quinta-feira, abril 20, 2006

CISE

O Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), da Câmara Municipal de Seia é, quanto a mim, das melhores coisas que aconteceu na Serra nos últimos anos. Pelo menos, é um exemplo do que poderia (aliás, deveria) ser o comportamento de várias entidades com responsabilidades na conservação do ambiente ou na actividade turística.

O CISE é um departamentamento da Câmara Municipal de Seia, com um quadro de pessoal constituído por três (se não me engano, posso não estar actualizado) funcionários. O CISE realiza passeios pela Serra, disponibilizando na internet as suas descrições (veja aqui), incluindo o seu traçado em cartas topográficas. Todas as estações, faz publicar um Bloco de Notas, um caderninho com umas 20 páginas principalmente sobre a Serra, o seu ambiente e como o podemos gozar. Estes Blocos de Notas podem ser obtidos gratuitamente no site do CISE, mais especificamente, aqui.

O CISE organiza cursos de fotografia de natureza, de observação e identificação de aves, de estudo de répteis e anfíbios e ainda actividades, igualmente abertas à população, para observação da fauna (aves e répteis) ou da flora (cogumelos). No Outono de 2005, frequentei o curso de fotografia de natureza, e gostei muito. Se não melhorei como fotógrafo, isso deve-se apenas à minha falta de sensibilidade artística (e de pachorra para pensar nas fotos antes de disparar), porque o curso foi de elevada qualidade (excepto talvez no que se refere aos critérios de selecção, já que aceitaram a minha inscrição). O programa para os próximos meses está recheadinho de coisas interessantes para fazer.

Mas há mais. O CISE levou a cabo, no início do ano, uma actividade, também aberta à população, de sementeira de árvores de espécies autóctones, na zona de Alvoco da Serra, fortemente fustigada pelos incêndios dos últimos anos. Outro projecto do CISE é a criação de um parque florestal na zona da Senhora do Desterro (ver aqui), para o que conseguiu o apoio da EDP, proprietária dos terrenos onde ficará instalado.

Falo hoje do CISE, porque li n'"O Interior" a notícia de que estava a decorrer um concurso de fotografia de ambiente em Seia, organizado por quem? Claro, pelo CISE. É só mais uma, a juntar a já tantas!

Mais do que semear árvores, o CISE tem "semeado" cultura ambiental. Numa região servida (é este o verbo adequado, apesar do que dizem as forças vivaças) por uma magnífica zona protegida (devia-o ser, pelo menos), não é estranho que tão poucas outras instituições, públicas e privadas, pareçam sentir também a obrigação de participar nesta "sementeira"?

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá,

Pois é, pouco conheço o CISE, mas pelo que vi, não deve haver outro organismo em toda a Serra da Estrela com o mesmo espirito e actividades. Ali tentam fazer da Serra aquilo de nós aqui defendemos.

A camara municipal de Seia, para mim é um exemplo a seguir. Lá apostam fortemente na Serra, no turismo, actividades, ...
Apesar de ter uma dimensão muito menor que a Covilhã, tem sempre muitos turistas pelas ruas onde existem lojas com productos da região, têm o museu do pão, o museu do brinquedo, as actividades do CISE, ...

Já agora, uma pequena corecção, não é um concurso de fotografia mas sim um curso, o que a meu ver ainda é melhor, pois vão ensinar os melhores métodos de captar a natureza!

ljma disse...

Olá, Fixer
Não sei se O Interior se estava a referir ao VI Curso de Fotografia de Natureza e Vida Selvagem quando noticiaram o IV Concurso de Fotografia de Ambiente, mas isto é o que está na notícia...
Eu também não conheço muito bem o CISE. Como disse, frequentei o V curso e gostei deles e da atitude deles. E aplaudo neste aspecto a Câmara de Seia. Há outros, também relacionados com a Serra, em que a sua actuação não me agrada nada. Mas tenho que reconhecer que os autarcas não são eleitos para me fazerem as vontadinhas todas, para pensarem apenas no ambiente ou, sequer, para o porem no topo da sua lista de prioridades. Eu já ficava muito contente se todos os autarcas da dessem, como os de Seia, uma no cravo, outra na ferradura...
E acho que o papel das forças vivas também é o de mostrar caminhos alternativos, vencer atavismos, ultrapassar resistências, em suma: liderar. Parece-me compreensível que uma parte da população da região acredite que a via para o desenvolvimento é a das construções, das estradas, do comércio para turistas (mais rasca ou mais sofisticado). Não compreendo é que as mesmas teses sejam defendidas pelos autarcas e responsáveis por organismos públicos, semipúblicos e privados com voz sobre o que acontece na Serra. Aqueles que tenho criticado parecem pensar (se é que é isso que pensam, estou a tentar acreditar nas suas boas intenções) que a única via é a que está implementada no terreno, um binómio definido pelo turismo do ski e do comércio a la Sabugueiro, uma componente reforçando a outra na massificação e nos prejuízos ambientais. Sendo a única via que existe, afirmam, é a que se deve seguir. Não é o que se depreende das palavras de Jorge Patrão quando diz que a concessão exclusiva da Turistrela se deve manter porque ela tem feito investimentos? Não se avaliam os investimentos, basta que eles se façam. Não é uma boa lógica, sei-o por experiência própria: quando era estudante, vinha uma vez à Covilhã passar um fim de semana e fui parar ao Porto porque entrei no primeiro autocarro que me apareceu à frente, tendo-me esquecido do detalhe sem importância de verificar se era o autocarro certo.

ljma disse...

Caro korkeiche, obrigado pelo seu comentário. Ele ajudou-me a perceber melhor o que mais me agrada no CISE. É que constatações como a que fez, "a maioria dos jovens não acredita...", também eu e toda a gente as faz, e são aproveitadas por aqueles a que chamo (talvez injustamente, mas é para simplificar a escrita) "forças vivaças" para justificarem as suas opções (veja-se Lemos dos Santos, da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela que afirma, no blog Tráfego na Serra da Estrela, que Portugal é "um país que não anda" para defender mais asfaltações na serra). O que realmente me agrada no CISE é que eles não se ficam por aí. Eles trabalham activamente, e com um sucesso surpreendente (as iniciativas deles têm uma grande adesão), para desenvolver na população o gosto pela natureza (gosto que envolve alguma aprendizagem, como todas as coisas boas da vida) e o hábito da sua fruição. Nisto, o pessoal do CISE revela imaginação e inconformismo, que é o que mais falta faz para desenvolver a serra.

Anónimo disse...

What a great site, how do you build such a cool site, its excellent.
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Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!