quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Este post não é só sobre a Serra

Vi ontem em DVD o filme "Uma Verdade Inconveniente", um documentário baseado nas conferências que Al Gore, o vice-presidente dos Estados Unidos da América no tempo da administração Clinton, tem apresentado em todo o mundo sobre o aquecimento global. Já tinha lido o livro, há alguns meses. A sensação que tive, nessa altura, mantém-se: não aprendi nada de novo.
Mas, caramba, aprendi de uma nova maneira coisas que já sabia! Este livro e este filme (e estas conferências, imagino) são terrivelmente eficazes a passar a mensagem e por isso acho que são coisas boas.
É verdade que Al Gore é, ao mesmo tempo, muito irritante. Durante os dez anos em que realmente pode mudar alguma coisa, as emissões de CO2 americanas aumentaram muito; parece crer (pelo que aparece no final do vídeo numa série de sugestões sobre "what can you do to help?") que os biocombustíveis são uma coisa boa quando, de facto, apenas servirão para reduzir a produção de alimentos, fazendo aumentar o seu preço (para que os biocombustíveis possam desempenhar um papel relevante a área de terreno agrícola destinada à sua produção tem que se tornar comparável à que é usada na produção de alimentos); aceita dar conferências (como a de Lisboa) destinadas apenas a VIPs; organiza um mega evento (que produziria sempre mega-emissões de gases de efeito de estufa) tipo live-aid para o clima, com concertos em simultâneo na Europa, na América e (sente-se caro leitor) na Antártica (imagino que não se conseguisse lembrar de nada com maior impacto); podia acrescentar aqui uma longa lista de etc's, mas sugiro antes uma consulta ao excelente blog Ondas e às referências que lá se encontram.
Mas enfim, assim como não faz sentido diabolizar o mensageiro das notícias que não nos agradam, também não devemos divinizar os que trabalham (e, neste caso, muitíssimo bem) para divulgar as mensagens que achamos importantes. Uma Verdade Inconveniente é uma forte contribuição para o aparecimento de uma consciência global do problema das alterações climáticas, se bem que há várias verdades inconvenientes acerca de Al Gore, que diminuem a simpatia que, de outro modo, sentiria por ele num plano pessoal.

Já agora que vem a propósito, quero recomendar dois livros que, esses sim, me ensinaram (e muito) sobre o problema do aquecimento global: "Os Senhores do Tempo" por Tim Flanery (Editorial Presença, 2006) e "Heat - How to stop the planet burning", por George Monbiot (não editado em Portugal).

5 comentários:

scorpio mab disse...

fui ver ao cinema e apesar de estar um pouco politizado, gostei bastante da abordagem do tema, feito de uma maneira extremamente realista, fazendo-nos crer, pelo menos a mim que a questão é extremamente séria, e que ninguém vai fazer algo para a contrariar....

ljma disse...

Que a questão é extremamente séria, é. Aliás, duvido que alguma vez na nossa história como Homo Sapiens tenhamos enfrentado uma questão tão séria.

David Correia (Jota) disse...

O assunto é sério e o filme provoca arrepios na espinha.

Anónimo disse...

Obrigado pela referência elogiosa. Tem toda a razão. E fez muito bem sugerir a leitura daqueles dois livros. Ainda não os li, muito embora por princípio leia os textos que Monbiot publica semanalmente no The Guardian - sempre muito claros, muito estruturados, muito bem escritos e esclarecedores. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Rui Peixeiro disse...

É sem duvida um bom documentário.
Já o aqui tinha referido num comentário à uns tempos.

Pode não ser o melhor, mas o modo como está feito, faz mesmo pensar no tema. Ninguem consegue ficar indiferente depois de o ver.

Esperemos que muitos politicos por este mundo fora o vejam!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!