O título deste post foi retirado, assim, tal e qual, com as aspas e tudo, da primeira página do Notícias da Covilhã de hoje. Na manchete não consta mais nada, a não ser o número da página (pág. 6, já agora) onde a notícia é desenvolvida. Podemos lê-la aqui (o link pode não ser permanente).
Li o artigo com atenção e não encontrei a frase de chamada usada na primeira página. Mas percebe-se que se refere à possibilidade de aglomerar as várias Regiões de Turismo da zona Centro (quantas serão? Não faço ideia) numa única, que ficaria, especula-se, sedeada em Coimbra. Podemos ler, no corpo da notícia, que Jorge Patrão (Presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela) é contra esta possibilidade, porque entende que a Serra da Estrela tem uma identidade própria e bem marcada no imaginário dos portugueses, pelo que a sua promoção enquanto destino turístico ficaria prejudicada se se diluisse numa "marca" menos forte, menos conhecida, não tão imediatamente reconhecível.
Não quero tomar parte nesta discussão, senão para dizer o seguinte: acho que, sendo a Serra da Estrela um destino turístico com especificidades tão evidentes (e são elas que a tornaram numa "marca forte"), devia ser promovida aproveitando essas especificidades, e não algarveando-a, como Jorge Patrão tem defendido. Se é para isso, tanto faz a coisa ser dirigida da Covilhã, de Coimbra, de Madrid ou de Sidney. E não, a especificidade da Serra não é só a neve, ou, se é, está em vias de deixar de o ser. Quero ainda notar que me aflige muito mais a tendência da concentração dos serviços de primeira necessidade para as populações (maternidades, escolas, hospitais, tribunais). Que se concentrem as Regiões de Turismo? Francamente, não me aquece nem m'arrefece...
Mas o que me motivou para a escrita deste post foi a frase de primeira página. O facto de estar entre aspas dá a entender que se trata de uma citação. Mas não se indica o nome do citado. Sendo Jorge Patrão o "protagonista" da notícia, somos levados a crer que o citado é ele. Por outro lado, já sei que nem sempre o que nos jornais parece é. Mistério...
"Coimbra não deve mandar na Serra"... É uma frase nitidamente sensacionalista. É uma Alberto-João-Jardinice, muito ao estilo dos figurões cá do burgo. Quem lê aquilo, entende isto:
"Aqui d'el Rey, que Coimbra nos rouba a Serra! A mim, Serranos! Acudam!"Estes toques a reunir são sistemáticos no nosso país, e mais sistemáticos ainda na nossa região (não chegámos ainda ao exagero da Madeira, mas já faltou mais). São uma VERGONHA. O mau gosto tem limites.
E, vejamos, serve para quê, esta tirada? Por um lado, serve para vender jornais. Por outro, serve os interesses de Jorge Patrão. Ao fim ao cabo, traduzindo tudo nesta mesma linguagem caceteira, se vier a ser Coimbra a "mandar" na Serra, deixará de ser ele, não é?
2 comentários:
Ninguem quer perder o mando!!!
O caso da tutela da RTSE é paradigmático do modelo de gestão do País. Na falta de planos, argumentos e directrizes, as discussões em torno da acção e dos objectivos das entidades públicas assentam na fulanização. Esse vazio de ideias fica bem patente na comemoração dos 50 anos da RTSE com a exposição dos "retratos" dos seus dez presidentes. Talvez a história daquela entidade se resuma a isso mesmo, a ter presidente. É apenas mais um sinal de menoridade!
Enviar um comentário