No mesmo artigo a que me referi ainda agora, Artur Costa Pais compara o desenvolvimento das estâncias de esqui de Bejar e de Madrid com a da nossa estância vodafone. Segundo as suas palavras, todas são estâncias que se ficam pelos cerca de 2000 m de altitude. Mmmm, a estância de Bejar começa nos 1990 m (ou seja, a altitude máxima da estância Vodafone) e sobe até aos 2360 m. Ou seja, tem um desnível de 370 m. A estância Vodafone tem um desnível que não tenho a certeza que chegue aos 100 m. Para termos na Estrela um desnível semelhante ao de Bejar, teríamos que descer até cotas onde a neve actualmente já não se mantém mais do que alguns dias. Quanto às estâncias de Madrid (com um clima muito mais continental, logo, mais frio no Inverno, com muito mais neve) temos Navacerrada (1700 m — 2177 m: 477 m de desnível) e Valdesqui (1860 m — 2280 m: 420 m).
Está certo, anda tudo à volta dos dois mil metros. Mas as diferenças são, mesmo assim, enormes. Na pequena diferença de altitude que nos separa da mais próxima (La Covatilla, em Bejar) cabe o Cântaro Magro, tomado desde o Covão d'Ametade...
Mas podíamos fazer outras comparações. Por exemplo, podíamos comparar a estrada estreitinha que sepenteia pela Serra de Bejar acima até à estância de La Covatilla com a nossa nacional 339, para não falar dos zunszuns que se ouvem a propósito do projecto da Estrada Verde, entre a Guarda e o maciço central. Ou comparar o Sabugueiro com a aldeia de Candelario. Ou os bosques de carvalhos das Serras de Bejar e Gredos com as nossas deprimentes matas de mimosas, de eucaliptos, de pinheiros, de armazéns, de vivendas de segunda residência e de "montinhos" de entulho. Enfim, diferenças...
3 comentários:
O que falta á estrela são pessoas com visão,a estrela tem condiçoes para ser e para ter uma mini-estancia de esqui,mas querer fazer da estrela uma estancia de esqui ao nivel das muitas que existem na europa é um absurdo,um desvaneio !!! Já que se fala tanto em bejar,deixe-me dizer que bejar não tem nenhuma estancia de esqui,tem isso sim,uma mini-estancia de esqui.Se a estrela fosse liderada por pessoas competentes poderia tambem ter e ser uma covatilla dentro das suas possibilidades geograficas e climatericas.Como já foi dito muitas vezes por bloguistas que participam neste forum,a estrela enquanto for gerida por "chicos-espertos",comportamento tipico lusitano,a sua "estancia de esqui" não passará da mediocressidade,será e continuará a ser um projecto anedotico.Até lá,e como vivo em vilar formoso,sempre que quiser "matar" a fome de neve lá irei eu a mini-estancia de esqui em covatilla,lá terei que deixar un dinheirito nos nossos vizinhos espanhois !!!!
Caro anónimo,
No essencial concordo consigo. Parece-me que há (pelo menos a médio prazo, não sabemos quais serão, a este nível, as consequências do aquecimento global) condições para uma mini-estância na Estrela, dentro do perímetro que agora está definido. Mas é preciso planear o seu funcionamento de forma compatível com a conservação do ambiente. Isso obriga à realização de estudos de impacto ambiental das obras planeadas mas, ainda mais importante, a estudos de impacto e minimização de impacto ambiental do próprio funcionamento da estância. Não chega termos um funcionário (por competente que seja) como Jorge Patrão a dizer que não há impacto e que melhoramos, com todas as construções previstas, o ambiente. Ele que desculpe, mas não chega.
Só mais uma coisa: quado se fala de turismo em geral, não são nada costumeiras tiradas patrioteiras, do género "Este ano podia ir ao Louvre, mas vou antes ao Museu Nacional de Arte Antiga" ou "Eu, para o México?! Nem pensar, eu fico é pelo Algarve, que é nosso!". Mas quando se fala de esqui, vem sempre o paleio "Ah, a estância da Turistrela não presta, neste país nada se desenvolve, lá vou eu ter que ir dar dinheiro aos andorrenhos". Francamente, qual é o problema? Por muito que Patrão/Costa Pais encham a estrela de canhões e pistas de esqui, alguém duvida de que esquiar, esquiar, não é aqui, é nos Pirinéus ou nos Alpes?
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