terça-feira, novembro 12, 2013

Coisas sérias?

Parece que o novo executivo camarário da Covilhã desbloqueou um processo que o anterior tinha emperrado, o da aquisição de duas viaturas limpa neves para os bombeiros voluntários da Covilhã.

Eu acho que, com o que neva nos concelhos à volta da serra, o Centro de Limpeza de Neve, nas Penhas da Saúde, chega e sobra. Parece-me que as novas viaturas terão uma utilização muito esporádica (leia-se uma ou duas vezes a cada cinco anos), mas representarão um encargo financeiro constante para os bombeiros e também para aqueles de quem se espera apoio para a corporação, ou seja, a câmara, ou seja, todos nós, através dos nossos impostos.

Em resumo, acho que se trata de um perfeito disparate, enquadrado no delírio parolo da "montanha de neve", da "cidade neve", do "concorrer em termos de turismo de montanha com outras da Europa, nas cidades dos maciços mais conhecidos, como os Alpes ou os Pirinéus" (sim, esta pérola hilariante ainda está disponível online! Aproveite enquanto dura!). O costume, portanto.

Soube do projeto de aquisição desta importante "mais valia para o concelho da Covilhã" (J. Matias, vereador pelo PSD, citado no artigo da Rádio Cova da Beira adiante referido) pelo Carpinteira, que ligava a uma notícia na Rádio Cova da Beira, onde podemos ler mais alguns pormenores divertidos. Por exemplo, que o executivo autárquico do anterior presidente emperrou este processo porque não concordava com a cor com que os bombeiros queriam pintar as tão desejadas (mas tão pouco necessárias) viaturas. Não sei se tenho mais vontade de me rir disto, ou do comentário que o atual presidente da Câmara, Vítor Pereira, fez a propósito: "coisas sérias e da maior importância que estavam aqui pendentes mas que agora já estão em fase de resolução". É que, a sério: nisto tudo, parece-me tão pouco séria a discussão sobre as cores dos limpa neves como o resto.

(Festejei a saída de Carlos Pinto. Não tinha grandes esperanças em Vítor Pereira, mas ainda estou convencido de que estamos melhor agora. Mas não abusem, pá!)

terça-feira, setembro 24, 2013

Zimbro de Setembro

(Clique na imagem para ir à página da Zimbro)

segunda-feira, agosto 19, 2013

Contributo para a invenção de uma tradição

Alvorada perto do Cume

Há dias, levantei-me bem cedo e fui para a serra. Deixei o carro perto do cruzamento para a Torre, já na descida para o acesso à pista de esqui, e pus-me a correr. Comecei perto das seis e meia da manhã. Segui para o marco geodésico do Cume, daí desci para os Charcos (perto da Lagoa Comprida), tentando (sem grande sucesso, na descida do Cume) seguir o trilho T1 da rede de percursos pedestres de grande rota do PNSE. Continuei passando pelo Vale do Conde, até chegar à lagoa do Vale Rossim (ainda antes das nove horas). Dei-lhe a volta entrando nas Penhas Douradas e iniciei o regresso pela variante T12 do mesmo trilho. Vale das Éguas, Curral dos Martins, regresso ao Cume e de volta ao carro. Acabei pouco faltava para as onze, pouco menos que completamente estafado.

Vale do Rossim à vista

Tinha planeado, quando comecei a corrida, subir no regresso até à Torre antes de regressar ao carro. Seriam mais dois ou três quilómetros, mas ao menos a atividade ficaria definida por dois marcos geograficamente relevantes, o que me facilitaria a gabarolice ("Da Torre às Penhas Douradas e regresso!"), mas quando passei de novo ao pé do carro faltou-me a coragem para esse último esforço.

OK. Foram 30 km (medidos com GPS) e a corrida durou quatro horas, oito minutos e 49 segundos. Trago isto aqui porque acho que era interessante tornar esta corrida (e/ou outras deste género) uma espécie de tradição aqui da serra. Assim, peço a todos os que já tenham feito este percurso a correr (ou que o venham a fazer no futuro), que me enviem os dados da atividade para eu os publicar aqui, a ver se a coisa ganha pernas para andar (ou, melhor dizendo, para correr :)).

Percurso que segui (início e final no bico aqui em baixo; fui pela direita, regressei pela esquerda). Posso enviar o track a quem o desejar, mas não sei se servirá de muito: andei às aranhas perdido do trilho na descida do Cume para os Charcos e desviei-me do trilho no Curral dos Martins muito para leste (para evitar um rebanho), acabando por passar escusadamente perto do Piornal.

Aviso eventualmente importante: este percurso não é muito difícil. São trinta quilómetros (para os padrões do trail running trata-se de uma distância modesta), as inclinações são relativamente moderadas, o desnível total nem sequer chega a 1000 m. Mas é preciso ter presente que é fácil perder o trilho nalguns troços e, além disso, que é difícil pedir e receber socorro se alguma coisa correr mal. Tem que levar consigo o alimento e a água de que necessitar (mas pode encher o cantil no café do Vale do Rossim ou na fonte que se encontra na estrada daí para as Penhas Douradas). Sobretudo, tem que estar minimamente preparado fisicamente e saber ao que vai. Dito isto, boas corridas!

quinta-feira, agosto 01, 2013

E está tudo bem? (2)

Há tempos, comentei aqui uma decisão do tribunal da Covilhã de não julgar por crimes de prevaricação Carlos Pinto (presidente da câmara da Covilhã) e João Esgalhado (vereador), relativos à legalização "ilegal" do bairro dos chalés da Turistrela, nas Penhas da Saúde.

Apesar desta decisão, o ministério público deve ter vencido em recurso, porque os autarcas foram mesmo julgados (aliás, há dias comentei um episódio desse julgamento). A sentença foi lida na quinta feira passada, fiquei a saber neste artigo do Público (a ligação pode não ser permanente), tendo os arguidos sido absolvidos.

Em resumo, dá-se como provado (mais uma vez) o seguinte:

  1. que a Turistrela construiu ilegalmente o bairro dos chalés (primeira ilegalidade);
  2. que quem devia ter impedido essa ilegalidade (a câmara da Covilhã) foi impedida de o fazer porque Carlos Pinto e João Esgalhado arquivaram ilegalmente os processos de contra-ordenação que já tinham sido instaurados pelos serviços (segunda ilegalidade, aquela que agora estava a ser julgada).

Face a estes factos, dados como provados em tribunal, o juiz decide que os arguidos são ilibados. Eu acho absurdos os argumentos que o artigo do Público atribui ao juiz, mas nem me apetece entrar agora nesse assunto.

O que eu quero mesmo é colocar estas perguntas: provou-se em tribunal que a Turistrela construiu ilegalmente um bairro (um bairro inteiro, caramba!) nas Penhas da Saúde, e não vai por isso sofrer qualquer penalização?! Não perderá o alvará, não perderá a aberrante e anacrónica concessão exclusiva para a atividade turística na serra da Estrela (válida ainda por mais trinta anos), nem sequer terá que pagar uma multa, mesmo que apenas simbólica?! E os que violaram a lei travando a fiscalização, a esses também não lhes acontece nada, nada, rigorosamente nada?!

A culpa é provada em tribunal mas todos vão em paz: haverá exemplo mais claro de situação em que a culpa morre solteira?

segunda-feira, julho 15, 2013

Demonstra Palermices

Fotografia tirada ontem, muito longe da serra da Estrela.

Já seria ridículo se fosse "Vence Montanhas" ou "Conquista Cumes"... Mas "Desgasta montanhas"?!

Se se tratasse de um barco, seria o quê? "Seca Oceanos"?

quinta-feira, julho 11, 2013

Dos centros de estágio em altitude

"The Lore of Running" é um livro sobre corrida, escrito pelo médico, cientista e corredor sul-africano Tim Noakes. É um livro sério, cheio de tabelas, gráficos e referências bibliográficas, que tenta resumir a totalidade do conhecimento científico atual sobre a corrida humana. Da nutrição até à análise da passada, dos tipos de treino às propriedades das sapatilhas, dos efeitos do álcool e do tabaco aos dos esteroides anabolizantes, tudo é discutido, analisado, dissecado, com referências para os estudos que, sobre cada assunto, tenham sido publicados. Eu tenho um exemplar da quarta edição, de 2001.

Sobre os efeitos da altitude, são estudados o treino em altitude com repouso ao nível do mar, o treino ao nível do mar com repouso em altitude, e o treino e repouso em altitude. O resumo das conclusões é apresentado na pág. 711 e apresenta três condições para que se notem benefícios no rendimento dos atletas. A primeira dessas condições é(*)

"First, they must live at an altitude sufficiently high to stimulate their production of EPO so that their red blood cell mass increases. This altitude should not be less than 2500 m."
Ou seja, para que os estágios em altitude tragam vantagens para os atletas, a altitude a que se realizam deve ser, pelo menos, 2500 m. Ou seja ainda: noutras serras que não a da Estrela.

Por isso, da próxima vez que um autarca falar de projetos de construção de centros de estágios desportivos na serra da Estrela para aproveitar os benefícios da altitude, já sabemos, mesmo que ele não saiba, que não está a dizer nada de jeito.

(*) As outras duas condições são: reservas suficientes de (ou alimentação reforçada em) ferro e intensidade do treino semelhante à dos que se realizam a altitude normal.

sábado, junho 22, 2013

Zimbro — Junho

A ASE lançou um novo número da revista online Zimbro. Francamente, acho que está cada vez melhor. Clique na Imagem para a ler.
Pode aceder aos números anteriores clicando aqui.

sexta-feira, junho 21, 2013

No Alto dos Livros...

... No domingo passado, virado para a Bouça, ao fim da tarde.

quarta-feira, junho 19, 2013

Não será bem, bem um monopólio....

... Mas por estas e outras se vai vendo que a Turistrela não deixa de ser uma coisa muito esquisita...

Encontrei n'O Interior esta notícia, sobre a defesa apresentada por Carlos Pinto no processo por prevaricação de que foi alvo e que há tempos comentei aqui. Nela se pode ler que Carlos Pinto adiantou que

"o Secretário de Estado do Ordenamento do Território de então, Pedro Silva Pereira, intercedeu no caso por se tratar da concessionária do turismo na Serra da Estrela, tendo dito que a construção do aldeamento era «a forma desta empresa recuperar das dificuldades financeiras que vivia»"

Suponhamos que são verdadeiras estas informações. É de mim, ou esta preocupação que o governante tem com a viabilidade de uma empresa em particular, não a teria se essa empresa fosse apenas uma entre muitas a operar na serra?

É de mim, ou esta especial atenção que o governo dá a uma empresa em particular e não dá a outras é uma gritante ingerência do estado nos negócios, violando as mais elementares regras do mercado, e que, sendo-o, deveria ser intransigentemente combatida pelos que se dizem defensores dessas mesmas regras, ou seja, no mínimo, por todos os dirigentes, militantes, simpatizantes e eleitores dos partidos ditos "do arco da governação", ou seja ainda, mais especificamente, do PSD, do PS, do CDS e novos independentes destes partidos?

OK, será de mim. Mas o voto é meu também. Por isso, enquanto os responsáveis locais destes partidos continuarem mudos e calados a tolerarem uma situação que me parece muito claramente contra tudo aquilo que dizem defender, continuarei a achar que sobre este assunto não dizem o que pensam ou não pensam o que dizem. E entendo que não devo votar em gente que avalio assim.

quarta-feira, maio 22, 2013

domingo, abril 28, 2013

Biodiversidade da serra da Estrela


  

Um site onde procurar observações de espécies animais ou vegetais na serra da Estrela, e onde registar as suas: www.geobserver.org. Ajudemos a conhecer o que há na serra e o que vale a pena proteger.

segunda-feira, abril 01, 2013

I'm running in the rain...

Fotografia tirada hoje à tarde, na colina sobre a Covilhã

... What a glorious feeling, I'm happy again...

quinta-feira, março 28, 2013

Novo número da Zimbro

A ASE fez sair um novo número da sua revista Zimbro. Clique na figura para fazer o download.

Boas leituras!

sexta-feira, março 22, 2013

Números por esclarecer

Carta de um leitor ao Jornal do Fundão de 14 de Março de 2013, sobre os "argumentos" com que o presidente da Câmara da Covilhã acha que convence os seus munícipes da indispensabilidade de uma barragem:
(Clique para tornar legível)

Se mais pessoas (incluindo especialmente os jornalistas, por ser essa a sua função) se dessem ao trabalho de exercícios de análise e crítica como este, talvez fossemos melhor governados. Isto porque nos habituaríamos a exigir dos pretendentes a líderes muito mais do que a arrogante e auto-convencida mediocridade orgulhosamente exibida pelos que temos tido.

quinta-feira, janeiro 31, 2013

Boas práticas na observação de fauna

Todas as actividades em ambientes naturais têm impactos sobre o meio. Umas mais (e outras muito mais), outras menos, mas todas os têm. Por isso, é importante tentar sempre minimizá-los. Nessa medida, elementos da ASE, do CISE e do CERVAS redigiram este folheto sobre boas práticas a ter na observação de fauna.
(Clique na imagem para transferir.)

Boa leitura e boas observações!

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!