Olhe esta imagem e imagine-se aqui sózinho, neste primordial caos frio e hostil. Feche os olhos e sinta a brisa gelada que, subindo a garganta rochosa, lhe arrefece a nuca enquanto tira a fotografia. O silêncio, cortado apenas pelo som vento e pelo sussurrar dos pedaços de gelo que se soltam lá do alto e deslizam, velozes, encosta abaixo, mostrando-nos o que nos pode acontecer se colocarmos mal o pé. A solidão. O frio. A preocupação de descer até ao Covão Cimeiro sem perder o trilho de vista...
Desumano? Nem por sombras! Desumano mesmo é o caos automobilístico na estrada nacional logo por cima destes barrancos. O barulho, o cheiro do diesel, as multidões, o lixo, a preocupação em encontrar lugar para estacionar o carro, a preocupação em evitar que os miúdos se molhem todos, agora que já não tenho roupa seca para os mudar, e o pequenino que já está constipado, e o sarilho que vai ser sair daqui ao fim da tarde quando toda a gente resolver regressar, e esta bicha que não anda nem desanda e não há maneira de chegarmos à Torre... Isso sim, é desumano!
Quem da Serra pouco quer, pouco leva.
1 comentário:
Quam da Serra pouco leva, leva o suficente para voltar outra vez.
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