sexta-feira, dezembro 21, 2007

O Zêzere da foz à nascente

O Diário XX1, o Pedestrianismo e Percursos Pedestres e outros noticiaram a proposta da Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela para a definição, documentação e dinamização de um trilho pedestre de grande rota acompanhando o Zêzere desde a foz até à nascente, com uma extensão total de perto de 250 km.

Escusado será dizer que o Cântaro Zangado considera esta uma excelente ideia, da qual pode beneficiar muita gente de muitos concelhos. Oxalá se consiga pôr em prática.

Para os que consideram este projecto uma loucura, quero fazer notar que o investimento necessário para o concretizar é uma fracção infinitesimal dos necessários para concretizar os planos da Turistrela e da Região de Turismo; que os seus impactos negativos são (realmente) mínimos, se é que não serão mesmo positivos; que os proveitos resultantes são mais certos a longo prazo do que os que alegadamente se esperam de uma aposta na neve e ficarão muito melhor distribuidos temporalmente (e socialmente, também). Além disso, a ideia não é, propriamente, original. Veja-se isto, isto ou isto, só para dar três exemplos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Que seja contagiado pela magia do Natal e a todos aqueles que o rodeiam.
Votos de Festas muito Felizes.

nGaspar disse...

Seria sem dúvida uma excelente ideia. Eu como natural da zona da foz, teria todo o gosto em deixar o carro na garagem e efectuar o percurso (desta vez) pedestre.

Já agora, aproveito para vos desejar (José Amoreira/ Tiago Pais), um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, essencialmente, com muita saúde e força, para continuarem o trabalho que têm vindo a desenvolver em prol da Serra.

Cumprimentos.

ljma disse...

Obrigado aos dois pelos votos, que retribuo.
Boas festas!
José Amoreira

Anónimo disse...

"Para os que consideram este projecto uma loucura, quero fazer notar que o investimento necessário para o concretizar é uma fracção infinitesimal dos necessários para concretizar os planos da Turistrela e da Região de Turismo - SERIA POSSÌVEL QUANTIFICAR? É QUE SE ENVOLVE O QREN GARANTO QUE SERÂO MUITOS MILHÕES - ; que os seus impactos negativos são (realmente) mínimos - DESCRIMINAR/QUANTIFICAR SFF - , se é que não serão mesmo positivos - DESCRIMINAR/QUANTIFICAR SFF; (...)"

PS - usei maiúsculas apenas para diferenciar do original...

ljma disse...

O projecto apresentado não envolve necessariamente o QREN e pode ser concretizado com verbas pouco avultadas. Claro que se poderão incluir no projecto elementos não absolutamente essenciais, como, por exemplo, a requalificação urbana e arquitectónica das localidades envolvidas. Uma tal possibilidade faria disparar a estimativa dos custos, claro.

Não quantifico porque não fiz as contas, nem pretendi sugerir que as fiz. Que os concelhos envolvidos aproveitem este projecto para procurar financiamento pelo QREN é algo que me parece muito bem, até porque os eventuais proveitos serão distribuidos pelos vários concelhos e por várias pessoas (proprietários de restaurantes, mercearias, pensões, parques de campismo, etc), ao contrário dos eventuais proveitos da aposta na neve, que ficam concentrados num número muito inferior de pessoas e localidades.

Os impactos são mínimos (e, mais uma vez, não quantifico) porque se podem usar caminhos e estradas que, em grande medida, já existem. Não são necessários grande movimentos de terra, não é preciso abater árvores, não fazem falta asfaltações nem grandes construções. Podem até ser positivos porque, se se notar que há mercado para este tipo de turismo (e há-o, como mostram outros exemplos, nomeadamente, para não irmos mais longe, o do Gerês e o dos Açores) mais pessoas passarão a ter interesses directos na conservação da natureza e da paisagem. A conservação poderá assim ganhar um valor que, até agora, não tem tido.

Mas o tom geral do seu comentário (assim como o do que deixou no Ondas) parece ser um de oposição. Se assim é, se, de facto, se opõe a este projecto, importa-se de nos explicar porquê?

Obrigado. Boas festas!
José Amoreira

Anónimo disse...

Feliz Natal. Octávio Lima

Anónimo disse...

José Amoreira
Não sou contra bons projectos.
Enquanto o José é céptico face aos projectos da Turistrela, eu como não conheço minimamente nem o da Turistrela nem este de trilhos pedestres sou céptico quanto aos dois.
Ou melhor, sou céptico quando estarão envolvidas verbas do QREN e/ou públicas.
Espero absolutamente ser convencido, quando se souber mais do projecto para turismo pedestre (?) de que foi achado um ovo de Colombo.

Apenas acho que algumas pessoas adoram fazer trilhos de km por montes e vales, mas a esmagadora maioria contenta-se com um miradouro/local de descanso aqui e acolá. Com mais dados será altura de analisar a razão custos/benefícios/beneficiários.

ljma disse...

Caro Osvaldo Lucas,
Eu não sou céptico relativamente aos projectos da Turistrela. Eu já vi vezes de mais a falta de gosto, de cuidado e de qualidade com que eles operam. Arrepiam-me os seus projectos para artificializar ainda mais ainda mais áreas do Parque Natural da Serra da Estrela. Estou farto do entulho e lixo que polui as vizinhanças das suas instalações, sejam os deixados por obras deles, seja o deixado pelos seus clientes. Não, não sou céptico relativamente aos projectos que a Turistrela tem publicitado. Sou é claramente contra, e penso que fundamentadamente.

Das suas palavras, tenho a impressão que o Osvaldo é, também, contra o projecto do Zêzere da foz à nascente. Tudo bem, tem todo o direito a ter e a defender publicamente a sua opinião, assim como eu espero poder ter e defender a minha.

Eu também acho que é preciso muito cuidado com a utilzação de fundos públicos e europeus. Pelo que vou lendo nos jornais, tenho a impressão que muito dinheiro tem sido gasto a encher bolsos de particulares espertalhões e amigalhaços dos que elegemos para defenderem o interesse público, em vez de ser aproveitado para o desenvolvimento do país. Era bom que quaisquer subsídios que eventualmente venham a finaciar este projecto (caso ele avance) fossem bem utilizados e muito bem contabilizados. Sendo as coisas o que são, não ponho as minhas mãos no fogo. Mesmo assim, entre desperdiçar dinheiro desordenando e betonizando o território, construindo elefantes brancos só para encher o olho ao parolo, por um lado, e desperdiçar dinheiro criando uma rede de trilhos pedestres, por outro, prefiro de longe esta última possibilidade.

Quando coloca o ponto de interrogação à frente de "turismo pedestre" parece estar a duvidar da existência desse turismo. Pois bem, esse turismo existe. Nos Pirinéus, nos Picos da Europa, na Serra Nevada, na Serra de Gredos, nos Alpes, na Escócia, Eslovénia, Áustria, Suiça, Marrocos, etc, etc, etc. Já existe também em Portugal, principalmente nos Açores e no Gerês.

Refere que há muito mais turistas que querem apenas chegar ao miradouro/local de repouso do que os que querem percorrer os trilhos. Admito que isso possa ser verdade, mas suspeito que será menos verdade no futuro. Mas esta estatística nem é o essencial. A questão é que o trilho que agora se propõe não impede ninguém de chegar ao tal miradouro/local de repouso. Mais ainda, suspeito que na definição deste trilho, novos miradouros/locais de repouso serão criados, para benefício também desses outros visitantes menos desportistas. Além disso, veja bem: um pedestrianista que percorra uma etapa deste trilho a pé
permanece na região respectiva um dia, pelo menos. Alguns precisarão de hospedagem, muitos de restaurante quase todos de mantimentos, menos (mas alguns) precisarão de material, calçado, etc. Isso é negócio, animação do comércio, distribuido por diferentes ramos de actividade, por diferentes pessoas, por diferentes localidades. O visitante que chega a um miradouro, tira um retrato e se mete ao caminho para "outra", deixa na região visitada uma riqueza comparável? Sim, os pedestrianistas poderão ser menos do que a larga maioria que refere; mas penso que, de um ponto de vista económico e social, são muito mais valiosos.

Para terminar este já longo comentário, quero agradecer sinceramente a sua disponibilidade e abertura para apresentar e defender aqui as suas opiniões. Muito obrigado.

Cumprimentos
José Amoreira

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!