sábado, janeiro 20, 2007

A mini-cidade

Encontrei no Sistema de Informação Documental sobre Direito do Ambiente o Decreto Regulamentar n.° 5/96 de 19 de Julho, que "Declara as Penhas da Saúde, no município da Covilhã, como área de reconversão e recuperação urbanística". No final deste decreto regulamentar aparece um imagem não muito nítida onde está delimitado o "perímetro urbano" das Penhas da Saúde. Para facilitar a interpretação dessa figura, georeferenciei-a e desenhei o decretado perímetro urbano sobre uma fotografia do Google Earth, resultando a imagem que ilustra este post.
Parece-lhe bem ver toda a área no interior da linha azul transformada em casas de segunda habitação, centros comerciais desertos (como estão os do centro da Covilhã), restaurantes, bares e discotecas, centro de estágios desportivos, áreas verdes ajardinadas (isto, acreditando — santa ingenuidade! — que se faziam as coisas do modo menos mau possível) e ainda (já me esquecia) um casino?

5 comentários:

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Já que o tom é de comédia (embora por parte da CM Covilhã de forma involuntária) deixo aqui, completamente à borla, uma sugestão para a mini-cidade:
- aproveitamento das margens do Lago Viriato para instalação de um aldeamento lacustre, em que os turistas poderiam aceder às suas habitações de iate.

ljma disse...

Pois, com uma marina, mesmo junto ao casino e a um campo de golfe... Ah, isso é que era progresso! (Mas é melhor não falar em campos de golfe nas Penhas, não vá o diabo, ou lá quem é, pensá-las...)

Anónimo disse...

Vejamos..."Declara as Penhas da Saúde, no município da Covilhã, como área de reconversão e recuperação urbanística"....AHAHAH. Já começou a reconversão, fizeram um Mega Campo de Futebol de 5 e na área da recuperação asfaltaram o caminho para o bairro de lata!!
Ah..já me esquecia, será concidência isto ter acontecido na altura das eleições? Só pode...

Anónimo disse...

Só vi escrito "Perimetro Urbano" no post...

alguém me explica exactamente o que é que há de mal neste decreto?

ljma disse...

pp, o perímetro urbano é uma linha imaginária e, como tal, até talvez se justifique que nada veja de errado no decreto. No entanto, é uma linha imaginária que define um território sujeito a regras mais brandas para a construção: passam a depender mais da Câmara Municipal da Covilhã e menos do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE). Até se pode considerar esta delimitação uma forma de retirar área ao território do PNSE. Nesta perspectiva, a definição de um perímetro urbano já não parece ser uma coisa assim tão totalmente inocente. Como imaginará, o conselho de ministros não se sentou à mesa com um mapa e simplesmente desenhou a linha, mas antes ouviu as sugestões dos poderes locais em particular as do presidente da Câmara da Covilhã (que já não sei quem era nessa altura). E neste caso concreto, a comparação da enorme área delimitada com a comparativamente minúscula área já intervencionada mostra como o legislador foi convencido a assegurar desde já a possibilidade do crescimento monstruoso desta caótica urbanização de casas de férias que é as Penhas da Saúde.
Eu perguntava no post se concordamos com ver toda a área delimitada transformada em tal e coisa... Pois bem, a pergunta estava errada. Nenhum de nós (nem sequer os nossos filhos) verá esta área trasformada em nada do que a Câmara da Covilhã e a Turistrela anunciam (que, de resto, não passam de parolices urbanóides). Veremos apenas a transformação das Penhas num enorme e horroroso estaleiro.
Se ainda não vê nada de errado nisto, pp, perdoe-me, mas não me parece que seja capaz de lho mostrar, por mais que tente.
Desculpe ter-me alongado tanto na resposta e obrigado pelo seu comentário.

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!