quarta-feira, setembro 10, 2008

Um caso grave de IP-ite sinalética

De acordo com a Norma de Sinalização Vertical (ver o site da Estradas de Portugal), o sinal triangular ilustrado na figura acima indica descida perigosa. Para reforçar o aviso, aconselham-se os condutores a usar o motor para controlar a velocidade do veículo. É um sinal que, como seria de esperar, frequentemente encontramos na estrada Covilhã-Torre-Seia.

Recentemente, foram instalados nas estradas N339 (Covilhã-Seia) e (desta não estou 100% certo) N338 (Manteigas-Piornos) grandes placards como os que se seguem:

Encontrei estes placards pela primeira vez na famigerada IP5, na descida da Guarda para o Porto da Carne, onde era frequente incendiarem-se os travões dos camiões TIR. Justificavam-se aí sinais especiais, de grande visibilidade, dadas as elevadas velocidades de circulação que o itinerário principal permitia.

Mas, nas estradas da serra, para quê? Em estradas que não permitem grandes velocidades, que necessidades de informação há que não possam ser satisfeitas pelos sinais regulamentares?

Quanto a mim, trata-se de mais um sintoma da verborreia sinalética que anda a afectar os responsáveis por estas estradas. Uma doença incómoda mas, mais de resto, benigna (descontados os estragos na paisagem causados pelos infectados), a que chamei no título IP-ite sinalética.

Neste caso, os sintomas estão a agravar-se. Recomenda-se ao paciente uma cura de repouso, um período prolongado de inactividade absoluta. De outro modo, o seu estado poderá evoluir até chegarmos a qualquer coisa como isto:

4 comentários:

Anónimo disse...

Assim, não existirá o risco de alguma camioneta malhar nas traseiras do Sanatório, como aconteceu em tempos de sinalética reduzidamente triangular...

ljma disse...

Não existirá esse risco agora, caro anónimo? Acha que não?

O anónimo tem a certeza de que esse acidente ocorreu porque os sinais triangulares são, admitamos, pouco visíveis? O anónimo tem, ao menos, alguma razão para suspeitar que terá sido essa a razão? É que, se bem me lembro, também se disse na altura que o condutor desse acidentado autocarro estava alcoolizado...

E, vejamos. Isso ocorreu há quê? Algo como vinte anos, não? Estes enormes painéis foram instalados este ano. Desde a data do acidente, quantos acidentes deste tipo aconteceram? Zero. Até à data do acidente, quantos acidentes deste tipo tinham acontecido? Que eu saiba, contam-se dois ou três, com veículos ligeiros (e, num deles, o condutor, que tinha escapado ileso, foi condenado por homicídio do passageiro, ou seja, não terá sido um acidente).

Sendo esta a realidade, tem-se feito sentir assim tanto a necessidade dos painéis para evitar acidentes como o que referiu? Eu acho que não.

Mas, já agora, quero aproveitar para colocar uma questão no ar. A estrada da Serra será assim muito perigosa? Todos sabemos há grandes desníveis e precipícios impressionantes, curvas apertadas, chuvas torrenciais, nevoeiros cerrados, geadas e até gelo e neve na estrada, por vezes. Certo. Mas, objectivamente, quantos acidentes graves ocorrem anualmente na estrada da serra? Quantos ocorrem por milhar de veículos que nela circulam? Qual é o número de vítimas, em termos absolutos ou relativos?
Se fossemos a números, mesmo, acho que teríamos uma surpresa. Quase aposto que constataríamos que há inúmeras estradas (no país e na região) muito mais mortíferas que a da serra, e onde, portanto, se justifica uma muito maior urgência na intervenção. Mas isto é só uma impressão qualitativa a priori, não tenho dados quantitativos para a apoiar.

Obrigado pela sua participação!

ljma disse...

Só mais uma coisa, caro anónimo.

A "sinalética reduzidamente triangular" pertece à Norma de Sinalização Vertical. Estes grandes placards, não.
Se aquela não chega para impedir acidentes como o que referiu e se os placards são o que é preciso para eliminar o risco de ocorrerem, então parece-me evidente que a dita Norma tem aqui um aspecto a corrigir, na primeira oportunidade de alteração do Código da Estrada. E, já agora, devia também propôr-se uma directiva europeia no mesmo sentido.
;)

Anónimo disse...

Epá! ainda cabiam os sinais da ausência de bermas, de limitação de altura dos veículos, de informação de restauração, de proibição de parar ou estacionar, curva e contracurva e de informação de uma estação de rádio da região, já agora...
ehehehe!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!