Propõe-se a construção de teleféricos para a Torre, alegadamente para se diminuir a pressão rodoviária na Torre. Isso só se verificará se a estrada nacional 339 (a estrada da Torre) for cortada, porque o visitante comum, viajando em família no seu automóvel ou integrado numa excursão, preferirá, quase sempre, continuar no seu veículo até onde puder. Se não se encerrar a estrada nacional 339, os teleféricos apenas servirão para permitir aos esquiadores chegar às pistas, mesmo com neve ou com congestionamentos de tráfego. (Se é para isso que se querem os teleféricos, porque é que não se diz isso mesmo, claramente?)
Para se aferir a viabilidade do projecto, o Cântaro Zangado propõe aqui que, antes que se gaste mais dinheiro e antes que se cometam mais agressões ao ambiente da Serra (1), se experimente com autocarros públicos. Corte-se o trânsito para a Torre nalguns fins de semana (é só para fazer a experiência), nos Piornos e no Sabugueiro, e levem-se os turistas, devidamente informados da natureza do exercício, até à Torre de autocarro. Para compensar os visitantes, até se poderá dispensá-los de pagamento (falseando um pouco a experiência, mas vá). Para financiar esta experiência, recorra-se a verbas públicas ou europeias, como as que se usarão para construir os teleféricos. Desta experiência recolher-se-á alguma informação, que talvez possa ser útil para se fazer uma avaliação prévia do que poderá acontecer com as telecabines.
Ainda sobre os teleféricos, no Público de 15 de Fevereiro a que me já me referi no artigo Um pontapé no estomago diz-se, a páginas tantas, o seguinte: "Já no que toca à ligação Torre-Penhas da Saúde, por enquanto é dado apenas como viável o percurso até à barragem do Padre Alfredo." Quem pensava que o pior impacto (associado ao indispensável parque de estacionamento) ia ser sentido nas já urbanizadas Penhas da Saúde ou nos Piornos, onde já há um parque de estacionamento, desengane-se. Levando por diante este importante e indispensável projecto, teremos que construir um parque de estacionamento (como aquele que, de tão grande, não encontra espaço perto da barragem da Lagoa Comprida) no Covão do Ferro, perto da barragem do Padre Alfredo. Esta barragem é aquela que se encontra ao fundo, do lado esquerdo quando se sobe para a Torre de carro, depois do Centro de Limpeza de Neve. Na imagem que ilustra este artigo, pode ver-se um pouco do muro da barragem, perto do canto inferior esquerdo.
Transformar o Covão do Ferro num parque de estacionamento? Não, obrigado!
(1) Bem sei que, como sempre, as coisas serão feitas com todo o cuidado, ao abrigo de estudos de impacto ambiental, etc. Mas é que, reconheça-se, tudo tem um certo impacto. Até a escalada ou as caminhadas podem constituir uma agressão, se não houver respeito por parte dos praticantes.
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