sexta-feira, novembro 17, 2006

Os verdadeiros monumentos

Encosta da Covilhã Quando se fala do desenvolvimento do Turismo na Serra, os responsáveis da Região de Turismo, os da Turistrela e os da Câmara Municipal da Covilhã logo se lembram da reconstrução do edifício do antigo Sanatório dos Ferroviários. Eu não percebo. O sanatório será, apenas, quando muito, um hotel. Ora, as pessoas não são atraídas por hotéis. As pessoas usam os hotéis (ou as estalagens, ou as pousadas, ou as pensões, ou os abrigos de montanha, ou os parques de campismo) para se aproximarem daquilo que verdadeiramente as atrai. Neste caso, é a paisagem e o ambiente serranos. Mas destes, ninguém fala!
O que verdadeiramente devemos proteger e promover é a paisagem. Muito mais do que o sanatório, que é, de facto, um edifício emblemático e aproveitável (ao contrário de todos os outros mamarrachos que se pretende "requalificar" na Serra), temos que reconstruir monumentos como o que mostro na fotografia. Os edifícios, mesmo tratando-se de edifícios como o do sanatório, são o que menos importa!

2 comentários:

Cova Juliana disse...

"As pessoas usam os hotéis para se aproximarem daquilo que verdadeiramente as atrai. Neste caso, é a paisagem e o ambiente serranos." (e eu digo mais, da gastronomia, das pessoas, do patrimonio, etc)

Penso que estA tudo dito. Julgo que os turistas nao venham A serra para ver caminhos de terra (agora asfaltados), estancias de ski (que de verao parecem zonas de testes nucleares), aldeias de montanha (que de aldeias so devem ter as faltas de condiçoes), etc, etc, etc...

ljma disse...

Cova Juliana, obrigado por acrescentares a tua lista de atractivos com coisas de que, obviamente, me tinha esquecido. No capítulo do património, temos na região (pelo menos aqui na Covilhã, mas também em Unhais, Loriga, Seia, Manteigas e Gouveia) o património industrial. Esse património pode ser aproveitado para o turismo histórico-cultural e o científico (arqueologia industrial). Mas o património histórico da região não se fica pelos 250 anos da indústria dos lanifícios (estou, arbitrariamente, a marcar o seu início com a instalação da real fábrica dos panos). Foi descoberto (em 1999, se não me engano) perto de Orjais um templo romano com as dimensões do de Diana, em Évora (mas não tão bem conservado, claro). E há ainda as recentes descobertas de artefactos e pinturas rupestres, nas cabeceiras do Alva (Seia) e do Ceira (Covilhã). Estas descobertas têm sido tais que o arqueólogo Nuno Ribeiro afirmou que representam “uma das maiores e mais ricas concentrações de arte rupestre da Península Ibérica e que corresponde a mais de 20 por cento da arte rupestre portuguesa” (ver aqui). E há o turismo rural, que (do lado da Covilhã, pelo menos, não se tem desenvolvido).
Enfim, turismos há muitos. Este em que apostamos é o mais rasca possível. Mas, seja como for, não são os hotéis que fazem desenvolver o turismo, é o desenvolvimento do turismo que torna necessários (e, sobretudo, rentáveis) os hotéis.

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!