Seia está a cerca de uma hora de passeio rodoviário, panorâmico e descontraído, da Covilhã; Gouveia está a quarenta minutos de Manteigas; Manteigas está a vinte e cinco minutos da Covilhã e pouco mais do que isso da Guarda; de Seia para Manteigas serão outros quarenta minutos; de Manteigas para Belmonte vão vinte minutos de agradável viagem, ao longo do Zêzere. Demora-se frequentemente mais do que isso para chegar, de carro, do Parque das Nações ao Mosteiro dos Jerónimos.
Para um turista que venha do litoral ou de Espanha, é perfeitamente razoável (e aposto que muitos o farão) almoçar em Seia e lanchar em Manteigas, na Guarda, em Belmonte ou na Covilhã. Fosse eu de fora, e imagino que planearia um visita à nossa região que incluisse uma passagem pela Covilhã (Museu dos Lanifícios, Bouça, Unhais da Serra), Fundão (Museu Arqueológico, Castelo Novo, Alpedrinha), Belmonte (Museu Judaico), Seia (Museu do Pão, Loriga, CISE), Gouveia (parque zoológico, Linhares), Manteigas (Covão d'Ametade e da Ponte, Vale do Zêzere, Poço do Inferno). Tentaria ainda aproveitar algum espectáculo no Teatro Municipal da Guarda (que os há frequentemente imperdíveis — Mesmo se frequentemente os perco).
Onde quero chegar é que me parece cristalinamente óbvio que todos os concelhos têm tudo a ganhar com o desenvolvimento de ofertas turísticas e culturais de qualidade em todos os concelhos. Por isso estranho quando oiço pessoas numa terra lamentarem-se pelos empreendimentos que surgem noutra, quase como se cada milhão ali investido fosse um milhão aqui roubado.
Ao contrário, todos os concelhos têm a perder com a falta de qualidade massificada em que certas forças vivaças (principalmente da Covilhã) têm apostado para o turismo especificamente de montanha. A massificação a que se tem assistido permite (até ver) umas enchentes nalguns fins de semana, mas conduzem a Serra a uma degradação (paisagística, ambiental, social) tal que a torna repelente para todos os visitantes que procuram algo mais do que um pouquinho de esqui triste ou de triste sku.
Queiramos ou não, estamos todos juntos. Uma certa dose de bairrismo tem o seu charme. Mas quando, ultrapassando essa dose, se confunde com parolice, com atavismo, com pequenez de vistas, torna-se um enorme empecilho ao desenvolvimento. Ao desenvolvimento de todos.
13 comentários:
Os "Gerónimos" devem ter sido um grande povo mas o Mosteiro era de outros Jerónimos.
Obrigado por me apontar esse erro. Já o corrigi.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=310946
Ignorando a questão dos túneis e desconhecendo a minha pessoa, infelizmente, a região da Serra da Estrela, parece-me que esta zona seria uma das quais onde não vale a pena ganhar uns minutos de carro com ICs.
Ou melhor, se calhar haverá umas curvas e umas estradas secundárias a necessitar de um reparo ou outro.
Tem toda a razão O.Lucas: na Serra não são precisos túneis e nem sequer deveriam ter sido rasgadas estradas.
Andam agora uns autarcas a pretender novas vias, a asfaltar as existentes, a compor uma curva aqui outra além para quê?
Com isso ajudam á proliferação de postos de abastecimento em detrimento dos asininos lanudos e dos produtores de palha.
Mais, não precisamos de estradas asfaltadas nem de terra batida por causa da jipalhada e dos corredores de bicicleta.
Quando muito uns caminhitos de cabras e quem quiser visitar a Serra, que venha de pedilac GT e com a carteira recheada para ficar 8 dias em cada sítio e contribuir para a nossa riqueza, bem precisa!
Tambem podem vir de BTT mas tragam as de carbono porque com coisitas abaixo de 500 contos ninguém lhes passa cartão!
Também não precisamos de estâncias-télélé, agora que quase não há neve(ai afinal há! Bom, se há vai deixar de haver, pronto).
E hoteis? Para que queremos hoteis com tantas cortes espalhadas por aí!
Temos ar puro, optima gastronomia, somos hospitaleiros e gostamos de passear de lanudo.
Chega, não chega?
Penhas, acalme-se, olhe que tamanha fúria não faz bem à saúde.
Ainda há dias, no Estrela no seu melhor, o Penhas se colocou do lado de José Pacheco Pereira, lamentando o que este considerou a "pobreza e rudeza" da blogosefera nacional. Penhas, como caracteriza a sua resposta ao leitor Osvaldo Lucas (que teve o cuidado de relativizar bem as suas dúvidas relativamente aos túneis quando explicitou que não conhece a Serra da Estrela)? Elevada? Educada? Razoável? Hospitaleira?
Com o seu irónico exagero pretende dizer o quê? Conhece alguém que enfie a carapuça que o Penhas tricotou com esta (mais uma a juntar às que muitas com que nos tem presenteado) raivosa diatribe? Conhece alguém que defenda o fim absoluto das estradas (sou contra *ainda mais* estradas e acho que se devia condicionar o trânsito pela estrada da Torre, mas não é bem o mesmo, pois não?), que seja contra os hóteis (sou contra *mais* hotéis na serra, mas a favor deles nas localidades), contra as bicicletas de menos de 500 contos (mas as coisas que o Penhas vai buscar! Um copito a mais?) Mesmo a estância de esqui: já ouviu alguém aqui do Cântaro propôr que se feche? O que eu tenho pedido é que não se amplie mais. Não é bem, bem o mesmo, pois não?
Onde pretende chegar com este arrazoado? Estará a tentar ridicularizar o turismo de natureza, tentando passar a ideia de que ele não existe, não é viável, que não passa de uma alucinação de uns líricos urbanitas que escrevem em blogues "pobres e rudes"? Será mesmo isso que está a querer afirmar?!! Será possível?!
Ou pretende apenas mostrar, mais uma vez, a sua indignação por ver esta "gentalha" escrever na blogoesfera sobre a Serra da Estrela? Se é o caso, Penhas, fique a saber: o Cântaro Zangado, só o lê quem quer!
Ande, acalme-se. Tente evitar contribuir para a "pobreza e rudeza" que, ao que parece, tanto o incomodam (a si e ao JPP) na nossa blogoesfera. Quando quiser discutir a sério, encontra aqui a porta aberta. Assim como aberta tem estado para as suas raivosas ou espirituosas (mas, quase sempre, apatetadas) diatribes.
E tem toda a razão. O aquecimento global acabou na semana passada, quando começou a nevar. Telefone já ao IPCC a dar a boa nova!
Caro Prof. Dr.:
a do blog assentou-lhe k nem uma luva; nunca pensei enfiasse tamanha carapuça nem parkinsonitassse tanto!
Isto de andar a consumir amanitas congeladas e fora da validade misturadas com bagacito de medronho, provoca-lhe esses acentuados distúrbios?
Revendo a lição e tentando relembrar o porquê das bolas de golf terem cavidadezinhas, atrevo-me a solicitar e agradecer de V. Exª. e da sua aberta porta a explicação:
Quem ganha um jogo de puxa-a-corda? Quem tem mais força, quem tem mais massa ou quem tem melhores sapatilhas?
Caros leitores do Cântaro Zangado,
O leitor que assina Penhas anda a estudar os apontamentos e slides de apresentações que faço para os meus alunos na Universidade da Beira Interior, que vou disponibilizando no meu site http://www.dfisica.ubi.pt/~amoreira. É daí que foi buscar estas crípticas referências às bolas de golf e ao jogo de puxa-a-corda (de uma aula em que tentava motivar os alunos de Ciências do Desporto para o estudo da física, matéria que, neste semestre, estou encarregado de lhes leccionar).
Não faço a menor ideia do que ele pretende com estas tiradas. Duvido que mesmo ele saiba. Enfim, agora deu-lhe para isto. Só estranho (já antes o disse) a atenção que ele dedica à minha pessoa.
Um coisa é certa: de amanitas e dos efeitos secundários do seu consumo fora de prazo parece o Penhas saber muito.
Pena que este seu espaço caro Prof. não tenha som: ouviria o estrondoso aplauso de uma turma inteira!
Do resto, deixamos-lhe aqui uma foto da sua colheita a qual dado o tempo decorrido, já perdeu certamente a validade:
http://ocantarozangado.blogspot.com/2007/11/de-carro-no.html
Cumprimentos e até qualquer dia.
Sem interesse este tipo de dialogo mas parece que a escondida penhas não tem sentido naquilo que diz pelo menos eu não a entendo. Penso que está a fazer um bom trabalho e mt obrigado por disponibilizar as apresentações na net porque assim mt gente aprende, Força.
Está em discussão pública os ICs na zona da Serra da Estrela.
http://www.estradasdeportugal.pt/site/v3/?id_pagina=31051D55-A765-4846-AA9A-DAD41B58D200&id_pasta=75C6B180-36FE-46AB-AD55-C217295A4F1F&grupo=5
Obrigado pelas links, Osvaldo Lucas.
Já agora, sobre os túneis, não tenho uma posição muito bem definida. Deixei uns bitaites, que valem o que valem (muito pouco) em http://oceanodepalavras.blogspot.com/2007/11/tneis-na-serra-da-estrela-porque-no-um.html
Cumprimentos.
Tambem nao concordo com tuneis nem com estradas, que facam as pessoas andar a grandes velocidades na "Serra", a Estrela claro.Para ser apreciada deve ser a velocidade moderada!
Ja agora e como a parte norte da Serra tambem conta, porque nao incluir na sugestao de roteiro, uma visita ao "Centro Arqueologico" de Fornos de Algodres, e ao "Solar do Queijo da Serra" de Celorico da Beira, por exemplo!
Sei que nao fez de proposito, mas se nao formos nos a defender o nosso quem o fara, nao e?
Um abraco d'algodrense.
Tem toda a razão, Al, obrigado.
Recordo-me agora que, enquanto escrevia este post, pensei também em Gouveia, Linhares, Folgosinho. Infelizmente, foi um pensamento fugaz que se evaporou ainda antes de passar ao teclado.
Fosse por desconhecimento ou por esquecimento (ou ainda para não alongar muito o post), há muita coisa muito interessante na nossa região que não referi. Peço aos que sentiram por mim ignorados as mais sinceras desculpas.
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