..."Andorinha,andorinha,minha andorinha", pediu o príncipe uma vez mais,"fica comigo mais uma noite"... Durante todo o dia seguinte, a andorinha ficou sentada por sobre o ombro do príncipe, contando-lhe histórias do que tinha visto em terras distantes.Falou-lhe dos íbis vermelhos, que permanecem em longas filas nas margens do Nilo e que apanham peixes dourados com os seus bicos; falou-lhe da Esfinge, tão velha como o próprio mundo, que vive no deserto e que tudo sabe; falou-lhe dos mercadores, que caminham vagarosamente junto dos seus camelos e levam nas suas mãos colares de âmbar; falou-lhe do Rei das Montanhas da Lua, que é preto como o ébano e venera um grande cristal, da grande cobra que vive nas palmeiras e que vinte sacerdotes alimentam, com bolos de mel... Por fim chegou a neve e com a neve veio o gelo. As ruas pareciam feitas de prata, de tão lisas e brilhantes que estavam; como punhais de cristal os sincelos enfeitaram os beirais das casas... Até que um dia a andorinha soube que ia morrer. Apenas lhe restavam forças para voar uma vez mais até ao ombro do príncipe. "Adeus querido príncipe!", murmurou, "deixas-me beijar a tua mão?"."Ainda bem que partes finalmente para o Egipto, minha andorinha", disse o príncipe, "ficaste aqui demasiado tempo; mas deves beijar-me os lábios porque eu adoro-te. "Não é para o Egipto que eu vou", respondeu a andorinha,"Vou para a Câmara da Morte. Ou não é a morte a irmã do sono?"... in “O Príncipe Feliz”, Oscar Wilde
2 comentários:
..."Andorinha,andorinha,minha andorinha", pediu o príncipe uma vez mais,"fica comigo mais uma noite"... Durante todo o dia seguinte, a andorinha ficou sentada por sobre o ombro do príncipe, contando-lhe histórias do que tinha visto em terras distantes.Falou-lhe dos íbis vermelhos, que permanecem em longas filas nas margens do Nilo e que apanham peixes dourados com os seus bicos; falou-lhe da Esfinge, tão velha como o próprio mundo, que vive no deserto e que tudo sabe; falou-lhe dos mercadores, que caminham vagarosamente junto dos seus camelos e levam nas suas mãos colares de âmbar; falou-lhe do Rei das Montanhas da Lua, que é preto como o ébano e venera um grande cristal, da grande cobra que vive nas palmeiras e que vinte sacerdotes alimentam, com bolos de mel... Por fim chegou a neve e com a neve veio o gelo. As ruas pareciam feitas de prata, de tão lisas e brilhantes que estavam; como punhais de cristal os sincelos enfeitaram os beirais das casas... Até que um dia a andorinha soube que ia morrer. Apenas lhe restavam forças para voar uma vez mais até ao ombro do príncipe. "Adeus querido príncipe!", murmurou, "deixas-me beijar a tua mão?"."Ainda bem que partes finalmente para o Egipto, minha andorinha", disse o príncipe, "ficaste aqui demasiado tempo; mas deves beijar-me os lábios porque eu adoro-te. "Não é para o Egipto que eu vou", respondeu a andorinha,"Vou para a Câmara da Morte. Ou não é a morte a irmã do sono?"...
in “O Príncipe Feliz”, Oscar Wilde
http://hirondelle.blogs.sapo.pt/
Belo foto, José.
E parabéns pela notícia no Biosfera.
Bom fim-de-semana.
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