quinta-feira, outubro 25, 2007

Tem mesmo que ser?

Os plátanos de Unhais da Serra (fotografia do A Sombra Verde).

Pelo A Sombra Verde fiquei a saber que parece ter-se decidido o corte de vinte e cinco plátanos na Vila de Unhais da Serra. Trata-se de plátanos de grandes dimensões, imponentes, majestosos, fantásticos.

Para alguém que nada conheça de Unhais e que por lá passe, constituem talvez o aspecto mais impressionante da vila (outros são a imensa mole do Terroeiro, subindo dali directamente para o planalto da Torre, ou o vale ameno e fértil da ribeira de Unhais). Mesmo que não se concorde com o que acabo de dizer, dificilmente se nega a evidência de que aqueles plátanos são efectivamente um (senão o) ex-libris de Unhais. Não se trata de uma questão menor, sobretudo sabendo-se que se está a desenvolver na vila um empreendimento turístico ambicioso, que pretende marcar pela qualidade, pela diferença, pela modernidade, pela ruptura com uma certa (e triste) tradição muito cá da serra.

Por estas e outras razões, o corte dos plátanos é, a meu ver, um enorme prejuízo para a vila. Pode ser um prejuízo necessário, para evitar males maiores. Mas só se compreenderá a decisão se forem explicadas as suas razões, se forem descritos os males maiores que se pretendem evitar. E, claro, se essas razões forem mesmo válidas, se esses males forem mesmo maiores. Ainda assim, o dia do corte será um dia muito triste para a vila de Unhais da Serra.

12 comentários:

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Obrigado José:

De facto, o mais importante é os políticos responsáveis darem uma explicação cabal; talvez haja motivos intransponíveis que justifiquem o abate de algumas das árvores: uma estrada que tem que ser irremediavelmente alargada; uma árvore que está em real perigo de tombar (isto já é possível de determinar com equipamento electrónico próprio); etc...

Mas temo que a concretizar-se tenha por base motivos fúteis; e que nem sequer se pretenda cortar as árvores mas antes decepá-las, como se fez às da estrada da Covilhã para o Tortosendo.

Como escreveste na "Sombra...", haja bom senso!

Obrigado, abraço

Anónimo disse...

Não há outra forma mais nobre de se resolver o problema. Seria bom virem ver ao local e então chegarão a essa conclusão. É o preço do progresso. Parte da nova avenida das termas irá ter novas arvores.
António

ljma disse...

Caro António,

Diz que não há forma mais nobre de resolver "o problema". Talvez (embora não perceba como é que o abate de árvores tão imponentes, mesmo que necessário, se pode considerar nobre). Mas isso só poderemos avaliar se conhecermos "o problema". Era essa informação que eu pedia no texto principal.

Diz depois que este é o preço a pagar pelo progresso. Esse argumento (que não passa de uma vaga generalidade) não me convence, pois já todos pagámos (e vimos pagar noutros locais) o preço de coisas que, afinal, se veio a ver que nada tinham que ver com progresso.

Qual é concretamente, no local (e passo por lá mais frequentemente do que possivelmente julga), o progresso que exige este preço? É em função disso, e não de generalidades, que se pode avaliar esta decisão.

Quanto às árvores da nova avenida das termas, poderiam ser plantadas mesmo sem abater estas. E terão que crescer. Durante dezenas de anos. E terão que resistir, durante todos esses anos, a outras facturas do progresso que decerto outros responsáveis considerarão indispensável pagar. Compreenderá que não fique nada satisfeito por trocar a bela e aprazível sobra verde que hoje temos pela eventual e muito futura com que nos tenta convencer.

Eu não vivo em Unhais da Serra. Mas menos árvores são, para mim, menos razões para a visitar.
Cumprimentos,
José Amoreira

Anónimo disse...

Caro José

Não admito a ninguém que admire mais a natureza que eu, poderá ser igual mas mais não. De facto estas situações são sempre delicadas e então para quem está na autarquia e tem que dar a ordem, muito pior ainda. O presidente da autarquia conseguiu que não fossem derrubadas ainda mais árvores, pois o projecto envolvia ainda mais cortes, mas não há nada como realmente. Venha cá a Unhais da Serra, procure por mim e vamos analizar o caso in loco, depois então falamos. Não há nada como realmente penso.
Depois então elaboraremos um comentário real da situação.
Abraço
António Santos

ljma disse...

Caro António Santos,
Não pretendi insinuar que admiro mas a natureza que o António.
Agradeço a disponibilidade que demonstrou para me explicar detalhadamente o problema e acredite que compreendo perfeitamente as dificuldades dos que têm que decidir e dar as ordens.

Note que ainda não me manifestei contra o corte. Admito que haja razões para ele, mas não sei quais são. Não pretendo com isto, de maneira nenhuma, insinuar que essas razões não existem. Estou disposto a acreditar em si (e veremos se terei oportunidade de conversarmos sobre isto). O abate das árvores poderá ser necessário, mas não deixa por isso de ser uma coisa triste, para mim.

Abraço
José Amoreira

Anónimo disse...

Amigo José

Esqueci-me de realçar, que o abate se deve ao alargamento do acesso às termas, que será feito só de um lado da estrada. Dizer também, que do meio do percurso em direcção às termas, junto ao restaurante "O Cortiço", todas as árvores ficam,pois a duplicação da faixa, far-se-á de modo a que fiquem as árvores no centro da via.
Apareça quando quiser terei muito em recebê-lo e vermos o problema no local. Pergunte por mim na sede da Freguesia pois pertenço à Assembleia da mesma.
Abraço
António

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Caro António,

A questão dos responsáveis estarem dispostos a "justificar" e "explicar" a acção já é um princípio democrático de louvar.

É claro que, infelizmente, há motivos que podem justificar o abate de árvores; a imperiosa necessidade de alargar uma via rodoviária pode ser um deles. E aqui a palavra "imperiosa" significa literalmente que não haja alternativas.

Porque até em termos de valorização do empreendimento termal, a manutenção das árvores só traria benefícios.

O que não é aceitável são as futilidades que justificam os "arborícios" a que assistimos anualmente: porque as árvores estão "muito altas" e podem cair; porque tapam a "vista" à casa de alguém; porque as folhas entopem as sarjetas; porque (supostamente) provocam alergias, etc., etc.

O primeiro passo é de facto justificar a acção perante a população, nomeadamente referindo se foram consideradas outras hipóteses; em segundo lugar, minimizar a acção cortando apenas os exemplares estritamente necessários e, por último, substituir as árvores por outras de porte adequado ao espaço que irão ter para crescer.

Este caso tem tudo para ser exemplar...no bom ou no mau sentido.

Anónimo disse...

Há uma solução "simples" mas cara, mudá-los de sítio. Mas como isto gasta alguns €€€€ a mais e leva algum tempo vai-se pelo barato e banal, o corte.

ZBDus

ljma disse...

ZBDus, trata-se de plátanos adultos, com trinta a quarenta metros de altura. Não me parece muito viável transplantá-los...

Anónimo disse...

Viável é sempre!!! Agora se compensa em termos monetários é outra conversa!! Este tipo de transplante é feito com muito sucesso nos EUA, claro é caro, e talvez extremamente caro para autarquias portuguesas endividadas. Mas possível é!!

ZBDus

Anónimo disse...

Podem crer que estamos conscientes da atitude negativa do abate, mas em homenagem a esses vinte e dois plátanos e não vinte e cinco, vamos plantar muitas árvores em Unhais da Serra. Não temos alternativa viável e toda a população está consciente da situação( há excepções, umas contra o corte e outras que se abatam todas, pois só causam prejuizo. É sempre assim!!) . As árvores abatidas estão já entregues às associações locais, que desde o abate, vão gerir a sua transformação em móveis para as mesmas associações ou seja, a madeira não sairá daqui e vamos fazer uma grande homenagem às árvores abatidas podem crer.
Abraços
António Santos

ljma disse...

Obrigado por estas informações, caro António. E obrigado pelo cuidado que estão a ter na operação.

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!