sexta-feira, março 22, 2013

Números por esclarecer

Carta de um leitor ao Jornal do Fundão de 14 de Março de 2013, sobre os "argumentos" com que o presidente da Câmara da Covilhã acha que convence os seus munícipes da indispensabilidade de uma barragem:
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Se mais pessoas (incluindo especialmente os jornalistas, por ser essa a sua função) se dessem ao trabalho de exercícios de análise e crítica como este, talvez fossemos melhor governados. Isto porque nos habituaríamos a exigir dos pretendentes a líderes muito mais do que a arrogante e auto-convencida mediocridade orgulhosamente exibida pelos que temos tido.

6 comentários:

Anónimo disse...

Boa Tarde,

Como nota prévia, queria dizer que não tenho opinião formada sobre a nova barragem, sendo que o motivo do meu post é apenas para deixar uma outra visão sobre as contas do leitor do Jornal do Fundão.

O copo pode estar meio vazio ou meio cheio conforme o gosto de cada um. Se a capacidade das barragens actuais só der par 1/3 da população, parece-me que é melhor ter 2/3 com a nova barragem que apenas continuar com 1/3.

Mas as contas que mais me surpreenderam foram as do Datacenter da PT, pois o desconhecimento é terrível. O sistema que deverá ser utilizado, se for igual a muitos outros utilizados por esse mundo fora, é um sistema fechado designado por Chiller, onde a água é continuamente arrefecida e volta ao interior do edifício. Se quiserem, é um sistema inverso ao dos aquecimentos centrais a água que existe aqui na região.

Ora, se o sistema é fechado, como pode o leitor do Jornal do Fundão pensar em tamanho atentado ambiental, que seria um Datacenter não reciclar a água.

Como dizia um professor meu, “o diabo está nos detalhes”, sendo que quando não se está atento aos detalhes corre-se o risco de estragar uma boa argumentação.

Cumprimentos serranos,

João Coxo.

ljma disse...

Olá, João Coxo!
Eu também não tenho uma posição firme sobre a barragem. Também não sei qual será a do leitor do JF (que, aliás, não conheço).

Olhe, parece-me que com este exercício o autor da carta não pretendia avaliar as soluções escolhidas para a barragem ou para o datacenter, mas apenas os argumentos recentemente apresentados pelo presidente da Câmara da Covilhã para justificar a necessidade da construção da "sua" barragem. E a questão é a seguinte: como é que pouco mais do que o dobro da capacidade permitirá suprir as necessidades do triplo da população supostamente atualmente servida, durante dois anos sem chuva, e ainda satisfazer as *alegadas* necessidades (apresentadas como astronómicas) do datacenter? Essa é a questão que o leitor gostava de ver esclarecida.

O João acha inacreditável que o arrefecimento do datacenter fosse feito em circuito aberto? Também me custa a acreditar nisso, mas acho ainda mais inacreditável que fosse feito usando água destinada ao consumo humano, ainda para mais com o Zêzere ali ao lado. Ou seja, ambos duvidamos de que o arrefecimento do datacenter venha a ter um impacto tão importante sobre o consumo de água da rede na Covilhã como o que é sugerido pelo presidente da câmara.

Deixe-me colocar outras dúvidas. A capacidade atual apenas serve um terço da população?! Nos mais de vinte anos que moro na Covilhã, nunca senti quaisquer falhas no serviço de abastecimento ou problemas na qualidade da água. Nunca ouvi falar, nem li qualquer notícia, sobre as tão graves e evidentes carências de água no concelho onde vivo!

Outra dúvida: a população do concelho é 70000 habitantes?! Não, somos apenas 52000 (2011). O valor indicado é o que se verificava em 1960. Desde então, a queda demográfica tem sido mais ou menos constante.

Como é que chegámos a esta situação em que uma figura pública se sente à vontade para atirar números como estes para a comunicação social? Isto é uma coisa boa? Eu acho que não. E por isso achei que o leitor do JF merecia um elogio.

Boa Páscoa
José Amoreira

Anónimo disse...

Boa Noite,

Quando é para adjudicar qualquer coisa, todos os números são muito inflacionados, muito em especial o das projecções. Afinal, vivemos numa partido-cleptocracia, e o presidente da CM da Covilhã anda à procura de financiamento para si e para o seu lobby.

Boa Páscoa,
JC

ljma disse...

Bom dia, JC
Em geral, as coisas parecem mesmo ser como diz. E parecem tanto que a gente até pensa que os políticos pensam que somos todos estúpidos. E é por isso que gostei da carta do leitor do JF. É uma maneira de dizer aos políticos que nós não somos tão estúpidos como eles parecem pensar que somos.

(Ou será que os políticos deste tipo são estúpidos, tão estúpidos que até acreditam a sério naquilo que nos dizem? Naa, parece-me que nós é que somos mesmo estúpidos, por elegermos e reelegermos quem nos trata como tal.)

Anónimo disse...

Eles parecem empenhados em conseguir que a àgua falte, e que o povo sinta que a barragem é mesmo uma necessidade!
http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/covilha-cancela-contratos-compra-agua-privados

Cumprimentos,
David Massano

Gilinha disse...

Isto é a tal barragem que o plano de impacto ambiental, feito há alguns anos atrás, dizia que a construção de tamanha aberração, apesar de eliminar espécies endémicas, não iria ter impacto nenhum, logo estava aprovado?

Hmmmm...

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!