O poeta António Pereira louvava o Algarve com os versos
Eu sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo
No Público de quarta feira (31 de Agosto), na página 22, António Rosa Mendes lamentava o mal que foi feito ao Algarve, constatando que o "desenvolvimento" (aquilo que, aqui no Cântaro, chamamos algarveamento) tinha já tornado impossível falar do Algarve como António Pereira falava.
Miguel Torga, referindo-se à serra da Estrela, disse
"Alta, Imensa, Enigmática,
A sua presença física é logo uma obsessão"
(...)
"Se alguma coisa de verdadeiramente sério e monumental possui a Beira, é justamente a serra."
(...)
Somente a quem a passeia, a quem a namora duma paixão presente e esforçada, abre o coração e os tesouros. Então, numa generosidade milionária, mostra tudo.
Quanto disto é que ainda se pode dizer, a sério, sem mentir? Quanto disto é que poderemos dizer no futuro? Quantas mais estradas, teleféricos, aldeamentos, hotéis, casinos, parques eólicos, barragens, pistas de esqui e centros comerciais são ainda possíveis numa serra da Estrela minimamente compatível com as palavras de Miguel Torga?
E que serra preferimos? A de Miguel Torga, ou a do lixo, dos congestionamentos de tráfego e das aldeias de montanha que "estão a nascer aqui"?
Sem comentários:
Enviar um comentário