segunda-feira, junho 15, 2009

No rumo certo!

A gente já nem repara nestas coisas. Li na altura o suplemento Fugas do Público de Sábado 6 de Junho (já não é o da semana passada, portanto) mas só agora me dei conta. Num artigo com 12 sugestões para piqueniques, são referidas a Portela de Leonte (serra do Gerês), França (serra de Montesinho), o Buçaco, as Fisgas do Ermelo (serra do Alvão) as Portas de Ródão e a albufeira do Alqueva. Seleccionei as sugestões não urbanas situadas no continente e a mais de 100 km de Lisboa.
A Estrela, mais uma vez, não consta.

Tal como para o pedestrianismo, o que me incomoda aqui não é a falha evidente deste roteiro (a Estrela devia aqui aparecer, obviamente). O que me incomoda é o que estas falhas evidenciam. Vejamos, por muito incompetentes que considere os jornalistas do Público, acredita que eles fossem capazes de escrever um destes artigozecos sobre praias que esquecesse o Algarve? Não. Isso é impossível, porque a ideia do Algarve como destino de sol e mar está bem enraizada no imaginário nacional. O que estes esquecimentos revelam é que, justificadamente ou não, a Estrela não existe, nesse imaginário, como local para a prática de pedestrianismo; como local de paisagens grandiosas; como local com um ambiente natural riquíssimo a descobrir; como local aprazível em geral.

Que isso é grave para o desenvolvimento do turismo, todos reconhecerão, imagino. Que isso não se resolve, antes se agrava, com mais estradas de asfalto, com requalificações dos edifícios da Torre e com a instalação aí de hotéis, restaurantes e observatórios panorâmicos, com milhões do QREN para a construção de uma telecabine para a Torre, com mini-cidades de montanha, com casinos e mais coisas que tais, parece-me uma evidência que se mete pelos olhos a dentro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não posso deixar de subscrever os comentários e associar (espero que não indevidamente)a ausência da Serra da Estrela ao patrocínio da Câmara do Fundão.
AMS

ljma disse...

É flagrante esse contraste, não é? Ou o contraste com Seia que mantém há alguns anos um fabuloso centro de interpretação da Serra da Estrela, com uma intensa agenda de actividades durante todo o ano. Ou até com Manteigas, que iniciou um programa para definir, sinalizar e divulgar um conjunto de trilhos pedestres com 200km de extensão.

A Covilhã e a relação que tem tido ao longo dos anos (que isto não é de agora) com a Serra... É todo um caso de estudo, pela negativa.

Saudações!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!