veloso

Anónimo disse...

Como grande apaixonado da Serra fico satisfeito pela iniciativa e também por saber do envolvimento, nesse ambicioso projecto, da "Forcíria", a que tive o orgulho de pertencer na década de 60, com o "nick" de Suzuki. Não serão saudades da Esquadra 13?
Gostaria de ser esclarecido sobre se a sementeira e/ou plantação de carvalhos representa uma viragem na política de reflorestação da Serra, acabando de uma vez por todas com a hegemonia do pinheiro bravo que, para além de inestético e desajeitado, torna a Serra igual a tantas outras perdendo a sua identidade.
Percorri recentemente uma região de parques ambientais na Comarca de Sayago, em Espanha, e fiquei chocado, pela positiva, por, durante 8 dias, não conseguir ver nem fotografar uma única árvore dessa espécie ou eucaliptos, em flagrante contraste com a situação que encontrei do lado português, poucos minutos depois de passar a fronteira.
Em seu lugar, confirmei, entre outras, a existência de azinheiras, teixos e zimbreiros de grande porte, com aspecto cuidado e de excelente visual, a fazer lembrar árvores orientais.
Parabéns aos promotores da iniciativa e ao Cântaro por a ter divulgado.

ljma disse...

Caro anonymous, formerly known as Suzuki, boa noite! Muito obrigado pelo cumprimento.
Oiça, para mim (novato de quarenta e poucos anos), o seu primeiro parágrafo é chinês! Que é lá isso de "Forcíria", que é lá isso de "Esquadra 13"?! (Conjectura: Esquadra 13 é o nome da malfadada [à luz de parâmetros mais modernaços de respeito pela natureza] divisão da força aérea encarregada da base dos radares da Torre).
Quanto a todo o resto da sua mensagem, acho que nos compreendemos, muitíssimo bem. Vátão, como dizem na Covilhã. Este projecto, por enquanto, não representa nenhuma viragem de política, é apenas a louvável iniciativa de uma associação de Manteigas (a ASE). Isto é que é, no verdadeiro sentido da palavra, iniciativa privada! Eventualmente, pode significar uma viragem, mas apenas pelo exemplo, ou precedente, que estabelece: agora é connosco, indivíduos e associações; podemos assobiar para o ar, fingir que nada disto aconteceu, continuar a plantar pinheiros e eucaliptos para arderem ao fim de cinco anos, meter a cabeça na areia e continuar com o business as usual, ou então podemos perceber que o que sempre se fez não é (e nunca o foi) solução. Antes, era fácil esta última opção de meter a cabeça na areia. Agora, já é preciso justificá-la.
Mesmo que tudo falhe, mesmo que todos os carvalhos morram, mesmo que não houvesse todas as outras razões, só por por dar um exemplo, só por dar O exemplo, Bem Hajas, Associação dos Amigos da Serra da Estrela! Quem tem amigos destes tem o que é preciso!
Um abraço!

ljma disse...

José Veloso, viva!
Foi um dia espectacular, não foi?! Que maravilha...
Falando na qualidade de "indígena", quero agradecer o vosso entusiasmo (e o de todos os outros "forasteiros"). Bem hajam, até sempre, um grande abraço!
PS: isto de distinguir entre "indígenas" e "forasteiros" tem muito que se lhe diga. A bem dizer, acho que todos somos Lacerta Monticola...

Anónimo disse...

Olá Jose Amoreira,

Foi um dia fantástico, de grande empenho e entusiasmo. E certamente nada será como dantes, quer para os que tiveram o previlégio de participar quer para a Sociedade Civil. Veja-se o envolvimento entusiasmado e entusiasmante da FAP (obrigado Coronel Carlos Barbosa) que transformou o inexorável custo de treino obrigatório das tripulações, numa acção técnica complicada de intervenção em montanha em locais de muito difícil condições e acesso, ao mesmo tempo que percebeu, empenhando-se, o alcance da iniciativa. No CAAL, que nos seus 22 anos contínuos de actividades sempre e sempre levou os seus socios e amigos a conhecerem, respeitarem e amarem a Serra, desde a primeira hora que estamos com a ASE e o com o Zé Maria neste projecto! E por isso estamos,"indígenas" e "forasteiros", na 1ª linha de defesa da Serra e da Natureza, que é como quem diz, na defesa do Futuro!
E logo lá vou até às Penhas, acompanhar 48 jovens "forasteiros" da Secundária Fernando Namora da Amadora que, entusiasmados, vão "meter" mais umas bolotas. Eles serão certamente os juizes dos nosso comportamentos actuais. Zé Amoreira, eles respondem presente, eles são o futuro. Isto vai...
Um abraço
José Veloso

TPais disse...

E viram lá o sr. Costa Pais ou o sr. Jorge Patrão a ajudar a plantar carvalhos, não viram???? Pois coitados, deviam estar demasiado ocupados com declarações à imprensa ou a contar os "aerios" que lhes entravam na conta dos turistas da Torre. E dizem eles que só querem o melhor para a serra!!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!