segunda-feira, junho 05, 2006

O BikePark, como ele é

A imagem acima mostra a zona do bikepark vista com o Google Earth, com algumas indicações que acrescentei. Note-se a escala, no canto inferior esquerdo.
Quero começar por anunciar que errei. A telecadeira é maior em 200 m do que o que afirmei em diversos posts. Ou seja, a telecadeira tem 900 m de comprimento e não, apenas, 700 m. Peço desculpas a todos, a começar pelo Marco Fidalgo. Não me parece, no entanto, que esse erro altere a essência dos meus argumentos.
O ponto de maior altitude da telecadeira está a cerca de 1980 m; a base, a 1860 m. Ou seja, um desnível de 120 m, que corresponde a uma inclinação média de cerca de 13%. Estive a fazer umas contas e não me parece que haja naquela zona uma extensão de 100 m com uma inclinação média superior a 20%.
Notem as dimensões lineares da zona. Quê, 1000 m por 1000 m? Há aos pontapés, no sopé da Serra perto da Covilhã, de Seia, de Gouveia ou de Manteigas zonas maiores, mais inclinadas, com árvores, e menos sensíveis ambientalmente.
As duas figuras em baixo mostram mais detalhes da zona, fotografados este fim de semana. Vê-se bem o elevadíssimo respeito pela natureza que caracteriza os donos deste bikepark, que muitos bikers empenhadamente defendem com argumentos de "dinamizar para proteger", "os trilhos não serão visíveis", etc, etc, etc. Não tive tempo de me aproximar mas, se o fizesse, poderia mostrar-vos milhares de sacos de plástico, restos de ferragens dos teleskis e outros materiais de construção que "enfeitam" aquela zona. Bem sei que os bikers não têm nada que ver com isto, mas é com os responsáveis por isto que se estão a associar, é neste espaço "natural" que vos querem pôr a pedalar.
Bikers, se é isto que querem, FORÇA! De facto, posso estar a leste (como dizia um(a) biker num comentário), se calhar são estas as dimensões, desníveis e condições típicas dos bikeparks por esse mundo fora. Mais, a verdade é que nem há problema algum, as coisas aqui já estão tão estragadas que não se vão notar grandes prejuizos por mais estes melhoramentos, até porque acredito a sério que a maioria dos bikers tem mesmo respeito e gosto pela natureza. Mas saibam ao que vêm quando vêm a este bikepark.
Sinceramente, e esperando que me tenham compreendido, fiquem bem, venham à serra e ao bikepark. Aproveitem, se acharem que sim, para sugerir à Turistrela que assuma parte de responsabilidade na limpeza daquela zona. Se quiserem pedalar mais longe, não se fiquem só pelo bikepark, aproveitem as centenas de quilómetros (não estou a brincar) de trilhos de grande rota pedestres, que podem ser percorridos por bikers (marcados e documentados por quem? Pela Turistrela? Não, pelo Parque Natural da Serra da Estrela).

16 comentários:

Anónimo disse...

O sr, anda mesmo zangado...

Anónimo disse...

Poxa ue exagero.....100 metros..andas bem!!!

ljma disse...

Não percebo o que estes anonymous querem dizer. Nem um, nem o outro. Talvez se pudessem ser um pouco mais explícitos... Obrigado.

ljma disse...

Ah, acho que entendi o segundo. Ouve (retribuo, sem problemas, a familiaridade no tratamento), eu não digo que não haja pistas com mais do que 100 m ali. O que eu quero dizer é que duvido que encontremos pistas com 100 m com uma inclinação média superior a 20%. Ou seja, duvido que se encontrem ali dois pontos separados por uma distância de 100 m e um desnível maior do que 20 m. Enfim, posso estar enganado, mas o que eu quero dizer é que neste bikepark não há grandes inclinações, coisa que me parece evidente para quem conhece a zona. Mas vá, eu não sei nada disso do downhill (mesmo se, ocasionalmente, meto a minha bici em trabalhos danados), se calhar aquelas são as inclinações certas para esta modalidade...
Era esta a dúvida? Espero que sim. Se não era esta, tens que me explicar melhor... Boa noite, volta sempre, boas pedaladas!

Anónimo disse...

Mais uma vez, lá estou eu a concordar com o "cantaro".

Há muitos anos que pratico BTT, já pertenci a um clube, fui federado, participei na organização de provas, ... e de tudo o que tenho visto, sou da opinião que um BikePark na Torre é desperdicio de dinheiro e estragação ambiental.

A "obrigação" da sua implementação na Torre, limita em muito as potencialidades do bikepark, quer na sua extensão, quer no desnivel, qulidade das pistas, ...
Quem gosta realmente de BTT e aprecia Downhill, muito possivelmente se lá for, já não voltará e ali ficará mais um "masmarracho" para um ou outro turista experimentar.

Se fosse construido junto à Covilhã, podiam criar algo muito melhor, com maiores potencialidades e com a vantagem que não obriga a quem quiser experimentar (se for da Covilhã) ter de ir de carro ou fazer mais de 2h de btt até lá chegar.

Anónimo disse...

Vendo bem as coisas, este bikepark está ainda longe de estar perfeito. Falta-lhe valetas em cimento em ambos os lados de cada pista, falta-lhe árvores, mas à falta delas podiam plantar uns outdoors para facturar sobre cremes para a pele porque com tanto sol, com tanta aridez, de certeza que os bikers vão precisar de muito creme. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Anónimo disse...

Pelo que vi das fotos, parece que não há muita coisa que dê para estragar no sítio onde vai/está a ser construído o bikepark.
De qualquer forma, só estou de acordo com o facto de alguém ter que ficar responsável por limpar, isso sim. De resto, não creio que tenhas razão alguma.

Anónimo disse...

Temos q admitir , como disse o Rui Peixeiro , q a localização na Torre nada tem de especial . Contudo os prejuizos ambientais já são tantos na Serra ... basta q por alí haja pessoas durante o Verão para q algo seja prejudicado . A Turistrela fez aqui isto para ter uma desculpa para quê ? O pessoal tem q andar na telecadeira ? No fim de contas é uma ideia sem fundamento... fizessem na Covilhã... , pois mas se fosse dentro do Parque Natural era capaz de dar chatice... assim lá por cima na Torre aquilo já está de tal forma q o Parque já nem liga...
Um abraço ao Rui Peixeiro e a si José !

ljma disse...

Otávio, não dê ideias aos tipos da Turistrela (se bem que eu acho que eles não precisam de ajuda nesse campo)! Um abraço!

Rui, big brother, obrigado pela forcinha, e por verem as coisas como elas são. Não é preciso ser serrano, basta saber o que por cá se passa e quem é quem na serra.

pr4nk5t3r, viva! O problema é que a Turistrela afirma que como a responsabilidade da limpeza é de todos, ela não a pode assumir, e que se trata de uma "preocupação, não uma obrigação". Como viu nas fotos, a Turistrela rebentou com o sítio. Os bttistas (que, pela n-ésima vez volto a dizer, praticam uma actividade que também a mim me faz vibrar) emparceiram-se com ela, e dão uma ajudinha a rentabilizar os investimentos que provocaram aquela miséria. Eu não quero criticar os bikers por bikarem (por assim dizer), estou apenas a confrontá-los com a actuação dos parceiros que escolheram e com os empreendimentos que encorajam. Nem sequer pretendo que deixem de visitar o bikepark. Mas que não o façam pensando que vêm para um ambiente natural, e apoiar quem desenvolve para melhor proteger. Caramba, eu frequento (esporadicamente) a estância para esquiar! Agora, sei que aquilo é mau para o ambiente, que nunca devia ter sido permitido, e que noutro país qualquer nem sequer se teria considerado essa possibilidade, dados os estatutos de protecção ambiental, nacionais e europeus, que ali estão aplicados.
Saibam ao que vêm. Um grande abraço!

ljma disse...

Remels, não me leve a mal, mas pelo que disse no seu email, sobre não ver nada de mal a acontecer, também não me admira nada, mas mesmo nada, que não veja grande problema... E também não me espanta que, depois de toda esta discussão, ainda ache que vai haver compensações...

Anónimo disse...

Quando, um povo, (nós todos), já nem sequer conseguimos identificar o um espaço natural fora dos estereotipos de relvados e arvoredos verdejantes, que escrupulos restam? O coberto vegetal da Serra já desde há muito tempo que não tem floresta aquela altitude, mas daí a considerar que nada havia a perder ao revolver tudo, transformar em estruturas de recreio permanentes e irreversíveis, fragmentando cada vez mais e mais profundamente toda a razão de ser do reconhecimento que lhe deu direito a classificação. Parece que a única alternativa terrivelmente "inevitável" que reconhecemos é levar toda a "urbanidade" para o mais alto da Serra "que lá mesmo em cima é que é bom!" Parece que pelo nosso direito de existir temos de consumir a serra de todas as formas que a tornem mais irreconhecível no mais curto espaço de tempo. Quando estiver repleta de pistas, teleskis, casinos, apartamentos, estradas e estacionamentos alcançaremos a felicidade suprema, e, nos cantos que "sobrarem" podemos colocar alguns arbustos típicos de outrora, e calhaus grandes como "havia dantes" da "Serra ser desenvolvida". Não me considero detentot de uma cultura superior a dos outros mas parece-me que para estar ao lado duma maioria sequiosa de progresso tenho de ter uma boa dose de orgulho na ignorancia e no analfabetismo nestas coisas dos valores naturais. Não gosto de "urnas sagradas" à volta das áreas protegidas mas o oposto está a ir longe demais.

Unknown disse...

Bom dia,

já tinha lido o post anterior referente a este assunto. Por razões diferentes, estou de acordo consigo. E neste segundo post, vai inteiramente de acordo à minha opinião.

A Torre não tem condições orográficas para ter um bike park decente! Simples como isto. Isto não passa de uma 'birra' da Turistrela, que mais não é do que uma clara incompetência para gerir ou desenvolver o que quer que seja, em qualquer local.

Nem para a prática de desportos de inverno as pseudopistas da Torre não têm condições, quanto mais para desenvolver um bike park digno desse nome!

Outro aspecto em que concordo, há Serra da Estrela pendentes muito mais de acordo com os requisitos para os amantes de downhill e freeride.

Querem saber o que vai acontecer a este bike park, se chegar a ser contruído na Torre? E já disse isto ao Marco Fidalgo e no ano passado a um director da Turistrela.

É feita a inauguração, convidam-se os melhores riders nacionais, faz-se um festival... e quando tudo terminar, perguntem a qualquer um dos riders se ficou com vontade de voltar lá!

Ninguém vai dizer que quer voltar, por uma razão muito simples: no mínimo vão dizer que são poucas pistas, e resumindo, não dão pica nenhuma!

Contudo, sou defensor que se crie uma rede de trilhos em toda a Serra da Estrela, mas fechando zonas, onde ninguém pode andar, seja de bike, de moto, de jeep, ou a cavalo. É preciso impedir a abertura pirata de trilhos - leia-se indiscriminada - para proteger a serra. Nos Estados Unidos e Canadá, a comunidade de praticantes de BTT, e actualmente, há parques nacionais -p.e. Yellowstone - que foi fechada às bikes, devido ao enorme impacto ambiental, e consquente degradação de muitas zonas.

Para mim a melhor solução é contratar gente que sabe como se faz um bike park - www.whistlerbike.com - e gente especializada na abertura, conservação, manutenção e prevenir a degradação do terreno - www.imba.com - estes serão, provavelmente as pessoas mais qualificadas e com mais know-how na matéria...

e mais não digo.

Unknown disse...

Apenas acrescentar um pormenor. O Bike Park de Whistler tem 200km de trilhos, todos a descer, são só 1200metros verticais, do topo ao sopé onde está a base das gondolas.

Este bike park, que por alguma razão é o mais famoso do mundo, tem 'apenas' sete anos! Todos os anos são acrescentados trilhos novos, para induzir a vontade de voltar aos bikers. É um negócio e é encarado como tal... a empresa está cotada em bolsa, já agora - www.intrawest.com, para quem quiser saber.

Resta dizer, que se situa nas Montanhas Rochosas canadianas, cerca de 150km a nordeste de Vancouver. É uma zona deslumbrante, de intensa vegetação, semelhante à alpina, também é reserva natural, e no próprio Bike Park é vulgar haver ursos pardos a vaguear... e no entanto, não existem relatos de ataques a utilizadores do bike park. E não estou a dizer mentira nenhuma, na última vez que estive lá, há dois anos, ia eu calmamente na conversa com um canadiano na gondola, quando vi um urso lá em baixo a olhar para nós... e senti-me como se fosse carne pendurada no talho... o canadiano disse-me simplesmente para não me preocupar, e para não parar muito tempo em zonas dos trilhos mais fechadas...

E na Serra da Estrela, os únicos ursos que eu conheço...

ljma disse...

Remels, já viu a sorte que tem? Tem uma zona natural "abandonada", onde pode dar umas voltas de bicleta. De quê é que se queixa? Não é suficientemente radical para si, precisa de barzinhos de refrescos, segurança nos trilhos e bandeiras da o'neil? Que coisas é que quer fazer por lá? Meter teleféricos? Asfaltar para ter mais velocidade? Instalar bancadas para espectadores? Do que é que mais precisa para desfrutar do seu BTT?
Parece-me que quem dispõe de uma área assim, para partilhar apenas com amigos entusiastas ou para disfrutar sózinho, está no céu!

ljma disse...

Desinformador e kona, obrigado por colocarem as coisas numa perspectiva biker, mais por dentro do que eu o poderia fazer. Concordo inteiramente com o que o desinformador sugere, até com a possibilidade de se interditarem certas áreas a *todas* as práticas (mesmo a minha favorita, o montanhismo), caso critérios ambientais o recomendem. Mais ainda, compreendo que nalguns sítios certas modalidades se possam praticar e outras não, tendo em conta, mais uma vez, critérios ambientais que não estou habilitado a definir e que, portanto, podem ser contra o meu interesse particular. E volto a dizer: não sou contra a prática btt na serra, pelo menos enquanto esses critérios não recomendarem o contrário. Não me agrada é esta prática particular que a turistrela patrocina com este bikepark, pelo que efectivamente é (btt num parquezito pequenino, sujo e escalavrado) e pelo que a Turistrela representa como ameaça (já concretizada muitas vezes, na minha opinião) ao ambiente da Serra.

ljma disse...

Pereira, nem mais. Também não sou por "urnas sagradas", nem as do ambiente, nem, muito menos, as deste tipo de "desenvolvimento"... Mas preciso de espaço para respirar! E claro que tem razão sobre as árvores. Um abraço, vá "apitando".

Algarvear a Serra da Estrela? Não, obrigado!