Vou aqui fazer uma sondagem. Bem sei que a amostra da população que escolhi não é representatitiva mas suspeito que o é mais do que a que certos responsáveis usam para avaliar "as legítimas expectativas de desenvolvimento das populações da Serra" (expressão de Carlos Pinto para justificar a rejeição das alterações ao plano director do PNSE), ou para sustentar teses como a de que Portugal é "um país que não caminha" (Lemos dos Santos, no blog Tráfego na Serra da Estrela).
E a questão desta semana para a nossa sondagem online é
"O que é para si mais importante: (a) a preservação e conservação do ambiente da serra ou (b) o desenvolvimento turístico tal como a Turistrela (com o apoio da RTSE e de algumas autarquias) o está a projectar?"Bem sei que podia usar um destes sites de sondagens online mas acho que não vale a pena, isto é mesmo só uma brincadeira. Mas é uma brincadeira que nos leva a considerar a possibilidade de os projectos da Turistrela serem incompatíveis com a preservação do ambiente.
Sobre este assunto ainda, fiquei agradavelmente espantado com o número de vozes que se manifestaram favoráveis ao retorno de lobos à Serra. Pensava que essa possibilidade já tinha sido afastada do imaginário colectivo da nossa região. Será que podemos ver, nestas opiniões expressas no Cântaro, um sinal do verdadeiro interesse da população? Será que estes assuntos se podem tornar em bandeiras para campanhas eleitoriais?
Quando dizemos que gostávamos que os lobos voltassem à Serra, é bom que saibamos que essa possibilidade pode implicar medidas que talvez não sejam muito consensuais, como o encerramento de algumas estradas ao trânsito e a definição de áreas extensas onde nenhum, mas mesmo nenhum, projecto de desenvolvimento turístico, industrial, agrícola, etc, poderá ser autorizado. É até possível que um tal esforço obrigue à proibição da circulação de pessoas (piqueniqueiros, montanhistas, bttistas, fotógrafos, etc) em certas zonas da Serra.
De uma coisa tenho a certeza: um esforço para a reintrodução de lobos na serra só será bem sucedido com uma inversão completa do rumo que o desenvovimento da serra tem tomado. Ao contrário do que diz Jorge Patrão, os projectos de urbanizações, de estradas, de teleféricos têm impactos enormes sobre o ambiente, como se pode facilmente constatar caminhando ao longo de qualquer estrada, notando o que não se nota quando se passa de carro: o lixo e os cadáveres dos animais atropelados. A protecção ambiental não é uma coisa confortável. Mesmo assim, quanto a mim, vale a pena. Cada um que tome as suas opções, ciente de que não vivemos num conto de fadas. Sejam quais forem as opções que colectivamente tomarmos, não há um final para a história, muito menos um final feliz em que tudo fica bem no melhor dos mundos, ao agrado dos gregos e dos troianos.
3 comentários:
Apercebi-me que Portugal n tem qualquer consiencia ambiental aquando da minha recente visita à Holanda. Até eu, confesso que não tenho consciência ambiental...
Mas a nossa Serra é muito bonita e poderia ser ainda mais e ao mesmo tempo poderia ser uma oferta turística ambiental de qualidade mas não é nada disso que estão actualmente a querer fazer... e é pena.
Quanto ao link aqui para o cântaro já está corrigido.
Saudações mafiosas,
De uma coisa, pelo menos, podemos (?) orgulhar-nos: a nossa serra é muito mais bonita do que as dos holandeses! ;)
Agora a sério, eu não sei se tenho consciência ambiental. Sei que gosto de caminhar em sítios que não estão urbanizados. Gosto de sítios onde me posso perder à vontade. Sei que há muita, muita gente que tem a mesma mania, em maior ou menor grau. Parece-me que essa gente também conta, que não há direito que andem a "melhorar" a serra adequando-a a actividades para as quais não tem condições (e o esqui vem logo à mente, por muito me custe, porque gosto, e muito!, de esquiar) e preparando-a para ser visitada apenas por hordas de turistas que não sabem o que nela hão-de fazer, vagueando de carro ou de telecadeira, deixando lixo por todo o lado, enquanto não se constroem os prometidos centros comerciais, necessários para entreter estas multidões. A opção por este turismo passa por urbanizar e artificializar extensas áreas da serra. E não há equilíbrio possível. Repara que a anunciada ampliação da estância de esqui, que foi discutida na Máfia da Cova em Março, só permitirá resolver os "problemas" nos próximos dois anos, nas palavras de Artur Costa Pais. Depois terão que ampliar a estância mais ainda, atrás do que se revelarão necessários mais acessos, mais parques de estacionamento, mais hotéis, mais urbanizações! Não, ou isto para agora, ou fica tudo estragado. Os tipos da arrábida têm as suas pedreiras, nós teremos os nosso "núcleos de recreio".
Mais de resto, eu sei lá o nome dos bichos e das plantas da serra, se estão em extinção ou não! (Mas ando a aprender, pouco a pouco, algumas coisinhas...) Sei que as actividades que me agradam na serra ficarão muito diminuidas ou serão mesmo impossíveis se continuarmos por esta via. É esta a minha consciência ambiental.
Muito honrado com a visita, Padrinho. A sua benção... Arriverderci presto! ;)
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