sexta-feira, dezembro 28, 2012

No "sapatinho" de quem?

Digitalizado da página 10 do Jornal do Fundão de 27 de Dezembro de 2012 (clique na imagem para a tornar legível).

Mais uma vez, o Jornal do Fundão oferece-nos um exemplo da fina arte do jornalismo, lavrada pela pena de Romão Vieira. O assunto é o quartel da GNR que o presidente da Câmara da Covilhã anunciou que pretende construir nas Penhas da Saúde.

Há tempos (há quatro anos), comentei aqui uma peça sobre este mesmo assunto, escrita por este mesmo jornalista, publicada por este mesmo jornal. Mas agora é que vai ser! E ainda bem que o Jornal do Fundão, sempre atento, pode dar a boa nova!

Que o quartel se construa nas Penhas não me incomoda por aí além, como pessoa que aprecia a serra e a sua paisagem. Ao fim e ao cabo, mais mamarracho, menos mamarracho, ali, já não destoa. Mas deixem-me colocar algumas perguntas de que o jornalista que redigiu a notícia (chamemos assim àquilo) parece não se ter lembrado:

  • O novo quartel das Penhas da Saúde (ou melhor: o quartel que nesta notícia é anunciado) vai ser maior e melhor que o Posto Territorial da Covilhã da GNR. Isto é razoável?
  • As Penhas da Saúde (onde, recordo, não viverão mais do que umas vinte pessoas) estão mais perto (se não em distância, pelo menos em tempo de viagem) do posto da GNR mais próximo do que muitas aldeias do concelho com centenas de habitantes. Dois exemplos, apenas: Verdelhos e Sobral de S. Miguel. Mas o presidente da Câmara da Covilhã acha que é nas Penhas da Saúde que o novo quartel faz falta. Isto é razoável?
  • Se bem entendo a "notícia", o autor quer-nos convencer de que este quartel é uma aspiração da GNR. É possível que sim, que o seja, mas estranho: eu nunca ouvi ou li nada nesse sentido. Alguém me pode indicar intervenções públicas, por parte do comando da GNR ou das suas associações profissionais, referindo esta "velha e justa" aspiração? É só para ficarmos a saber de quem ao certo é o "sapatinho" que recebeu este anúncio.

6 comentários:

Anónimo disse...

O sapatinho não estará ali para os lados do Tortosendo?

Something disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Something disse...

Infelizmente é o país que temos Zé!
abraço
Paulo Barbosa

Anónimo disse...

José Amoreira,

Por vezes torna-se difícil entender o que defende.

Em tempos já lhe tinham indicado que uma das antigas torres dos radares estava ocupada, e que a outra estava abandonada. Ora criando-se a oportunidade para que as pessoas que ocupam uma das torres encontrarem “pouso” num outro lugar (leia-se novo Quartel da GNR nas Penhas da Saúde), aparece logo o José Amoreira a dizer que não concorda.

Afinal, quer ou não quer que as duas torres no topo da Serra sejam destruídas? Se quer tem que aceitar que os homens que lá estão vão para outro lado.

O que é difícil é ter Sol na Eira e Chuva no Nabal.

Cumprimentos Serranos,

João Coxo.

ljma disse...

Olá, João Coxo!
Deixe-me destacar uma porção do que escrevi:

"Que o quartel se construa nas Penhas não me incomoda por aí além, como pessoa que aprecia a serra e a sua paisagem. Ao fim e ao cabo, mais mamarracho, menos mamarracho, ali, já não destoa."

Ou seja, não tenho grandes objecções quanto à instalação da GNR nas Penhas da Saúde. O que me levou a escrever este post foi outra coisa: é que não gosto que me tomem por parvo.
Não concordo que um político em exercício se entretenha a prometer mundos e fundos para deslumbrar parolos, uma vez, e outra vez, e mais outra vez. As pessoas continuam a votar nele e têm esse direito. Mas eu tenho o direito de não gostar e de o afirmar.
E também não concordo que um jornal que tem os pergaminhos e a tradição do Jornal do Fundão (e que assinei durante uns vinte anos) se preste a estes fretes aos srs. presidentes disto e daquilo.

Mas vamos agora ao cerne da sua "perplexidade". Coloquei-a entre aspas porque me parece que ela não é real, é antes, apenas, uma figura de estilo, ou melhor, para chamar as coisas pelos nomes, uma provocaçãozinha. É que, quando pergunta "Afinal, quer ou não quer que as duas torres no topo da Serra sejam destruídas?", o João parece acreditar que, se a GNR libertasse a torre que usa como arrumação, então as duas torres seriam demolidas, fazendo-me vontade. Mas eu não acredito que demolissem nem uma nem as duas torres, porque nunca vi ninguém sugerir essa possibilidade. Mais ainda, também não me parece que o João verdadeiramente acredite, daí que tenha considerado a sua "perplexidade" apenas uma provocaçãozinha. Desculpe-me se estou errado.

É difícil ter Sol na Eira e Chuva no Nabal, sim. Mas será este um caso em que o ditado se aplica? O João acha mesmo que ou a GNR tem o "quartel" na Torre, ou o tem nas Penhas da Saúde, ou então não haverá policiamento no planalto?! Mas, se é essa a sua posição, considera também que nas aldeias afastadas (algumas ainda mais afastadas que a Torre) não pode haver policiamento?!

Deixemo-nos de provocaçõezinhas. O João considera que esta promessa resolve algum problema grave das populações ou dos turistas? Não deteta aqui os sinais da típica demagogia pré-eleitoral (que, ainda por cima, neste caso é altamente recorrente), prometer obra e mais obra para embasbacar basbaques? E cheira-lhe bem isso? A mim não.

Saudações
José Amoreira

ljma disse...

Já agora, aproveito para me dirigir aos vários visitantes desta caixa de comentários.

Paulo, um abraço também! Vai "aparecendo"!

Caro anónimo das 11:43 do dia 28 (o primeiro). Lamento, mas não faço ideia do que pretende sugerir com a sua questão. Não quer ser mais claro?

José Amoreira

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!